Capítulo 11

346 50 24
                                    

Emily...

Quando eu o vi parei de dançar na hora, não acredito que Jhon está em Boston, a ultima vez que eu o vi foi no julgamento antes dele ser condenado, e agora ele está aqui, é impossível. Dei um passo para trás e senti mão em minha cintura, me fazendo virar de uma vez assustada, foi quando eu olhei para o Carlos, que me analisava preocupado.

- Emys, tudo bem? - ele perguntou tocando meu rosto. - Você está pálida, e suando frio, o que foi?

- Me tira daqui, por favor. - pedi já entre lagrimas, e olhei para onde eu o tinha visto e Carlos seguiu meu olhar preocupado, e ele não estava mais lá, mas isso não diminuiu meu medo.

- Claro, vamos falar com Mike e Bella. - o latino não fez mais perguntas, o que me deixou mais aliviada, em vez disso ele pegou minha cintura e me guiou aos meus amigos.

Quando eles nos viram vieram em minha direção preocupados, Bella me abraçou apertado e não relutaram quando pedi para ir embora, e fomos para o carro em silencio, e no caminho percebi que não estávamos indo para os dormitórios, e nem me importei, só fiquei encolhida no banco sendo consolada pela minha amiga, e de vez em quando recebia um olhar preocupado do Carlos, que mesmo em silencio eu sabia que ele queria saber o que foi essa minha mudança de humor.

Chegamos em seu prédio e ele nos guiou até o elevador, e quando estávamos subindo o telefone do Carlos toca.

- Oi papi...- ele fala e espera a resposta na linha. - ... Eu sei, eu sei, desculpa não ter ligado hoje.... tudo bem, desculpa, ta.... Pode falar pra todo mundo que eu estou bem, estou inteiro... Papi e que eu sai com alguns amigos, eu estou chegando em casa agora.... Eu não ouvi o celular está bem.... - Carlos aperta a ponte do nariz cansado enquanto seu pai fala na linha, e pela sua expressão a conversa parecia seria. - ... Papi, eu estou cansado, será que podemos conversar pela manhã?.... Ok, amanhã eu ligo... Também te amo.

Ele finaliza a ligação e suspira alto e depois me olha preocupado, Mike e Bella não falam nada, e quando o elevador para no apartamento do latino todos saíram em silencio e eu me joguei no sofá esquecendo das boas maneiras, a única coisa que eu quero no momento e me enterrar em baixo de um cobertor e esquecer que eu vi aquele psicopata.

Senti o estofado ao meu lado afundar e uma mão colocar uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, e beijar minha cabeça me abraçando de lado, foi então que eu não aguentei desmoronei, chorei tudo que tinha guardado desde o momento que eu o tinha visto naquele bar, chorei muito, e quando me acalmei, senti que os braços que me acalentavam, me pegaram no colo me levando para o quarto, e quando eu fui ver quem era, descobri que era Carlos, que ele tinha ficado comigo a todo momento.

Chegamos até seu quarto, e ele me colocou sentada na cama, ainda em silencio e se abaixou para tirar minhas botas, e assim que tirou à colocou ao lado do criado mudo, e depois parou em minha frente e limpou meu rosto com os dedos, e beijou minha testa.

- Vou chamar a Bella, para te ajudar a trocar de roupas, vou procurar um pijama da minha irmã para te deixar confortável. - ele iria sair do quarto quando eu peguei sua mão o impedindo de andar.

- Fica. - minha voz saiu em um sussurro.

- Não vou a lugar nenhum, só que não tem como eu te ajudar a se arrumar, então depois que você terminar eu volto, está bem? - ele perguntou olhando para mim e eu concordei em silencio. - Já volto.

Então ele saiu pela porta me deixando sozinha naquele quarto, olhei em volta e me encolhi de medo, até a porta ser aberta pela minha amiga, que carregava em sua mão o pijama, ela me ajudou a me arrumar e quando terminou pegou um demaquilante, para tirar minha maquiagem, que deve está horrível pelo choro.

- Minha querida, o que aconteceu para te deixar assim? - ela perguntou preocupada.

- Ele saiu da prisão. - falei com a voz embargada olhando para porta, a espera do Carlos.

- O... o que? - ela se senta ao meu lado assustada. - Co... como?

- Não sei, mas eu o vi no bar, e estava me encarando. - falei com a voz falha.

- Meu Deus, Emily, isso é horrível, como podem deixar um monstro daquele sair? - minha amiga parecia zangada, mas eu não liguei.

A única coisa que eu queria é o Carlos, e como se lesse minha mente, soam batidas na porta e ele abre com cuidado, entrando, e então eu pude ver que ele tinha tomado banho e trocado de roupas, porque ele só trajava um calça de moletom e seus cabelos estavam úmidos. 

- Oi. - ele falou timidamente, e nós respondemos. - Posso entrar?

- Claro, o quarto é seu. - Bella falou brincando para aliviar o clima, e ele sorriu de lado envergonhado, então minha amiga olhou para nós dois e falou. - Então, vou indo trocar de roupas, nos falamos amanhã. - Ela se levantou e beijou minha testa e saiu do quarto.

- Como você esta? - Carlos perguntou ainda de pé.

Eu não falei nada, só estiquei minhas mãos o chamando, e ele veio em minha direção deitando na cama, e me puxando para o seu peito, ficamos assim durante um tempo, ele fazendo carinho em meus cabelos e eu escutando as batidas do seu coração.

- Eu vi meu padrasto naquele bar. - sussurrei, e ele me abraçou um pouco mais forte para demonstrar que estava ouvindo. - Ele estava preso a seis anos. - respirei fundo para controlar as lagrimas.

- Ele... ele abusou de mim dos meus dez a quinze anos de idade. - pude senti ele ficar rígido em baixo de mim. - E... quando minha mãe descobriu o que ele fazia, tentou denunciar, mas ele á matou antes, mas eu consegui fugir, e então ele foi preso, e eu fui colocada no sistema, por não ter ninguém para cuidar de mim, foi onde eu conheci Bella.

Ele ficou em silencio durante um tempo, e quando eu iria pedi para ele falar alguma coisa ele beijou minha cabeça e me apertou mais contra si.

- Minha mãe quase foi abusada, pelo avô da minha irmã postiça, quando eu tinha oito anos, e eu vi tudo, mas ainda bem que eu consegui impedi. - ele levantou o braço esquerdo, e eu pude ver pela iluminação baixa do abajur, uma fina linha branca em seu braço, então eu constatei ser uma cicatriz antiga. - Ganhei quinze pontos e síndrome do pânico com crise de ansiedade, mas pelo menos consegui salvá-la, não contamos para ninguém, foi um pedido da minha mãe e como eu era pequeno acatei sem pestanejar, mas isso me assombra até hoje.

Me levantei, e sentei para poder vê-lo melhor, e quando eu olhei em seus olhos, pude ver que ele estava revivendo esse dia, assim como eu revivo os meus, fiz carinho em seus rosto e pude ver seu olhar mudar, e ele sorri de lado, e então pegou minha mão de beijou, e colocou em seu peio.

- Dois anos depois fomos para o aniversario da Flynn, minha irmã postiça, minha madrasta ainda era casada com o pai dela, e minha mãe já tinha falecido. - ele respirou entre cortado. - E ele estava lá, eu vi que ele olhava para minha irmã da mesma forma que olhava para minha mãe, e isso me deu nojo. - ele fechou os olhos e eu vi uma lagrima caindo. - A família do pai da Flynn sempre foram preconceituoso, com ela e minha madrasta, e com a gente que éramos latinos, e foi neste dia que eu não aguentei mais, contei tudo que tinha acontecido com minha mãe. - ele abriu os olhos e me olhou tão profundamente, que pude ver as chamas de raiva em seu olhar. - Meu pai socou tanto a cara daquele desgraçado, e eu me deliciei com tudo, e no final ele foi preso, seis meses depois descobrimos que ele foi encontrado morto na sua sela.

Olhei para ele espantada, não sabia o que dizer, e nem precisei, Carlos me abraçou, e eu afundei minha cabeça em seu pescoço chorando muito, por mim em por ele, chorei por nossas dores, e pelas sombras do passado que carregávamos.


Sombras do PassadoOnde histórias criam vida. Descubra agora