Boston, Massachusetts (EUA).
Sabe aquele tipo de pessoa que apesar de sofrer com os duros golpes da vida ainda consegue acordar todos os dias com um sorriso no rosto? Pois é, eu não sou assim...
Acordo no horário de rotina para o trabalho. Tomo um banho frio para ajudar a despertar, visto uma calça jeans e um casaco de lã azul. Noto que as roupas estão mais largas em meu corpo. Devo ter emagrecido com o ritmo de vida corrido dos últimos meses. Vinha me desdobrando com o trabalho no escritório de dia e um segundo emprego à noite como garçonete no restaurante onde Daphine, minha vizinha, trabalha. Toda verba extra é usada para pagar os gastos com os tratamentos contra o câncer que ceifou a vida de minha mãe.
Olho desanimada no espelho. Quem sabe no próximo mês sobra algum e eu possa comprar pelo menos uma calça nova que seja realmente do meu tamanho. Estou cansada de usar essas roupas do bazar da paróquia do bairro. Apesar de algumas estarem em bom estado, nunca é a mesma coisa que uma nova comprada no nosso tamanho. Faço um coque displicente em minha cabeleira loira e saio do quarto. Encontro Chips dormindo na janela da sala. Afago sua cabeça peluda e encho sua tigela improvisada com um pouco de ração.
Esse gato me adotou. Passa mais tempo em meu apartamento do que com seus verdadeiros donos.
Pego a bolsa e olho o pequeno apartamento silencioso e vazio antes de fechar a porta e descer. Um nó se forma na garganta ao lembrar de minha mãe sentada à mesa ou fazendo alguma tarefa na cozinha e me abençoando antes de sair para o trabalho. Nunca mais ouvirei aquela voz, ainda que fraca pela doença, cheia de amor incondicional.
Passo em uma cafeteria pelo caminho e como de costume, compro um expresso para mim e outro para deixar na mesa de meu chefe. Isso nunca foi uma exigência dele, mas certa vez entrei em sua sala segurando meu copo e ele deduziu que era para ele. Me agradeceu surpreso dizendo que saía de casa quase sempre na correria e mal tinha tempo para um gole de café. As vezes passava a manhã inteira em jejum, pois esquecia de comer. Então adquiri esse hábito de gentileza.
Passo pelas portas de vidro do prédio principal do Boston Office Corporation. Apresso os passos para entrar no elevador. Desço no décimo quinto andar, onde funciona os escritórios de administração do conglomerado, além da sala de reuniões e dos escritórios da diretoria.
O burburinho do pessoal da recepção pode ser ouvido no início do corredor. Sigo pelo chão acarpetado, sem que ouçam meus passos e todos se calam e olham em minha direção quando apareço na porta de vidro.
__ Samantha!__ Uma das três recepcionistas sai do balcão e me abraça. __ Sinto muito por sua mãe...
__ Obrigada Wanda.
As outras duas mais novas, Shirley e Taylor, também se mostram solidárias e me dão os pêsames.
__ Ficamos sabendo do ocorrido através do pessoal do RH.__ Explica Wanda.__ Mas porque veio hoje? Não sabe que tem direito a alguns dias de licença?
__ Sim. Mas o que ficaria fazendo em casa? Aqui pelo menos não estou sozinha e distraio minha mente. __ Suspiro.
__ Verdade.__ Wanda me abraça mais uma vez, visivelmente penalizada com meu estado. __ Quero que saiba que pode contar conosco no que precisar.__ As outras concordam.
__ Obrigada meninas.
Sigo para o escritório. Assim que me acomodo em minha mesa. Ouço uma batida na porta de vidro. Levanto a cabeça. Henry acena do lado de fora. Sinalizo para que entre.
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Fazenda 3 Irmãos - O Casamento. Vol.2
RomanceBartolomeu e Samantha estão vindo de Boston (EUA) em lua de mel para passarem uma temporada na Fazenda 3 Irmãos. O problema é que ninguém sabe que Bartolomeu, o primogênito da família Fonseca, se casou. Isso porque o casamento foi arranjado. Tudo pl...