•Capítulo Trinta e Dois•

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Tiziana

Gemi quando senti a fincada na parte de trás da minha cabeça.

Estava quente, envolta em algo macio e podia sentir olhos em mim, me observando. Mas por que eu estava ali mesmo? Por que a minha cabeça doía?

Abri os olhos devagar, ofegando quando eles picaram e fechei-os de novo, fazendo uma oração silenciosa para fazer aquela dor insuportável parar.

— Está com dor. — a voz de Soszac chegou até mim, despertando todo o meu corpo, acendendo-o como uma maldita lâmpada.

Abri os olhos, ignorando a dor e as picadas nos olhos, e foquei no homem que estava na minha frente.

Soszac estava sentado ali, em uma poltrona, — essa que eu nunca tinha visto nesse quarto, no quarto dele, — com as pernas cruzadas elegantemente, vestido com um terno preto que lhe vestia perfeitamente. Pisquei uma vez, subindo o meu olhar pelo queixo quadrado com uma barba rala por fazer, e encontrei os olhos escuros como a noite que me fitavam com sua  frieza habitual.

— Soszac... O-o que aconteceu? — perguntei, tentando me lembrar exatamente do que tinha acontecido.

— Você não se lembra? — ele perguntou, estreitando os olhos para mim.

Por que Soszac parecia mais frio que o normal?

— Eu-eu... — todo o meu corpo se enrijeceu quando um flash passou pela minha cabeça. A dor, a água, a falta de ar... A figura sombria parada na margem da piscina com o que supuz ser um taco, me olhando.

Quando olhei para cima, encontrei o rosto esculpido em granito de Soszac.

— A piscina... — murmurei, olhando dentro dos olhos escuros.

— Sim, você se lembra de algo mais? — incitou, aquele brilho cruel brilhando em seus olhos.

— Não... — a figura. Podia aquilo ser fruto da minha imaginação? Podia ter batido a cabeça quando caí na piscina, já que estava tão fundo? — Eu acho que escorreguei e caí, devo ter batido a cabeça.

Mas aquela figura, a sombra. Não parecia real, mas... Será que tinha alguém realmente lá? Me olhando afogar?

— Você tem certeza que foi só isso? — ele empurrou, estreitando mais os olhos.

Mordi o lábio, com medo de falar o que eu acho que vi e ele acabar me achando uma louca.

— Não...

— Não? — Soszac se aproximou e sentou perto de mim, mantendo as mãos longe.

— É que, eu não acho que era real. — olhei para o lado, me sentindo um pouco oprimida por ter sua atenção tão fixada em mim.

— Me diga tudo o que aconteceu, desde o início.

Contei a ele tudo, de quando saí do quarto e desci os lances de escada, falei dos calafrios e arrepios que senti, de quando saí na chuva e me senti calma, e resolvi aproveitar aquele momento na beira da piscina.

— Eu estava lá pelo que pareciam minutos, vários minutos, apenas sentindo a chuva. Eu não o vi chegando... — franzi o cenho, olhando para sua garganta. Ele me acharia louca. — Você pode achar que é a minha imaginação, na verdade, eu tenho certeza que é apenas isso... Mas eu me lembro de sentir dor, muita dor na cabeça, e foi depois disso que eu caí na piscina. Quando eu estava me afogando, pude ver através da água escura e além da chuva, uma figura parada na margem da piscina...

— Uma figura? Como era? — disse, uma faísca de ansiedade brilhando em seus olhos.

— Era preto, uma sombra. Não sei, parecia algo saído de um filme de terror. Um homem, alto, segurando um taco, bastão.... Eu não sei!

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora