14. BROKEN PEOPLE

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Meus olhos se abriram devagar, e uma luz branca fez eles arderem. A visão era turva, mas conseguia enxergar o teto e as paredes brancas, assim como os lençóis que me cobriam na cama.

Minha cabeça doía, e por algum motivo, meu peito estava dolorido como se eu tivesse me machucado, apesar de não ter curativo nenhum.

Um catéter em minha mão ligado a um suporte de soro fisiológico, ou talvez algum remédio, não conseguia enxergar o que o papel dizia e nem me lembrar de nada do que aconteceu. Minha última memória era de Hyunjin, e meu coração doeu quando escutei a voz dele nos meus pensamentos.

Deve ter sido um sonho, ou alguma alucinação. Eu prefiro que seja um delírio do que pensar na possibilidade de ser real, porque meu coração se quebraria em milhares de pedaços, só de pensar que Jisung poderia ser mais feliz com outra pessoa.

- Você acordou - ouvi a voz doce dele, e virei pro lado com rapidez até encontra-lo sentado em um sofá pequeno com duas olheiras enormes nos olhos.

- Hannie - estiquei minha mão e ele se levantou - O que aconteceu? Onde está Dongyul?

Meu corpo todo estava dolorido, minha boca seca e meu estômago completamente vazio, mas nada disso era pior do que a dor de cabeça infernal que piorava quando eu tentava me lembrar do que houve.

- Você teve uma crise de ansiedade, e Dongyul está em casa com Jeongin.

Me lembro de ter vindo ao hospital com Jisung porque estava com febre, e então nos encontramos com Hyunjin na portaria, onde ele disse todas aquelas coisas.

- É verdade, não é? - engoli em seco - O que Hyunjin disse.

- É - ele abaixou a cabeça e segurou na minha mão.

- Por que não me disse que ele gostava de você?

- Eu não sabia também - ele tentava segurar o choro, provavelmente cansado e sobrecarregado, sem forças pra começar aquela conversa - Ele mentiu sobre tudo.

- Ele se desculpou. Você seria muito mais feliz com ele do que comigo - acabei falando em voz alta sem perceber.

- O que? - ele riu com escárnio, seus olhos começavam a lacrimejar - Você não pode estar falando sério, Minho.

- Eu pareço estar brincando? - o olhei com frieza.

- Olha tudo que a gente já passou - ele soltou minha mão e seus olhos carregavam um pouco de raiva - Se eu gostasse de outra pessoa eu não estaria do seu lado agora.

- Isso não vai fazer bem pra você, qual a dificuldade de entender, Jisung? Você nunca vai ser feliz comigo, e você nem sabe se eu vou conseguir me livrar do vício um dia. É isso que você quer? Passar o resto da sua vida ao lado de alguém que é idêntico ao seus pais?

As palavras saíram em uma única lufada de ar, me deixando ofegante, com os olhos queimando em lágrimas que eu já não sabia mais se eram de nervoso ou tristeza.

Jisung voltou a se sentar no sofá, com a cabeça entre as mãos e um choro silencioso. Era nossa primeira discussão de verdade, diferente daqueles desentendimentos bobos que tínhamos de vez em quando, agora meu coração doía tanto quanto o dele.

- Eu larguei tudo por você, Minho. Eu acreditei que eu, você e Dongyul seríamos uma família, mas os seus problemas continuam te impedindo de ver isso, e parece que nada que eu faça é o suficiente pra te fazer entender que eu quero ficar.

Senti meu rosto quente com as lágrimas, e a voz fraca e quebrada dele parecia esmagar meu coração.

Jisung jamais entenderia o meu lado, e não ia conseguir enxergar que seu futuro estaria arruinado caso escolhesse viver assim, cuidando de alguém doente e explosivo, sem saber se um dia eu conseguiria me curar, ou se passaria o resto da minha vida trazendo problemas e o deixando infeliz e cansado.

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora