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    Colocando sobre a bandeja algumas fatias de pão, Olga percebeu de sobressalto Bárbara sobre suas costas.

_Está assustada Olga? _Riu. Retirando a tampa do chá que estava sobre a bandeja. Intrigada, Olga observou cautelosa a ação. Até ver ela retirar de dentro do decote um pequeno vidro.
_ O que está fazendo senhora? _Alarmou-se, vendo-a despejar sorridente o conteúdo do vidro dentro do bule.
_Não seja curiosa Olga. _ Ironizou, colocando as últimas gostas dentro da bebida.
_Minha senhora...??? _ A fitando com impaciência Bárbara raiou.
_Você não aprende não é? Bem sabes que odeio que se meta em meus assuntos.
_ Perdão senhora... só não acho certo o que a senhora está à fazer. _Estranhamente calma, caminhou até a criada. Que permaneceu imóvel. Com um medo que parecia percorrer cada veia de seu corpo.
_Sabe Olga... _Começou, acariciando de leve os ombros da criada. Que continuou onde estava. Totalmente estatística.
_Gosto de você... gosto mesmo. _Suas mãos aos poucos alcançou a garganta da mulher. Que pareciam buscar o fôlego.
_ Por isso não me decepcione. Não abra a sua maldita boca. Porque se você sonha em abri-la, eu a celarei para sempre! Você me entendeu?
_ Com lágrimas nos olhos a mulher acentiu apavorada. Ao que gargalhando Bárbara a soltou. Levando a mão a garganta, Olga passou a tossir, procurando o ar. Enquanto sua agressora saboreava um pedaço de bolo, como se nada tivesse acontecido.
_Ande sua estúpida! Não fique aí com essa cara de paspalha. O meu marido à esta aguardando. Ah, vê se seca essas lágrimas. Não seria lícito que ele a visse aos prantos, não é mesmo?
_Sem ser capaz de balbuciar qualquer coisa. A pobre mulher apressou se em pegar a bandeja. Com as mãos trêmulas. Enquanto Bárbara continuava a rir, Como se tudo não passasse de uma piada para ela.

                              * * *

    Colocando a bandeja sobre a mesinha, Olga tentava controlar seu nervosismo crescente. Foi então que percebeu algumas malas no chão.

_O senhor vai embora? _Miguel que estava entretido em busca de algum pertence esquecido, voltou sua atenção para a mulher.
_Sim Olga, partirei essa noite.
_Minha senhora sabe?
_ Não. Mas logo saberá.

   Por um instante Olga sentiu alívio. E torceu para que ele estivesse tão entretido em arrumar suas coisas que esquece -se o bendito jantar.

_ Está tudo bem Olga?
_ Sim meu senhor...
_ Esteve a chorar?
_Não senhor, estou apenas um pouco indisposta. Irei tomar um chá, e creio que logo estarei melhor. _ Forçou um sorriso. Ao que logo Miguel voltou a concentrar sua atenção em suas malas.
_ Vá descansar Olga. _Disse por fim, vendo-a se afastar.
_Sim senhor.

   Só então se deu conta da bandeja que ela lhe trouxe. O cheiro da comida, até então esquecida. Parecia agradável, mas ele não se sentia tentado a comer. Servido-se somente de um pouco de chá. O qual passou a degustar longo e vagarosamente, perdido em seus próprios planos e pensamentos. Olhando com atenção cada centímetros daquele lugar. Lugar que fora por tanto tempo sua prisão sem trancas. Com um longo suspiro, Miguel colocou a xícara sobre a mesinha. Sentindo uma leve tontura. Que aos poucos parecia se intensificar.
_O que está acontecendo? _Susurou para si mesmo.
_Querido? _ Sentiu seu sangue gelar ao ver Bárbara com o robe entre aberto. Mostrando perfeitamente cada centímetros do corpo daquela mulher.
_O que faz aqui? _Voziferou, sentindo a força de suas pernas querendo lhe abandonar.

_Sai Bárbara! _ Gritou

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_Sai Bárbara! _ Gritou. _ Sai agora! _ Olhando para ele com um sorriso sinico nos lábios, deixou que o robe caísse. Caminhado vagarosamente até ele.
_Você é meu Miguel! _ Susurou em seu ouvido.
_O que fez comigo?
_O que era necessário meu amor!
_ Não você..._Foi a última coisa que foi capaz de dizer antes de apagar totalmente.

                              * * *

  Suas pálpebras pesavam, sentia -se zonzo e sem forças para ficar de pé. Mas um imagem rondava com nitidez em sua cabeça. O semblante de Bárbara ao ve-lo tombar. Não havia dúvidas de que ela era a responsável por seu estado. Olhando de relance para o chão, percebeu que suas malas não estavam mas ali.

_Pretendia me abandonar querido?
_ A voz que soava em seu travesseiro, o fez se dar conta da mulher ao seu lado.
_O que fez ?
_ Por que sempre me perguntam isso? _ Deu de ombros desdenhosa.
_O que fiz? _Ironizou.
_ Fiz o que tinha que ser feito. Estou garantindo que não irá me abandonar. Que ficaremos juntos para sempre.
_ Não percebe o quanto insano é o que estás a dizer?
_Você acha meu amor? _ Gargalhou, colando seus lábios aos dele.
_ Você me dará um filho Miguel. Depois da noite de amor que tivemos ontem, estou certa de que ele já está aqui. Eu posso sentir. _ Voltou a rir acariciando sua própria barriga.
_ Estas louca! Eu jamais a toquei. E jamais o faria. Você me dá nojo Bárbara. Você com todas essas loucuras. _O olhando por um breve minuto, colocou os dedos sobre seus lábios o impedindo de falar.
_Não diga isso Miguel, porque você não faz idéia de quão louca eu posso ser.
_ Acabe com essa insensatez Bárbara!
_ Não está feliz Miguel? _ Sem responder Miguel tentou levantar-se. Mas ela prontamente o impediu.
_ Quietinho querido. Eu trouxe-lhe algo. _Susurou ficando de pé.
_Eu não queria que fosse assim. De verdade, eu não queria. Mas depois que aquela pedra voltou ao meu sapato. Tenho que garantir que ela não vai rouba-lo de mim.
_ Embora sua cabeça parece se fora de órbita, Miguel pôde ver o sorriso insano que se desenhava no rosto daquela mulher.
_ O que vai fazer? _Falou sentindo seu coração acelerar.
_ Não se assuste, não sou o monstro que você pensa. Não vou mata-lo. Apenas mante-lo aqui.
_ Segurando o rosto dele sobre suas mãos, forçou lhe a beber um líquido amargo. Que parecia queimar todo o seu ser. E por mais que ele tenta -se se debater, suas forças lhe tinham abandonado. E mais e mais sentia seu corpo pesar. A escuridão lhe tomar, e sem forças se viu apagar. A mercê dos desejos insanos daquela mulher. A quem ele inconscientemente  subestimara.

Continua

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