Os raios de sol atravessavam a janela do quarto, queimando minhas pálpebras, me fazendo despertar do sono leve que tive durante a noite.
Os pássaros cantavam lá fora, e a fresta na janela me deixava enxergar o céu azul, e algumas árvores do jardim do hospital. É um dia bonito, e eu sei que acharia isso se estivesse encarando a rua da minha casa depois de Jeongin me obrigar a tomar sol, mas como estou sozinho em um quarto de hospital, escutando crianças chorando, é um dia péssimo como qualquer outro.
Respirei fundo, tentando afastar as memórias que sempre invadiam minha mente no período da manhã, me fazendo relembrar todos os momentos bons que vivi com meu namorado, meus melhores amigos, e até meu bebê recém chegado.
Levantei da cama empurrando o suporte do soro, e me apressei em tomar banho sozinho antes que a enfermeira chegasse insistindo em me ajudar.
Quando deitei na cama de novo, me sentia limpo, porém, extremamente exausto. Liguei a televisão em um canal qualquer, observei o sangue voltando no catéter devido ao tempo que fiquei com a mão levantada, e acabei fechando os olhos sentindo a dor extrema no meu corpo.
Segundos depois, a enfermeira abriu a porta com força, colocou meu café da manhã na bandeja, me desejou um bom dia e foi embora assim que eu disse que já havia tomado banho.
O café da manhã era sempre o mesmo, um copo de café sem açúcar, várias torradas e biscoitos sem sal, e um potinho de geléia de morango que era a única coisa que eu gostava de comer.
Passei a geléia em uma das torradas, dei um gole no café, e afastei a bandeija, sem estômago pra comer mais do que aquilo mesmo sentindo minha barriga roncar.
Ouvi três batidas na porta, e me esforcei pra sentar quando vi a barra do jaleco branco se aproximando.
— Bom dia, como se sente?
— Bem – menti, como fiz nos últimos dois dias.
— Seus batimentos e pressão arterial já estão estabilizados. Está sentindo dor no corpo ou algum outro sintoma? – disse enquanto anotava alguma coisa na minha ficha.
— Não, eu estou bem – tentei sorrir – Já vou poder ter alta?
— Ainda não, tenho receio que passe pelos sintomas da abstinência sozinho, seu corpo ainda não está forte o suficiente.
— Então vou ficar aqui pra sempre?
— Não – riu fraco – Só até que melhore. Faz quanto tempo que não faz uso de heroína?
— Mais de duas semanas, eu acho.
— E você sente vontade de usar?
Tentei mentir, mas, seria ridículo da minha parte tentar mentir para um médico, quando ele sabia que minha vontade insaciável de usar as duas drogas de novo em grande quantidade era enorme.
— Sim – engoli em seco, envergonhado por admitir isso – Muita.
— É um ciclo vicioso, Minho. Você usa cocaína e se sente angustiado, e em seguida usa heroína pra acabar com toda a angústia. O vício mistura fatores psicológicos, sua saúde debilitada, e sua arritmia que pode leva-lo a morte caso use cocaína de novo. Nosso hospital não é especializado em tratar casos como esse.
— O que quer dizer com isso? – o olhei com confusão.
O médico buscou um papel entre os varios que tinha em sua mão, e me entregou um panfleto colorido.
— É uma clínica de reabilitação para dependentes químicos, ela fica em Seoul. Assim que você estiver bem, podemos transferi-lo pra lá, caso queira. Eles são especializados em casos como o seu, e suas chances de se recuperar é muito maior do que fazendo uma desintoxicação por conta própria. Quase ninguém consegue sozinho, Minho. Você precisa receber um tratamento adequado, só assim conseguirá ficar sóbrio novamente.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...