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  A tarde estava extremamente quente. É Francine não via a hora de poder entrar na cachoeira. Embora, desta vez precisasse ser um pouco mais cautelosa. Pois não poderia correr o risco de ser flagrada, como no dia anterior. Mesmo que fosse por seu jovem amante. Que agora havia passado a ocupar parte de seus pensamentos.
Sim, seria uma surpresa agradável, era verdade. Mas nada apropriada, dada as circunstâncias. Ao que a jovem preferiu descartar a ideia. Focando em seu propósito anterior.

Gertrudes por outro lado tinha certeza que conde Miguel viria. Mesmo assim, nada disse a Francine ou a Martha. Pois se disse-se, ambas saberia que ela era responsável por aquele visitante.

Sem querer ser novamente surpreendidas, as jovens buscaram um lugar um pouco mas reservado para banha-se. E enquanto ajudava Francine a despir-se, Gertrudes tentava convence-la a não entrar. O que era uma tarefa inútil. Afinal, Francine era conhecida por sua teimosia. Algo que possivelmente havia herdado do pai. Só que aquela teimosia naquele momento desencadeou em Gertrudes um terrível conflito interno. Condenando a si mesma por ter dito a Miguel sobre aquele passeio. E ainda pior! Se negar a dizer a sua ama que praticamente o convidará.

_ My lady, por que a senhorita não nos pinta? Talvez naquelas árvores...

_ Não com todo esse calor!

_ Mas my lady, não acho que seja bom a senhorita entrar na água. Afinal, não podemos nos demorar. Ou esqueceu-se que sua madrasta deseja
encontrá-la?

_ Não, não esqueci, mas bem sabes que as horas ao lado dela são um tanto desagradáveis. E creio que ela possa esperar alguns minutinhos.
_ Disse com um largo sorriso caminhando até a margem do rio

_ Mas my Lady, conhecendo sua madrasta, sabes que ela ficará furiosa. _ Arqueado a sobrancelha Francine pareceu estuda-la.

_ O que há de errado com você Gertrudes? Logo você que vive me mandando pular as regras! _ Por um momento Gertrudes pensou em contar tudo

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_ O que há de errado com você Gertrudes? Logo você que vive me mandando pular as regras! _ Por um momento Gertrudes pensou em contar tudo. Mas na certa ela ficaria furiosa. Ao que preferiu permanecer em silêncio. Voltando a condenar a si própria, por está agindo como uma covarde.

_ E ai Gertrudes, você não vai entrar?

_ Talvez mais tarde. Afinal, tenho que colher algumas ervas!

_ Ervas???

_ Sim, Mama Dolores é que pediu.

_ Ela pediu? _Surpreendeu-se Martha, olhando atentamente para a amiga.

_ Sim pediu! _Enfatizou, tentando ser convincente.

_Sei... _ prosseguiu Martha desconfiada, mas logo foi ao encontro de Francine que já estava a mergulhar. Mas aquele mergulho tranquilo não chegou muito longe. Pois o grito de Gertrudes as pegou totalmente desprevenidas.

_ Vem vindo alguém!!! _ Disse um pouco tarde, pois Miguel já as tinha visto. Ao que Francine sentiu sua cor fugir.

_ Meu senhor, peço que vire-se para que a minha senhora possa se recompor.

_ Apressou-se Gertrudes em dizer, tentando contornar a situação. Um tanto embaraçosa. Surpreso, e ao mesmo tempo divertindo-se, Miguel deu as costas. Esperando que Francine pudesse enfim por suas roupas. O que não demorou. E mesmo envergonhada caminhou de encontro a ele. Sentindo suas faces queimarem como brasa. Resultado de seu crescente embaraço.

_ Meu senhor, peço que não me tenha como desavergonhada...

_ O que eu poderia dizer de uma senhorita que sai sozinha, acompanhada somente de suas criadas, para banhar-se em um rio?

  Começou sério, olhando com cuidado aquelas faces rosadas. Que pareciam ainda mais vermelhas ao ouvi- lo. Nervosismo e um misto de raiva era visível pela forma que apertava as barras de seu vestido. Seu coração acelerado, fazia suas emoções ficarem em um turbilhão. De forma a lhe deixar enrijecida, sem coragem de fita-lo. A verdade era que não esperava que ele lhe fosse rude. É isso a envergonhava ao mesmo tempo que lhe enchia de raiva. Mas antes que chega-se a dizer as palavras que lhe vinham a mente, ele a surpreendeu. Desenhado delicadamente o contorno do seu queixo. Ao mesmo tempo que a levava a encara-lo.

_ Eu jamais a veria como uma desavergonhada My lady. A senhorita me encanta por ser sempre tão cheia de surpresas. Diferente de todas essas ladys da corte, que são sempre aptas a viver subjugadas á regras.

_ Confusa e surpresa, Francine sentiu seus lábios sendo levado aos dele. Em um beijo casto.

_ O senhor me desconcerta Dom Miguel! _Disse afastando -se um pouco. Ao que ele a fitou sorrindo.

_ Não devia fazer isso.

_ Isso o que?

Voltou a sorrir, atrevendo-se a roubar-lhe outro beijo. Não como o primeiro, este a fez sentir invadida por um milhão de borboletas. Que pareciam fazer voltas dentro de si. Nunca sentirá nada parecido. É Isso a assustava, ao mesmo tempo que a encantava.
Mas todo aquele momento mágico foi interrompido por uma voz masculina que ecoou por entre as folhagens chamando-a pelo nome.

_ Ho céus!!! Meu irmão! Dom Miguel, Peço que vá. Ele nos matará, se o vê aqui.

_ Gostaria de ve- lá novamente.

_ Não sei se seria apropriado.

_ E por que não?

_ O senhor me foi muito atrevido. Não ficaria bem voltar a ve-lo.

_ Neste caso devo esperar seu irmão para...

_ Não, não faça isso! _ Disse quase apavorada. _ Acaso perdeu o juízo?
_ Ele continuou com um sorriso nos lábios, mas não recuou.

_ Está bem! Amanhã à tarde, neste mesmo Lugar. Mas peço que não se atreva a me beijar novamente ou ira se arrepender. _ Tentou soar ameaçadora. _ Agora por favor, vá!

_ Miguel sorriu, e novamente aproveitando-se da situação a beijou. Fazendo- a paralisar de surpresa. Em seguida desapareceu por entre as folhagens. Deixando um sorriso desenhado no rosto da jovem. Que se sentia desafiada. Ao mesma tempo que encantada. " Que cavalheiro atrevido!"

_ Francine...!!! Enfim encontrei você! _Diego parou por um momento analisando o sorriso no rosto da irmã.

_Quem estava aqui?

_Ora Diego, que pergunta sem cabimento. Gertrudes e Martha, quem mais!?

_Pensei ter ouvido a voz de um homem. _ Falou um pouco desconfiado, olhando cautelosamente o ambiente.

_ A única voz de homem que houve neste lugar meu irmão, foi a sua.

_ Minha irmãzinha, sempre com resposta para tudo. _ Riu ele.

Diego era para Francine, mas que um irmão. Era seu cúmplice, seu confidente. Sempre apto a encobrir suas façanhas. Mas ainda sim, não queria arriscar que ele soubesse sobre seu atrevido cavalheiro.

_ Mas afinal, o que veio fazer aqui? Não me diga que nossa madrasta já mandou que me procura-se?

_ Não desta vez. Vim buscar lá, porque Francisco e Margareth acabaram de chegar. E nosso pai está à sua procura. E é claro, me candidatei a vim buscá-la. Imagina se papai vinhe-se a sua procura e não encontrasse, onde você disse que estaria!? Francine minha irmã! Você tem que evitar vir este lugar, se nosso pai descobre, na certa a chicoteia.

_ Não creio que papai seria capaz de tal coisa.

_ Talvez não, mas, dada as circunstâncias... eu não arriscaria. Agora vamos, se não nos atrasaremos.

* * *

Continua

Memórias de um passado ( Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora