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Capítulo 9

24 anos antes

 
   Olhando a pequena e indefesa criaturinha em seus braços, Bárbara não pôde conter as lágrimas. Era doloroso saber que daqui a poucos minutos seu filho não estaria mas em seus braços. Essa fora a condição proposta por seu pai, para livra-la daquele convento. Sabia que era injusto para com seu filho. Mas não suportava mais aquele lugar. Estava certa de que se passa -se mais alguns minutos a rezar, iria a loucura. E a certo modo, sabia que o destino de ambos já estava traçando. Não havia escolhas no final das contas. Beijando a testa daquele pequeno ser, pareceu lhe pedir perdão no seu próprio silêncio. De certa forma tentava se convencer que ele estaria melhor sem ela.

 De certa forma tentava se convencer que ele estaria melhor sem ela

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_ Pôde levar esse bastardo. Não quero ter notícias nem da sua existência. _ A voz grossa de seu pai a fez se dar conta de sua presença ali. Com uma criada,  a arrancar sem qualquer compaixão a pequena criança de seus braços. O vendo sair dali sem nem se quer olhar para trás. Um crescente sentimento de ódio se estalou em seu coração. Não só por ele, mas por aquela que ela acreditava ser a responsável por seus infortúnios.
   O ódio que nutria por ela a fazia deseja-lhe as piores destinos. E tal sentimento tornou-se mortal com o nascimento da pequena Francine.

  Bárbara via sua prima ter tudo, tudo aquilo que almejava

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  Bárbara via sua prima ter tudo, tudo aquilo que almejava. Tudo o que fora rancando dela. O pai, a família, tudo. Tudo que ela acreditava que deveria ser seu.

       
                         * * *

_Bárbara minha filha... _ O homem de pele pálida e voz cortada olhava para ela pesaroso. _ Peço -lhe que me perdoe por tudo que a fiz. Vá em busca do meu neto, seu filho. Deixei para ele parte do que possuo. Inclusive meu título. Sei que conparado ao que fiz, não é nada. É Talvez não possa redirmi-me com você. Mas espero que possa construír sua felicidade ao lado dele. Peço apenas seu perdão, para que eu vá em paz. _ Pegando nas mãos gélidas dele, o sorriso se incurvou em seus lábios.
_ " Apenas meu perdão? " Ainda no leito de sua morte faz questão de menosprezar o que vem da minha parte pai. Perdoe -me, mas não consigo ofertar-lhe o meu perdão. É se é  disso que depende sua paz, lamento pelo o senhor. _Gargalhou. _ Na verdade pai, sinto-me feliz, radiante, para ser sincera. Porque dentre pouco tempo não serei mas obrigada a tolerar sua presença repugnante. _Afastando suas mãos da dela o homem a fitou incrédulo. Fazendo a rir.
_Sabe pai, O senhor e sua protegida sempre fora um problema para mim. O problema que me arruinou, que rancou tudo de mim. Só que aí eu percebi que certos problemas podem ser facilmente resolvidos. _ Com um olhar irônico, ela retirou de suas anaguas um pequeno vidro, o qual balançou para ele.
_ O que fez? _ O homem a olhou temeroso.
_ Pensei que fosse mais esperto pai. Não estranhou sua doença repentina?_Continuou com desdem
_O que fez Bárbara?
_A mesma coisa que farei com sua preciosa Juliana. _ Ouvindo aquelas palavras lágrimas começaram a brotar do rosto daquele a quem ela chamava de pai. É a medida que a luz da vida se afastava dos olhos dele, um prazer indescritível tomou conta do seu ser. Fazendo o rosto de Bárbara se iluminar. E este mesmo sorriso se fazia presente enquanto lembrava de seu feito.

_ Senhora, preparei-lhe o chá que pediu.
_ Exelente! _Borrifando um pouco de perfume sobre sua pele branca. Virou-se para encarar a mulher em sua frente.
_Meu marido já retornou?
_Ainda não senhora.
_Ótimo! _ Sorriu ficando de pé. _Ponha a mesa para dois. E Olga... capriche! Esta será uma noite especial. _Confusa a criada assentiu. Mas em seu íntimo sentiu que algo errado estava para acontecer. E nada lhe agradava saber que estava a compactuar de alguma forma para tudo aquilo.

                               * * *

  Fitando a mansão de Bakered, Miguel sentia uma estranha sensação lhe coroer. Algo que não conseguia entender. Talvez fosse o fato de agora recordar de seu passado. Lembrar de todo o mal que Bárbara fizera a mulher que amava. O mais sensato seria sair daquele lugar naquela mesma noite. Era arriscado, mas ainda sim, se sentia tentado a fazer. Pois estava temeroso em encarar aquela mulher tão fria e calculista.
    Com um breve suspiro tomou coragem e entrou. Dando de cara com Bárbara, que parecia radiante em ve-lo.

_ Olá querido! _O saudou com euforia.
_Eu o estava aguardando.
_ Me aguardando?
_ Sim querido, acaso esqueceu-se que dia é hoje? _A olhando com cautela, Miguel suspirou.
_ Fale logo Bárbara, estou demasiadamente cansado.
_ Nossa Miguel! Isso são modos de tratar sua esposa. _Revirando os olhos Miguel tentou controlar-Se.
_ Hoje é o dia do nosso aniversário de casamento. _Fingiu um biquinho, tentando lhe chamar a atenção.
_Aniversário de casamento?
_ Erguendo a sobrancelha o olhou por um breve momento. Sentindo um nó se formar em sua garganta. "Como pode ser tão dissimulada?" Se perguntava em seu silêncio.
_Estive tão chateada com os últimos acontecimentos que quase esqueci. _Rapidamente o enlaçou pelo pescoço, a procura de seus lábios. Mas como esperado, Miguel se esquivou. Retirando -a de sobre si.
_ Sei... _Foi a única coisa que foi capaz de dizer. Dando de ombros.
_Olga! _Gritou. Parecendo ingnorar a indiferença que lhe foi ofertada.   Prontamente criada se pôs a sua disposição como de costume.
_ Pôde servir o jantar. Eu é meu marido...
_ Espere Olga... _Miguel a interrompeu. _ Leve meu jantar ao meu quarto. Estou um tanto indisposto. O dia hoje foi cansativo.
_ Irá me deixar Socinha?
_Já disse Bárbara, estou indisposto.
_ Ainda está chateado por aquela noite? Miguel meu amor, falei aquelas coisas pelo impacto do momento. Mas tente entender...
_Já chega Bárbara, não irei jantar com você. Bem sabes que não há razão para se comemorar! _ Dando-lhe as costas, Miguel afastou Se. Era demais para ele ter que compactuar de todo aquele teatro. Furiosa Bárbara o observou enquanto subia a escada com pisadas firmes. Controlando a própria respiração, tentou se manter no controle. Tudo tinha que sair perfeito.
_Senhora? _ Olga a arancou de seus devaneios.
_O que quer estúpida?
_ O que devo fazer? _ Olhando com um olhar enigmático para a pobre mulher, Bárbara pareceu perder -se novamente em seus pensamentos.
_Senhora? _Voltando a despertar de seus devaneios fitou a criada com impaciência.
_Faça o que meu marido pediu, ora essa! _Esbravejou, ao que a mulher  apressou-Se em retirar-Se.

Continua...

Memórias de um passado ( Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora