A batida da música reverberava através do meu corpo como água fluindo em pequenos riachos — que eram as minhas veias — em um fluxo constante até o grande leito do rio — o meu coração, se misturando com uma bagunça infinita de emoções e sensações estarrecedoras.
Patrizia estava ao meu lado, dançando e rebolando como nunca, seus cabelos cor de mel estavam cheios e bagunçados. Naquele momento não existia o "proibido", existia apenas o certo. Eu queria viver, precisava viver, mesmo que tivesse que ultrapassar algumas barreiras do meu mundo particular, queria aproveitar ao máximo enquanto ainda estava nova e com vigor.
Joguei o braço para cima no ritmo da música, meu quadril balançando para lá e para cá em um ritmo frenético, enquanto todos ao nosso redor faziam os mesmos passos. Dançar “Red de Lud¹” em plena sexta-feira era um costume de todos os frequentavam a “Donnat De'Tela²”, umas das boates mais movimentadas de Catânia, e Patrizia e eu fazíamos o possível para vir até aqui as escondidas e ter pelo menos algumas poucas horas de dança enquanto papai e mamãe dormiam.
De olhos bem abertos, dei mais uma longa olhada ao redor da boate. A pista de dança estava lotada, mas eu conseguia ver do outro lado os grandes sofás circulares vermelhos, com um pequeno palco e uma barra de poli-dance no meio dele. Era normal eles estarem cheios de homens praticamente fodendo mulheres da casa noturna bem ali, no meio de todos. E eu iria fazer isso hoje.
Recebi a notícia poucas horas atrás de que me casaria, e pior, com o Capo da Camorra. Não sabia se era velho, novo, mas tinha certeza que ele era cruel, tinha lá sua fama por causar grandes estragos na famiglia antes do acordo de paz, alguns anos atrás.
Eu não era mulher de fugir das coisas, pelo contrário, mas eu não queria que a minha primeira vez fosse com um homem cruel e 'poderoso' como o tal Soszac. Não. Eu queria que fosse normal pelo menos uma vez, queria que fosse normal antes de ser destruída pelo meu futuro marido.
— Ei! — chamei a atenção de Patrizia para mim. Ela parou, rindo histericamente e me olhou. — Você se lembra o que combinamos, certo? Vá para casa e faça o que eu disse, eu chegarei pelo amanhecer.
Ela concordou, me puxando para um abraço.
— Não tem como eu colocar nenhum juízo na sua cabeça, não é mesmo?
A abracei de volta, sorrindo em seu pescoço, Pati era uns bons dez centímetros mais alta que eu.
— Não, nada vai me fazer mudar de idéia.
Ela se afastou, concordando e saiu da boate em disparada. Meu coração começou a bater forte quando minha irmã sumiu da minha vista. Iria conhecer o meu noivo daqui a três dias na comemoração de natal, os preparativos do nosso casamento já estavam a todo vapor, já que a data estava marcada para Janeiro, a menos de um mês.
Eu tinha essa noite para mim, essa noite para fazer o que quiser até o amanhecer, e aproveitaria da melhor maneira possível.
¹Uma dança que todos sabem dançar, sabem os passos de cór e dançam todas as sextas.
²Nome da boate.
Ei meninas, como vocês sabem, Atração Proibida é um livro pequeno e faltam poucos capítulos para terminar, enquanto isso eu vou postando “Abismo Mortal” quando der. 😋
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Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1
RomanceATENÇÃO!- Esse livro contém cenas de sexo explícito, palavras de baixo calão, agressão e temas sensíveis que podem ativar possíveis gatilhos. +18-(Maiores de dezoito). Quanto tempo será que alguém leva caindo no abismo? Ele pode nunca acabar ou e...