#Cap.43#

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  Neste momento estou respirando fundo e tentando ficar calma, acabei de esconder a moto no meio desse mato de onde eu vim e estou me preparando para descer o morro de cara lavada, o que espero é que ninguém daqui me reconheça. Fiz uma trança para disfarçar meu cabelo, pois estava muito ruim pelas situações precárias por quais passamos, inclusive ele cresceu mais.
  Enfim, fui andando e andando, assim que entrei no morro, por cada beco no qual eu passava ficavam me encarando, eu até entendo, eu era uma desconhecida que ninguém nunca viu descendo o morro, agora eu só conseguia pensar que precisava de um celular para ligar para a Cat, avistei uma lanchonete, e assim que adentrei o recinto vi que virei o assunto, então cheguei até o balcão e conversei com uma senhora muito simpática que disse que iria me emprestar o celular, ela entrou para buscar o aparelho e eu me sentei em um banquinho, logo chegaram umas mulheres que falavam muito alto e estavam fumando, sei que é errado escutar conversa dos outros, mas aquela não tinha como evitar, elas estavam praticamente gritando a fofoca, então uma delas soltou, algo sobre uma garota que nunca saia da boca e que sempre que iam na boca ela estava lá, não por vontade própria mas sendo obrigada a fazer contas e vendas, uma outra mulher comentou que a garota estava grávida, e ai eu me toquei, só podia ser a Ella. Nessa hora senti um impulso enorme de tentar resgatar ela, mas pensei melhor e concluí que eu poderia só piorar para mim e para ela, e que eu precisava de ajuda, a senhorinha voltou com o celular e um copo d'água e um salgado.

Senhorinha- Toma menina, trouxe um copo de água e algo pra comer, ce tá com a cara muito pálida, parece que não come direito há uns dias.

Eu- Olha eu agradeço muito, mas eu não tenho dinheiro nenhum para te pagar e..-ela me interrompeu.

Senhorinha- Querida, você parece não estar nada bem, pega isso como cortesia, percebi que você está precisando de ajuda, não sei o que te aconteceu e acho mais seguro não saber, mas aceite isso.- agradeci e digitei o número de telefone da Cat.

Chamando...

Cat- Alô? Quem é?

Eu- Cat, ai meu Deus é você, preciso da sua ajuda por favor.

Cat- Oi? ajuda por quê? Quem tá falando?

Eu- Sou eu Cat, a Vic.

Cat- Não pode ser, não acredito, Vic, nós té procuramos tanto, onde você tá? Está com quem cadê a Ella?

Eu- Queria eu poder responder a tudo isso, mas só posso responder a uma pergunta, segundo uma senhora eu estou na comunidade de Paraisópoles.

Cat- Estamos indo te buscar agora, toma cuidado.

Eu- Ta bem, estou esperando.

Chamada encerrada...

Ok, agora eu só preciso descer até o ponto mais baixo da comunidade, que é a entrada obviamente.

Eu- Senhora, com licença, a senhora teria um moletom com touca para me emprestar?-Perguntei constrangida por achar estar pedindo demais a ela.

Senhorinha- Claro, tenho sim, só um minutinho que eu pego.-ela voltou com um moletom preto, dava um vestido em mim de boa, mas gostei, era disso que eu precisava.

Eu- Agradeço muito à senhora, um dia ainda vou voltar aqui e te pagar, prometo, já vou indo.

Senhorinha-Se acalme criança, tudo bem, se cuida nessas ruas, viu?

Eu- Ah, só uma última coisa, qual o nome da senhora?

Senhorinha- Me chamo Suzana.- respondeu com um sorriso simpático.

Eu-Acredite, nunca vou me esquecer disso.

Ao sair de lá me deparei com as ruas sendo esvaziadas, estava todo mundo entrando em suas respectivas casas. A essa hora já devem ter percebido a minha fuga e devem estar me procurando pelo morro, logo comecei a ficar muito nervosa e apertei o passo, quando cheguei ao pé do morro era como se fosse um sonho, consegui passar despercebida com a touca levantada, pelo amontoado de pessoas tentando ir para suas casas. Vi um ponto de ônibus e me sentei no banco para respirar, estava muito ofegante, não sei se pelo nervosismo, ou se era pelo cansaço, só sei que estava muito aliviada so por ter conseguido chegar ali. Observando e aguardando, logo avistei um carro preto, vidro fumê, e reconheci o motorista que estava com a janela levantada.

Eu- MIGUEL.- gritei sem me importar com mais nada e fui correndo em direção ao carro, ele então abriu um sorriso enorme ao me ver, abriu a porta do carro e me deu um abraço.

Porém, acho que pelo grito chamei atenção de todos em volta, inclusive de uns vapores da comunidade que estavam perto, eles me reconheceram e já estavam se comunicando pelo rádio, já olhei pro Miguel com medo.

Eu- Fuga?

Miguel- Entra no carro rápido, antes que comecem a atirar.

Na pressa nem dei a volta no carro, entrei pela porta de trás mesmo, me abaixei e lá fiquei, Miguel acelerou como se não houvesse amanhã, assim que despistou os tiros, me sentei direito e comecei a respirar fundo.

Eu- É, parece que escapamos.

Miguel-Mais uma vez.-silêncio.

Eu- E o Biel?..

Miguel- Então...

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CONTINUA...

O Dono do Morro e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora