As paredes amarelas tinham fotos do psicólogo e alguns pacientes, alguns vasos de plantas no canto do cômodo e desenhos na parede.
Nada de camisas de força.
Na sala havia uma mesa com duas cadeiras, uma estante com livros, um pequeno sofá e uma televisão.
O ar era gelado, mas apesar disso, o ambiente era confortável com a luz do sol que entrava pela janela, e o vento forte que balançava as folhas das árvores lá fora.
Seungmin, o psicólogo com cara de estudante do ensino médio, me pediu pra sentar onde eu me sentisse mais confortável, e ofereceu um sorriso quando se sentou na sua mesa e puxou uma ficha em branco.
— Lee Minho, ou devo te chamar de hyung? Vejo que é mais velho que eu.
— É tão óbvio assim? – sorri.
— Não se preocupe, você está conservado – brincou.
Ele posicionou a ficha em branco na mesa, pegou uma caneta preta, e abriu uma gaveta de onde retirou uma folha de sulfite em branco que foi colocada na minha frente.
Me entregou um lápis e uma borracha, e ajeitou os óculos no rosto antes de começar.
— Vou fazer algumas perguntas básicas. Enquanto isso, por que não faz um desenho pra mim?
— Um desenho?
Eu não cheguei a concluir meu curso de psicologia, mas sabia que eles usavam desenhos pra conhecer melhor seus pacientes. Entretanto, desenhar com vinte e cinco anos parecia um pouco infantil.
— Isso, desenhe uma pessoa.
Olhei pro papel em branco, incerto sobre como começar porque não fazia isso a um bom tempo. Coloquei o lápis sobre o papel, tentando me lembrar de quando desenhava no jardim de infância antes de começar.
— Então, senhor Lee, você se internou por conta própria?
— Sim – respondi quando movimentei o lápis pra começar o desenho – Eu precisava.
— Fico orgulhoso de você – sorriu – É raro recebermos uma internação voluntária, é muito difícil pra um dependente perceber que precisa de ajuda. Você consegue ver o quanto foi corajoso?
Corajoso não era a palavra. Na verdade, não conseguia ver nenhum ato de coragem em alguém que só queria reparar os erros que cometeu pra não acabar machucando as pessoas que ama.
— Não – respondi enquanto desenhava o corpo de um homem – É apenas minha obrigação já que magoei as pessoas.
— E corajosos cumprem com suas obrigações – respondeu – Você teve o apoio da sua família?
— Do meu namorado e dos meus amigos, na verdade.
Continuei desenhando sem fazer contato visual com ele, mas vi pelo canto do olho que ele sorriu e arregalou os olhos.
— Você tem um namorado? Conte-me mais sobre ele.
Eu o olhei com receio. Apesar da sua expressão feliz, eu não entendi qual intenção ele tinha com aquela pergunta, e ele logo percebeu o que eu estava pensando.
— Se é isso que está pensando, eu apoio todas as formas de amor, com toda a minha sinceridade.
Respirei aliviado. Seungmin não parecia esse tipo de pessoa, e sua expressão ficou feliz quando ele me ouviu falar sobre Jisung, mas mesmo assim, era estranho a forma como ele fazia aquele interrogatório parecer uma conversa casual, o que talvez tenha me assustado um pouco.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...