Speechless

Capítulo 34

- O QUE?! – Grita Fernando pulando da cama. Ele não é muito acostumado com essas coisas.

- Calma, não precisa de pânico, pega o celular e liga para a doula –digo ainda deitada na cama, me levantar é quase que impossível com essa barriga desse tamanho.

- Tá, pera, não se meche – ele fica desesperado, pega uma camisa e via para a porta correndo.

Ele sai do quarto correndo para ligar para Mary, ela é minha doula, uma das melhores da Itália.

- Ela já está vindo, você está bem, o que eu posso fazer? – pergunta ele me ajudando a levantar da cama. Seu rosto esta pálido e sua mão esta gelada, meu deus ele acha que eu vou morrer ou o que? Que desespero.

- Se acalmar, eu estou bem – falo rindo da situação. Ele me vê sorrindo e também ri.

Estamos descendo as escadas para esperar a doula na sala e vem uma contração super forte, sou obrigada e me acocorar na escada, que dor é essa? Senhor Jesus Cristo.

- Está doendo? - diz Fernando me apoiando para eu não cair. Esta muito, mas não quero deixá-lo mais nervoso então eu me levanto e digo

- Esta, mas não está forte.

Em menos de 20 minutos Mary já estava na nossa porta.

Ela me leva para o quarto e Fernando fica na sala com Afonso que já havia chegando também, eu pedi para ele ficar, ele está muito nervoso, não posso ficar nervosa, isso afetaria meu desempenho no parto e poderia gerar alguma complicação, ele não gostou mas concordou.

- Vamos ver como esta essa dilatação- diz Mary me deitando na cama na posição ginecológica ela olha para minha vagina e abre um sorrisão.

- Você está com 6 centímetros Isa, parabéns, seu bebe vai nascer rapidinho.

- Que bom – digo aliviada, quanto mais rápido sair mais rápido a dor acaba.

Fernando

Meu deus meu filho vai nascer...

Eu vou ser pai...

Caralho...

Não consigo conter minha ansiedade e começo a andar de um lado para o outro da sala, Afonso está sentando no sofá de braços cruzados me olhando.

- Calma Fernando - diz ele suspirando.

- Não consigo – paro olhando para cima onde tudo esta acontecendo, queria esta lá com ela mas Isadora me proibiu, disse que eu estava muito nervosos, estou mesmo porra, vou ser pai!

- Nunca vi você assim, o que essa mulher fez com você? - Diz Afonso com um tom brincante.

- Me deu a vida que eu tanto sonhei – falo sem olhar para ele.

Isadora me deu tudo que eu nunca tive, me deu carinho, atenção, cuidou de mim, me deu amor, meu deu motivos para viver, graças a ela minha vida vale a pena, graças a ela eu não preciso ser como eu era antes, posso ser eu mesmo sem medo de perder pois ela é o meu motivo de ganhar.

- Fico feliz de te ver assim – diz Afonso.

- Como foi para você? - Digo tentando me acalmar, sento no sofá do lado dele.

- O que? Quando fui ser pai? Nada de mais, não queria.

Afonso é casado com uma mulher que ele conheceu em uma das nossa viagens, eles transaram e ela engravidou, ele se sentiu na obrigação de casar com ela e estão juntos ate hoje, noa sei como é o relacionamento, ele não fala muito sobre ela.

o filho dele se chama marcos, tem 3 anos, ele não queria esse menino, mas quando ele nasceu Afonso mudou, ele era frio e calculista, agora ele é só frio e calculista só que um pouco menos, sempre que pode fala do filho e seu olho brilha, espero que eu sinta o mesmo que ele sente.

- Mas agora você gosta do seu filho.

- Eu amo meu filho, nunca pensei que fosse amar uma coisa tão pequena, ele e seu filho serão grandes amigos, assim como eu e você – diz Afonso pondo a mão no meu ombro.

- Não sei o que seria de mim sem você Afonso.

- Não seria nada, sou eu que resolvo seus problemas - ele fala e começa a rir.

- Cala essa boca – digo rindo também.

Estávamos conversando e eu escuto Isadora gritar.

- HAAAAAA – foi um grito de dor, essa louca dessa doula está machucando minha mulher.

Tento me levantar do sofá para ir até ela, mas Afonso segura meu ombro.

- É assim mesmo Fernando - diz Afonso rindo da minha ignorância.

Eu sabia que doía, mas não sabia que seria assim, eu realmente casei com uma mulher muito forte.

Isadora

- HAAAAA caralho – digo ofegante.

A sensação é de como se estivesse quebrando todos os meus ossos, a cabeça do bebe faz um pressão muito forte para sair, estou em trabalho de parto já faz umas 3 horas, ela disse que seria rápido...

- Só mais um pouco Isa, já dá pra ver a cabeça dele – Mary fala me incentivando, respiro fundo e sinto mais uma contração, não é possível que não saia agora. Faço força e sinto a cabeça passar pela minha vagina, quando ela sai alivia um pouco, mas ainda falta o resto do corpo.

- PORRA, SAI LOGO! – Grito com vontade de chorar e Mary começa a rir da minha reação.

- Mais força, já esta saindo.

- HAAAAAAAAAA – tiro força de onde nem sabia que tinha e sinto Nícolas sair, do nada, tudo acaba.

Eu nunca fiz tanta força em toda minha vida, mas quando eu senti sair foi como se toda a dor tivesse acabado, só escutei o choro do meu filhinho e tudo ficou melhor.

Fernando

- HAAAAAAAAAA – o grito agora foi muito pior. Ela vai morrer assim...

Os gritos dela me fez ficar ainda mais nervoso, era para eu estar ao seu lado, ela não vai aguentar, precisa de mim.

Isadora grita mais uma vez e eu e Afonso levantamos quando ouvimos choro de neném.

- Parabéns papai – diz ele me abraçando.

- Obrigado – digo retribuído o abraço.

Agora é oficial, eu sou pai, e vou fazer de tudo para ser o melhor pai do mundo, vou ser exatamente o oposto do meu.

Pouco tempo depois a Mary desce as escadas e nos chama para ver.

- Eu vou ficar, esse momento é de vocês – diz Afonso

Eu subo as escadas e quando abro a porta ela está ela com nosso filho, ela me olha sorrindo, está com lagrimas nos olhos, e me deixa emocionado também. Chego mais perto deles e me sento ao lado dela na cama beijando sua cabeça.

Ela me olha e me entrega o bebe.

Ele abre os olhinhos e me olha, ele é tão pequeno, tão delicado, coloco meu dedo perto dele e ele segura, ok, sou homem, mas isso me fez chorar. Me sento ao lado dela e ficamos em silencio olhando para ele, até começar a chorar com fome, aí Isadora pega de mim e dá de mamar.

Fico olhando os dois, minha família, eu os amo demais.