Morrer é bom, quer dizer, não é tão doloroso quanto parece.
Algumas memórias passam diante dos seus olhos, memórias que você não conseguia acessar desde que era uma criança, momentos bons e ruins carregando emoções diferentes que você sentiu ao longo da vida.
Não há dor, porque quando ela se torna insuportável, acaba desaparecendo. Só o que é real é o filme da minha vida que passa diante dos meus olhos em menos de cinco segundos.
E então, estou morto.
Tudo acabou, todas as memórias se foram. Não há dor ou arrependimento, pelo contrário, a única coisa que consigo sentir é paz.
Há uma imensidão de girassóis em volta de mim, o amarelo das flores se perde no horizonte, no azul do céu e nos pinheiros que cercam as montanhas. O ar é fresco e a brisa leve, não há som nenhum, como se o silêncio representasse a calma.
Caminho em meio aos girassóis, sem qualquer pensamento em mente. Me sinto calmo, como não me sentia a algum tempo, mas sinto que uma parte de mim foi deixada pra trás.
Continuo a andar, mas não sinto que estou fazendo a coisa certa. As colinas, o céu e os girassóis fazem a combinação perfeita do lugar mais bonito que eu já estive, mas algo me diz que tem algo de errado. Sinto que preciso voltar, mas voltar pra onde?
- Minho! - alguém gritou. Eu me virei pra trás, mas não havia nada além do sol quente e o vento forte me atingindo. Tento respirar, mas parece difícil. Estou sufocando.
O céu está nublado agora, e o vento me atinge com força me fazendo perder o ar mais uma vez. Eu caio entre os girassóis, tentando me agarrar nas flores pra não ser levado pelo vento, sem conseguir respirar ou me manter firme. Sinto um sopro de ar na minha boca, e então, os girassóis desaparecem.
Há uma parede amarela, mas minha visão ainda está escura. Há um rosto embaçado também, e assim que pisco algumas vezes a visão melhora, tem água em seu rosto, quer dizer, tem gotas escorrendo pelos seus olhos. Está chorando. Eu nunca vi Bang Chan chorar.
Ele soltou um suspiro de alívio, carregando um ruído da sua voz fraca que se esforçava pra não desabar. Eu estou no chão, minha cabeça está em seu colo, e ele me olha de um jeito triste.
Não consigo entender o que aconteceu, e também não sei o que dizer ou fazer, mas meu coração não aguenta mais.
A dor me atinge muito mais forte, não consigo controlar, pois, antes disso, eu soluço. As lágrimas escorrem dos meus olhos com rapidez, minha barriga se contrai a medida que choro cada vez mais alto e sentido. Meu peito queima com a dor. É muito forte. Eu não consigo.
Sinto os braços de Chan puxando meu corpo pra cima, e assim que estou próximo o suficiente, eu o abraço. Nunca tive um pai ou um irmão, e raramente abraçava minha mãe, mas quando seus braços me sustentam e acariciam minhas costas, eu sinto como se ele fosse minha família.
Ele funga de vez em quando, mas nunca cede ao choro alto e sofrido pelo qual eu me rendi. Bang Chan me segurou por praticamente uma hora no tempo cronológico, mas no meu tempo, foi como se ele tivesse me abraçado a vida inteira.
Depois disso, ele passou meu braço pelos ombros dele e me guiou até a cama. Me cobriu, ainda em silêncio, sabendo que eu não tinha vontade de falar.
Uma toalha molhada foi colocada na minha testa, e uma garrafa de água no criado-mudo. Ele me deixou chorando sozinho por algum tempo, e voltou com uma xícara de chá quente me pedindo pra beber pelo menos um gole.
Mesmo com todo o meu corpo doendo e minha cabeça tonta, eu me esforcei pra beber três goles do chá e senti meu estômago revirar.
- Quando você acordar vai precisar comer - disse baixinho. Então eu entendi que o chá era, na verdade, um calmante.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...