Capítulo 1

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Minha cabeça dói...

Meu corpo dói...

Que cheiro é esse? Parece mofo...

Abro os meus olhos devagar e me deparo com uma sala escura, estou sentada em uma cadeira, minhas mãos e meus pés estão amarrados por uma corda...

-Meu deus, onde estou? – Falo para mim mesma.

Algumas horas antes

-Boa noite senhora Cooper, olhe, se a senhora voltar a sentir as dores nas pernas por favor não hesite em me ligar está bem? Sabe que vou voando para sua casa - falo abraçando uma senhora de aproximadamente 68 anos.

-Está bem minha querida - diz ela tocando minhas bochechas.

Ainda sorrindo fecho a porta de vidro do estúdio de Pilates onde trabalho, sou fisioterapeuta e a 2 anos estou trabalhando para minha chefe e amiga Olívia Bellini, conhecida mundialmente por ser umas das melhores fisioterapeutas do mundo, foi ela quem projetou o método Pilates voltado para pacientes em cuidados paliativos.

-Ai, ultima aluna do dia, nossa já são 22 horas... - disse me espreguiçando e olhando para o relógio do estúdio.

Estou arrumando a sala quando olho para a porta e vejo um homem parado, será que é algum aluno querendo aula experimental?

Ando até a porta, porém, não sei por que estou suando frio.

-Pois não senhor, posso ajudar? - falo assim que abro a porta, é um homem, que aparentemente tem seus 40 e poucos anos, já tem cabelos grisalhos, algumas rugas formam uma carranca mal encarada nele e tem uma presença de dar medo até nos mais corajosos.

-Senhora Isadora Castello? - diz o homem com uma voz grossa.

-Sim, algum problema? - digo de maneira amigável parada de frente para o homem.

Com isso ele me dá um soco no rosto, caralho aquilo doeu demais, mas não foi o suficiente para me derrubar, sai correndo pela rua onde ficava o estúdio, estava tudo deserto e eu não sabia para onde ir, estava completamente desorientada.

Chego em um beco, mas não tem sem saída.

- Fudeu.

Olho para traz, e o cara está lá, parado com um taco de baseball na mão.

- O que você quer de mim seu filho da puta do caralho!? Eu não fiz nada porra, sai daqui! - disse gritado e andando para trás até chegar à parede do beco... vou morrer hoje.

- Mulheres não podem ter esse tipo de vocabulário - disse o filho da puta arrombado do caralho se aproximando de mim.

- Vai se fu... - não consegui completar a frase, ele bateu com tudo na lateral da minha cabeça e minha última visão foram os seus sapatos.

Presente

Olho em volta do lugar que eu estou, esta tudo escuro e úmido, tem uma luz amarela e fraca no teto apontando diretamente para mim, com certeza eu fui sequestrada, mas por quem? Por que? Eu não fiz nada, nunca devi a ninguém, nem nunca me envolvi com ninguém esses dois anos que eu estou aqui na Itália... com certeza isso foi um engano.

Enquanto tento organizar meus pensamentos e me manter calma, escuto passos vindo em minha direção, de um canto escuro vejo um homem se aproximando...

- Seu desgraçado - falo olhando para o homem, era o mesmo que havia me batido. - Veio terminar seu serviço? - falo rosnando para ele.

- Hahahahaha você é danadinha – fala uma voz vinda de outro canto escuro da sala, era outro homem, estava com uma camisa social branca, uma calça social preta, tinha tatuagens nas mãos e fumava um cigarro.

-Quem é você? - perguntei com medo da resposta – O que querem de mim?

-Calma gatinha, tudo será esclarecido – disse ele se aproximando de mim, pude ver seu rosto, ele tinha uma tatuagem de caveira no pescoço, tinha uma barba rala, recém feita provavelmente, e tinha cheiro de perfume caro.

Ele olha para o outro homem que me bateu e ele sai, nos deixando a sós na sala, meu coração acelera, preferia ser espancada até a morte do que ficar com esse cara olhando pra mim como se eu fosse algum tipo de entretenimento.

- Então, não vai falar nada? - Disse ele pegando uma cadeira e sentando na minha frente.

- Falar o que? Você não me perguntou nada – disse desafiando-o... Perdi totalmente a noção de perigo.

- Hm, você é corajosa, não tem a menor ideia de com quem está falando né? – diz ele com um ar de deboche – Sabe por que está aqui?

- Não - disse esperando-o me responder.

- Você foi dada a mim, como um gatinho é dado em uma noite de natal a uma criança - disse ele tragando seu cigarro asqueroso e baforando na minha cara.

- O Que? Do que você tá falando?

- Você é funcionária da grande Olívia Bellini, não é? - ele abria os braços enquanto dava ênfase na palavra "grande".

- Sim – disse olhando no fundo dos olhos com raiva após ele debochar assim da minha amiga.

- Por trás de toda essa fama e grandiosidade dela tem meu dinheiro - disse ele pondo os polegares no peito e me olhando - E ela está, ou melhor, estava me devendo muito dinheiro.

Onde ele quer chegar com isso?

- Você, minha linda e inocente gatinha, foi o pagamento dessa dívida – Disse se curvando na cadeira e chegando perto do meu rosto.

- Como é que é? Você está louco? A Olívia jamais faria isso comigo, ela não e só minha chefe, ela também e uma das minhas melhores amigas, me tirou do Brasil para vim trabalhar com ela a dois anos, é uma das pessoas que eu mais confio na terra - disse com lágrimas nos olhos não acreditando que a Olívia poderia ter feito uma coisa dessas.

Ela era uma mulher incrível, conquistou um império com suas técnicas... não e possível que ela seja envolvida com alguém como ele, por que ela precisaria do dinheiro dele, ela sempre teve orgulho de dizer que era independente que nunca precisou de ninguém pra ter o que conquistou... eu realmente não acredito.

- Então gatinha, você tem que rever quem são as pessoas que você confia – disse levantando da cadeira

- Pare de me chamar de gatinha – disse olhando para cima com todo ódio que eu estava sentindo naquele momento

- Você vai aprender que eu posso te chamar do que eu quiser por que agora você é minha propriedade – disse pegando no meu rosto apertando minhas bochechas me obrigando a fazer um bico – Gatinha – então ele solta de maneira brusca.

Ele sai andando desaparecendo na escuridão me deixando sozinha, não me contenho e deixo as lágrimas rolarem sem parar pelo meu rosto, não estou acreditando em tudo que está acontecendo, quem são essas pessoas? Porque Olívia faria isso? Não, ela não fez isso, esse homem deve ser algum concorrente dela que quer me usar e quer me colocar contra ela, mas ele não vai conseguir, eu a conheço, ela é minha melhor amiga, uma irmã para mim... eu vou sair dessa, vão vim atrás de mim, tenho certeza  

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