#Cap.44#

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Miguel- Então, no dia da invasão ele levou um tiro e caiu, o tiro não foi o que mais afetou, o agravante mesmo foi a queda, ele acabou batendo a cabeça no meio-fio, por isso teve que ficar internado por alguns dias, o médico disse que ele teria uma amnésia temporária por conta disso, e que precisaria de coisas ou pessoas familiares para se recuperar mais rápido. Que eu saiba, além da Ella e você, não tem outra coisa que seja mais familiar a ele, a não ser a casa dele, claro, mas enfim, ele não consegue lembrar de muita coisa ainda, então você vai ter que pegar leve.

Eu- Mas e se..- respirei fundo.- e se ele não se lembrar de mim.

Miguel- Aah não, pode ter certeza que ele se lembra de você, tinham muitas fotos no celular dele pra ajudar nisso, ele sabe que sente algo muito forte ppr você, só não se lembra de coisas que aconteceram e alguns momentos, tipo como ele levou um tiro e foi pro hospital, ele não fazia a mínima ate um vapor contar o que aconteceu.

Na minha mente havia se manifestado um leve alívio por ele ao menos se lembrar de mim, mas quero muito que ele se lembre dos acontecimentos que foram importantes para nós, espero que se lembre...
No carro só tinha um silêncio, que parecia até doer por eu não conseguir expressar tudo o que aquele momento significava pra mim, mas decidi puxar um assunto mais de boa.

Eu- Enfim, aqui estamos e, pra onde estamos indo mesmo?- fiz uma expressão de confusa e olhei para ele.

Miguel- Bom, estamos indo pra casa dos seus pais porque é a coisa mais ética a se fazer no momento, porque você precisa muito de um banho, ta com cheiro de caquinha de neném. - ele debochou e riu.

Eu- Pelo menos é de neném.-Ri e mostrei a língua.

Miguel- Além de estarmo indo falar com ele sobre como vai ser sua segurança daqui pra frente.- Fechei a cara desde ai.

Eu- Você ta brincando né? Fala pra mim ao menos que não vou ter uma jaula formada por seguranças vestidos como pinguins assim que sair na calçada do morro.- revirei os olhos, parecendo uma garotinha mimada de 11 anos.

Miguel- Sinceramente, depois do que te aconteceu a Cat está aberta a todas as possibilidades que tornarem você mais segura, e se eu fosse você, não reclamaria, imagina como nós ficamos sem saber nada de você até hoje,até essa ligação aleatória do nada, que estávamos esperando a semanas.-Vejo a angústia nos olhos dele, e acabo abaixando o olhar constrangida, ele até tem razão, e muita, mas nunca vai saber disso, pois não direi em voz alta nem que me peça.

Eu- Só quero poder ver todo mundo logo e, principalmente, salvar a Ella, nem imagino tudo o que ela viu ou fez até agora, ainda mais estando grávida.- Sinto um tremor interior e um aperto no coração pela minha melhor amiga, sinto um pouco de culpa por ter, de certa forma, deixado ela para trás, mas tento imaginar que se eu tivesse tentando algo só teria piorado as coisas para nós, o que seria eu, contra todos aqueles vapores armados e cheios de ódio não é mesmo.

Assim que chegamos o portão se abre, com certeza Cat reconheceu a placa e afinal, já estava nos esperando. Entramos pela garagem e encontramos ela e meu pai na sala, 'meu pai' ainda tenho que me acostumar com isso.

Cat- Meu Deus, como você está? Ta se sentindo bem? Quer um copo de água ou comida?- Minha reação foi abraçar ela, abracei o mais forte que eu podia, eu tenho uma mãe, e ela se importa comigo, nesse momento só consigo ficar feliz por ter essa oportunidade, eu poderia ter morrido, mas to aqui, e não é um sonho.

Eu- Eu to bem, só preciso desse momento mais um pouco.- Segurei o abraço por mais uns instantes, então voltei a realidade e abracei o meu pai de verdade, me sinto uma criança de verdade perto dele, não só pelo porte e o fato dele ser bem mais alto que eu, mas porque ele me dá deu uma segurança absurda só num abraço, algo que me fez realmente chorar, tentei parar rápido, odeio chorar na frente de outras pessoas, mas não consegui, me agarrei a ele até as lágrimas cessarem, então me soltei e continuei.

O Dono do Morro e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora