Blue

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52 - Blue

Draco Pov

Eu não poderia me sentir mais estranho naquela manhã fria.

Eu jamais parava para pensar sobre datas e coisas do gênero, mas agora eu não pude deixar de notar a época do ano em que nos encontrávamos, e perceber que em quase todos os anos, naquele mesmo mês, eu estava ferido de alguma maneira.

- Pensativo? - Pisquei ao sentir Harry fechar os braços ao meu redor, deitando a cabeça nas minhas costas, e isso me fez sorrir.

Era a primeira vez que eu estava ferido nessa época, porém não sozinho.

Tudo parecia igual, mas de forma diferente.

Terminei de guardar os papéis que eu tinha deixado jogados, e fechei a gaveta, me virando para ele.

- Um pouco, eu acho - Confessei, usando o braço que não estava machucado para cercar o corpo dele, que pousou a cabeça no meu ombro, e eu sorri ao beijar os cabelos bagunçados.

Eu sinceramente amava o fato dele ser mais baixo e sumir entre meus braços daquela maneira.

O tornava algo tão... meu.

Mas o que me deixou pensativo, nada tinha a ver conosco.

Eu sabia que só estava pensando sobre o assunto agora, depois de toda minha sinceridade com ele e comigo.

Nunca havia me ocorrido pensamentos sobre minha mãe naquela época, mas era impossível ignorar.

Sempre, próximo ao seu aniversário, o dia que eu deveria vê-la, algo acontecia comigo. Um acidente, uma emergência, eu tomava uma dose alta de poção do sono sem querer... Sempre tinha alguma coisa me impedindo de vê-la.

E pela primeira vez, eu percebi que esse algo...

Era meu inconsciente querendo fugir.

Era... eu.

- Harry? - Chamei, enquanto caminhávamos grudados de volta para a cama, e ele afastou o abraço para poder sentar ao meu lado, talvez sentindo meu tom de voz um tanto receoso.

- O que foi? Dor?

- Não, não. Eu estou bem - Garanti, desviando os olhos dele, encarando a janela - É que... hoje é aniversário da minha mãe - Revelei ao fim, me sentindo confortável para falar isso em voz alta.

Ele tocou meu rosto, atraindo minha atenção para si, e tinha um olhar muito suave.

- Eu não sabia - Falou com um fraco sorriso - Você quer ir vê-la?

- Eu não tenho certeza - Falei com um suspiro - Eu nunca fui até lá. E... nessa época sempre estou doente, ou machucado, então... Não sei. É a primeira vez que eu... penso sobre ir.

- Eu posso ir com você, se quiser - Sugeriu com um sorriso terno - Mas se você não sentir a vontade para ir, não tem problema. Não precisa se obrigar a isso.

- Não... não estou me obrigando. Só... é a primeira vez que eu penso no assunto.

- Se você não tem certeza de que quer ir... Vamos tentar? - Sugeriu, com tranquilidade - Podemos ir até lá, e... se você não achar que deve... Ao menos vamos tentar, e então você vai descobrir como se sente.

Assenti, tentando entender como realmente me sentia sobre aquilo.

No momento, achava que deveria ir até lá, porque era a primeira vez que eu me lembrava e sentia que conseguiria ir.

De alguma forma, era como se minha mente sempre me fizesse esquecer quando chegava perto dessa data, e eu entendi que era um mecanismo de defesa, porque anteriormente eu não tinha estrutura ou alicerce para lidar com os sentimentos que isso iria me trazer.

Eroda || DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora