Fernando
- Eu te odeio! – Escuto ela gritar da garagem.
Foda-se, não quero o amor dela, não preciso disso, nunca precisei e não vai ser agora que eu vou precisar de amor.
Ando a passos lentos em direção ao meu quarto, entro e jogo meu blazer na cama, vou em direção ao banheiro, ligo a torneira da banheira com água quente, tiro a camisa e fico me apoiando na pia.
- O que está acontecendo comigo? - Falo e lavo o rosto com água gelada e fico olhando meu reflexo aflito no espalho.
21 anos atrás
- Mãe, olha o que eu fiz – chego correndo mostrando um desenho para minha mãe, que estava sentada na frente do piano. Eu era um menino normal, tinha apenas 9 anos, mas parecia que tinha menos, era muito infantil. Minha mãe era incrível, tinha lindos cabelos longos, uma pele macia, e um rosto insculpido por anjos, uma verdadeira princesa e ela me tratava com um príncipe, me mimava de todas as maneiras.
- Que lindo meu amor, você um dia será um grande artista e eu vou ter todos os seus lindos quadros na minha casa - diz ela me dando um grande abraço e um beijo na bochecha.
- Valentina, venha agora! – Diz meu pai autoritário aparecendo na porta da sala. Ele era um demônio, batia em mim e na minha mãe por nada, as vezes ela só precisava olhar pra ele de uma maneira que ele não gosta que já era motivos para surrar a gente. Ele me odiava, mesmo sendo o único filho dele.
- Filho, se esconda, quando isso acabar eu vou te procurar – disse minha mãe baixinho no meu ouvido, ela já sabia que iria apanhar.
Então eu corri e fui para o meu quarto, fiquei escondido em baixo da cama com as mãos no ouvido, por maior que a casa seja eu conseguia houve os gritos de desespero da minha mãe implorando que ele pare.
- Por favor Erick, eu não fiz nada – dizia ela gritando desesperadamente.
- Cale aboca sua puta nojenta, eu sei o que você fez e agora vai pagar – dizia ele com ódio.
Senti lagrimas rolarem pelo meu rosto enquanto ouvia os gritos da minha mãe e os estalos do chicote batendo nela.
Depois de aterrorizantes minutos, escuto a porta do quarto deles abrir e minha mãe sai gritando meu nome, saio de baixo da cama e vejo ela abrir a porta do meu quarto e entra me pegando pelo braço com força, nos dois saímos correndo pela casa até a saída principal da casa, estava em choque olhando para ela, sua cara era de desespero e medo, ela está de camisola e hobby azul turquesa que estava manchada de sangue, espero que não seja dela.
- Temos quer correr amor - diz ela tentando não me assustar, porém sem sucesso.
Quando chegamos na porta principal da casa ela hesita em abrir, mas quando olhamos para trás o meu pai estava parado, tinha um ferimento na barriga e estava segurando uma espingarda. Meu deus minha mãe tentou mata-lo, olhei pra ela assustado.
Minha mãe percebe meu olhar de medo e se vira para a porta, abrindo-a com tudo saindo me puxando para fora da casa, descemos as escadas da mansão e saímos correndo pelo jardim.
Estamos quase chegando no portão para finalmente sair da propriedade, quando meu pai atira e minha mãe cai me fazendo também cair no chão, ela me olhava pedindo ajuda silenciosamente com aquele enormes olhos, eu não sabia o que fazer, estava em choque e só consegui me afastar dela aos prantos, meu pai se aproximou e deu mais um tiro, matando-a, na minha frente.
- Você quer ter o mesmo destino dela? - Perguntou ele apontando a arma para mim.
- Não senhor – digo levantando os braços e chorando.
- Então passe para dentro agora, você finalmente vai virar homem – diz ele puxando meus cabelos.
Presente
Balanço a cabeça tentando afastar esses pensamentos, entro na banheira que já está cheia preciso de um banho, por mais que meu passado tenha sido podre eu preciso focar no futuro, e Isadora não está facilitando, nunca vi uma mulher tão macho como ela, boca suja, glutona, ela deve ser filha de pessoas da caverna, não tem a menor classe.
- O que eu faço com você gatinha? - Digo relaxando na banheira, não me arrependo de bater nela, mesmo não querendo nunca ser igual ao meu pai, mas ela precisa aprender a me obedecer, eu sou o homem.
Isadora
Após chorar horrores levanto do chão da garagem, olho todos aqueles carros e penso, como será que ele ficaria se eu quebrasse um desses carros? Mas logo esqueço, não vale a pena destruir essas obras de arte por causa de um homem podre como ele.
Saio andando pela casa sozinha, me encontro com Afonso andando pelos corredores, ele me olha, mas na fala comigo.
Entro no meu quarto e vou para cama.
- Filho de uma puta – digo socando o travesseiro - Você me paga seu lixo.
Tiro o vestido e coloco em um canto do quarto, não vou guardar por motivos de sujeira do chão da garagem e os brincos coloco em um porta joias na penteadeira.
Me sento na penteadeira, minha bochecha ainda está vermelha por causa do tapão e meu rímel está todo borrado, pego o demaquilante e retiro toda a maquiagem que fiz, pra nada.
- Me arrumei para apanhar – falo com ar de riso porem com ódio no coração.
Continuo tirando a maquiagem e vou ao banheiro, ligo a torneira da banheira com água quente entro antes mesmo dela encher, fico la vendo a água cair nos meus pés tentando enfiar o dedão na torneira. Fecho os olhos tentando relaxar e lembro do sorriso do Fernando, abro os olhos para parar de pensar nele.
- O que eu você está fazendo comigo Fernando? - Falo mergulhando na banheira já meio cheia.
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Speechless
ChickLitIsadora Castello, 25 anos, brasileira que vivia na Itália a 2 anos, fisioterapeuta instrutora de Pilates esta desparecida a 1 mês sem dar noticias a seus familiares e amigos, qualquer noticia, ligara para o numero 0800 655... - Estão preocupados com...