•Capítulo Dezessete•

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— Não, não, por favor! — o homem gritou, chorando.

— Pare com essa merda, você prefere que eu enfie um ferro em brasa na sua bunda?

O homem se calou no mesmo instante.

Soszac olhou em volta e seu olhar parou em dois rapazes do outro lado da rua, que olhavam tudo assustados.

— Vocês, venham aqui! — gritou a ordem. Os rapazes olharam um para o outro, receosos, mas atravessaram a rua e veio até nós.

Todos ignoraram o choro do homem, que pedia misericórdia enquanto Soszac o arrastava de volta para a grande churrasqueira industrial que ele usava para assar o pequeno filhote de cachorro.

Soszac soltou-o no chão, sem cuidado algum.

— Segurem ele. — ordenou aos rapazes, antes de entrar no que me pareceu uma loja de bebidas, um bar, caindo aos pedaços. Foi só então que percebi que, provavelmente, era a loja do cara. — Saiam todos daqui! — ouvi a voz de Soszac vinda de dentro do bar. — Que porra é essa? Quer que eu arranque o seu pau, porra!?

— Não senhor, não senhor. — um homem exclamou de dentro do bar.

Depois disso, ouvi vários barulhos de objetos se quebrando, ou possivelmente, de Soszac quebrando no rosto do homem.

— Por que você não saiu daqui ainda, caralho!? — Soszac gritou, e nem um segundo depois um homem rechonchudo saiu do bar aos trupicos, sangue escorria pela lateral do seu rosto, e atravessou a rua correndo. — Você vai voltar pra casa, docinho, e vai dizer a mamãe e ao papai o que aquele homem estava fazendo. — ouvi o choro de uma menina dentro do bar, mas não me atrevi a ir olhar o que estava acontecendo. — E você já sabe, que se eu pegar você e aquele cara, ou qualquer outro homem de novo, eu vou colocar você para trabalhar em uma das minhas casas de prostituição. E foda-se a sua idade, se você já tem consciência do que está fazendo e está vendendo o seu corpo na rua, então você vai trabalhar pra mim se essa merda não parar. Agora sai!

Alguns segundos depois, uma menina, quase da minha idade, parecia ter 16 ou 17 anos, saiu do bar, vestindo um vestido super-curto, que mal tampava as polpas da bunda, a maquiagem borrada por causa das lágrimas.

Voltei a minha atenção para um dos rapazes, fingindo que não ouvia o homem chorando no chão.

— Tem muita gente lá dentro? — perguntei tranquilamente.

Os rapazes olharam um para o outro,  como se decidindo se era uma boa idéia me responder.

— Na-não s-sa-bemos. — ele respondeu.

Sorri educadamente e, pela primeira vez, olhei para o pequeno cachorrinho nos meus braços. Seu pêlo era amarronzado e curto, mas os pêlos das costas estavam aparentemente queimados. Passei a mão pelo pelinho do bichinho, e dei um beijinho na cabeça dele.

— Como você vai se chamar, gracinha? — perguntei, uma infinidade de nomes passando pela minha cabeça.

— O caralho! — pulei, assustada ao ouvir o berro irritado de Soszac dentro do bar. — O que vocês são, coreanos?

— N-não senhor. — um homem respondeu, seu sotaque muito forte.

— Foda-se, me esperem lá fora. — um momento depois, um casal de velhinhos saiu do bar. Oh, eram chineses! Adoráveis chineses!

Sorri quando os vi, e fui fazer companhia para eles.

— Olá! — cumprimentei a mulher com sorriso engraçado. — Vocês são turistas?

— Uh.... Não, nós nos mudamos a alguns meses.

— Adorável! O que estão achando de Nápoles? — perguntei, afagando o cachorrinho, e pareceu que isso chamou a atenção deles. Sorri docemente. — Ele é um amor, não é? Vou adotá-lo. — ou pelo menos ia tentar.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora