- Feliz Natal!
- Hoje é a véspera.
- Eu sabia que você ia dizer isso - riu - Feliz véspera de natal, está bom pra você?
- Não - respondi e de repente me senti triste - É nosso primeiro natal e não estamos juntos.
- Eu sei - Jisung suspirou do outro lado da linha - Mas estou feliz que você está se saindo bem, quanto tempo faz que está aí? Um ano?
- Acho que sim, eu realmente não me lembro - sorri pensando em como o tempo passou rápido.
- Chan vai te visitar, ele se formou no ensino médio. Eu estou de férias da faculdade, mas ainda trabalho no restaurante e não vou conseguir ir. Espero que você entenda, preciso do emprego pra criar Dongyul.
- Sei disso - senti uma certa angústia no peito - Quando eu sair daqui, vou voltar a estudar e trabalhar. Vamos criar Dongyul juntos.
- Nosso bebê.
- Nosso bebê - repeti com um sorriso enorme em meu rosto.
- Me diz, como está se sentindo? Como está o tratamento?
- Difícil, com o tempo vai piorando, mas eu estou bem. Como você está?
- Cansado - suspirou - Mas bem, Jeongin e Bang Chan me ajudam muito. Não vejo meus pais a algum tempo, parece que eles também foram pra reabilitação. Eu me sinto melhor agora, é difícil falar isso, mas estou melhor sem eles.
- Não se sinta culpado - respondi - Eles não te faziam bem, é melhor se afastar do que continuar se machucando.
- Eu sei.
Ficamos em silêncio por alguns segundos, Jisung respirava baixinho no telefone e meu coração apertou de saudade.
- Eu tenho orgulho de você, Jisung.
Ele riu baixinho, me fazendo imaginar seus olhos ficando pequenos.
- Obrigado - respondeu.
- Tenho uma consulta agora antes da festa de natal.
- Certo, vamos levar Dongyul pra ver as luzes de Daegu. Te ligo depois, eu amo você.
- Eu também te amo, Hannie.
Desliguei o telefone sentindo o mesmo aperto no peito que sentia todos os dias, mas agora era tão familiar que não me surpreendia tanto.
O tempo na Crossroads passou rápido, mas em um certo momento, começou a ficar devagar. As coisas eram difíceis no começo, mas olhando pra trás agora, vejo que eram fáceis demais.
Yuto uma vez me disse que a maior dificuldade na Crossroads era o tempo, mas eu não entendi o que ele quis dizer, e tampouco perguntei.
Quando as coisas estão bem, mesmo que pareçam estar ruins, é tudo mais fácil no começo. O tempo passa rápido, sair do dormitório não é tão ruim, as mudanças de humor não são tão bruscas e repentinas, e a abstinência é suportável.
Depois, o tempo para, e tudo se torna difícil.
Levantar da cama parecia exigir toda a força do meu corpo, comparecer nas aulas me deixava de mal humor, conversar com os outros me cobrava muito esforço, e a vontade de desistir de tudo e voltar a ser como era antes, se tornava mais tentadora a medida que os obstáculos cresciam.
Wooseok era um dos pilares que me sustentava. Depois daquele acordo selado a alguns meses atrás, criamos uma certa dependência um do outro que nos obrigava a melhorar.
No começo, arrancar Wooseok da cama e fazê-lo comparecer em cada aula era muito mais difícil do que eu pensei que seria. Ele gritava com os outros as vezes, tinha crises de choro, tentou fugir da clínica mais vezes do que eu possa me lembrar. Mesmo assim, me dediquei a fazê-lo se acostumar de modo que não fosse tão difícil participar como os outros pacientes.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...