•Capítulo Quarenta e Dois•

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Acordei mais disposta na manhã seguinte, me levantei e deixei Soszac dormindo, precisava tomar café da manhã para aproveitar as minhas últimas horas com mamãe, papai e Pati.

Vesti um roupão por cima da camisola e saí do quarto, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Queria me preparar mentalmente para encarar a todos essa manhã, já que provavelmente eles me ouviram, a mim e a Soszac, na noite anterior.

Assim que entrei na cozinha, gritei,  assustada quando encontrei dois pares de olhos me encarando. Corei instantâneamente, desviando o olhar de mamãe e Pati, que pareciam ansiosas com alguma coisa.

— Bom dia. — murmurei, indo até a máquina de café no canto da cozinha, colocando uma cápsula na mesma.

Elas não me responderam, em vez disso, continuaram a me olhar, como se esperando que eu contasse algo.

Depois da alguns minutos em silêncio, peguei a minha xícara de café pronto e fui me sentar perto delas na mesa.

— Noite longa? — perguntou Patrizia, um sorriso sacana desenhado em seus lábios.

— Hum? — fiz-me de desentendida.

— A sua noite foi longa? — ela perguntou,  mais pausadamente.

— Uh, não. — respondi rapidamente, me apressando em tomar o café para não ter que encarar elas. — E a sua? — perguntei, tentando mudar de assunto.

Pati riu desavergonhada, me olhando atentamente.

Mamãe permanecia em silêncio ao seu lado.

— Oh, a minha noite foi longa. — ela disse maldosa. — Muito longa.

Engoli em seco e abaixei a cabeça envergonhada. Me certificaria de nunca fazer sexo na casa dos meus pais.

— Pare com isso Patrizia, não vê que está deixando a sua irmã constrangida? — mamãe repreendeu, séria.

— Mas todos nós ouvimos...

— E o que tem? Todos fazemos sexo, você não acha? E quando você se casar e vier com o seu marido para cá passar alguns dias, acha mesmo que vai ficar sem fazer sexo só porquê está na casa dos seus pais? — Pati olhou para mim arrependida, mas dei-lhe um sorriso gentil, afinal, estávamos ótimas.

— Ótimo. — mamãe falou antes de voltar a tomar o seu café.

Ouvimos passos vindo do corredor, e antes que Soszac aparecesse na entrada da cozinha, eu sabia que era ele.

Todas nós nos viramos para olhá-lo. Ele vestia seu terno habitual, seus cabelos molhados pelo banho que deve ter tomado e o rosto ainda sonolento.

Suspirei, mas franzi o cenho quando ouvi mais suspiros vindos de trás de mim. Olhei sobre o ombro e encontrei Patrizia e mamãe olhando para o meu marido com os olhos moles, aqueles olhos.

— Ei, tem café. — falei, apontando-lhe com a xícara na minha mão.

Soszac percorreu o meu corpo com um olhar lascivo e veio para perto de mim, me fazendo prender o fôlego com o quão alto e forte ele era.

Ele pegou a xícara da minha mão e tomou o resto do meu café, chegando mais perto para colocar a xícara no balcão atrás de mim.

— Bom dia, Patrizia, dona Marta. — ele cumprimentou, não tirando os olhos dos meus. — Vamos comigo até a porta. — disse mais baixo para mim.

Abismo Mortal | Série" Camorristas" | Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora