- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)

29. BORN AGAIN

— Minho?

— Minho, sou eu, Jisung.

— Fala comigo, por favor. Preciso saber como você está.

— Minho?

— Alô?

— Oi... Alô, a ligação está ruim – sua voz começou a chiar – Minho? É você? Me responde.

— Não, pare de ligar. Ele não vai falar nada agora.

— O que? Quem é você?

— Wooseok, você sabe. Ele não fala com ninguém. Ligue daqui uns dias.

— Ele está bem? – perguntou – Eu não consigo te ouvir direito, ele está bem?

— É claro que não, ele está péssimo – bufou – Te ligo se ele voltar ao normal

— Obrigado – suspirou com tristeza.

— Tá.

O telefone foi deixado de lado, e ele se sentou de frente pra mim. Poderia dizer qualquer coisa que fosse, mas meu corpo não recebia nenhum comando do meu cérebro. Estava preso dentro de mim mesmo.

— Sabe, eu ignoro a maior parte das coisas que você fala. – respirou pesado – Mas, agora, eu gostaria que você falasse alguma coisa.

Não sabia o que dizer, mas tentei fazer qualquer som que provasse que eu estava o escutando. Não funcionou. Meu corpo estava congelado, e minha mente pensava tão rapidamente que me impedia de ver as coisas de forma clara.

Foi tudo rápido demais, e depois, ficou silencioso. Não conseguia me lembrar de muita coisa, os flash's de memória eram tudo que tinham me restado, mas cada vez que a lembrança se tornava nítida, meu coração se acelerava a ponto de me fazer sentir mal.

Então, antes que tivesse a oportunidade de lutar contra isso, minha mente me impediu. Os sentimentos se misturaram com as lembranças incessantes, e meu corpo se transformou em uma prisão. Meus olhos vazios se prenderam em um ponto qualquer, o suor frio escorreu pela minha testa, e depois disso, não consegui demonstrar reação nenhuma.

A dor era ainda maior, e por mais que tentasse tapar meus ouvidos, ainda conseguia ouvir a voz dela. Quando fechava meus olhos, conseguia vêr seus olhos tristes carregando medo, e quando piscavam, se transformavam nos olhos congelados de Soojin.

— Fique no seu quarto, Lino – ela acariciou meu rosto enquanto dizia com a voz firme – Não saia até que eu volte.

— Mamãe? O que ele vai fazer com você?

Sentia meu coração bater na garganta e meu corpo tremer. Ela me olhou por um momento e suspirou pesado.

— A mamãe já volta – respondeu e fechou a porta do quarto.

Meu corpo tremia e minhas mãos formigavam, por mais que tentasse pensar em outra coisa as memórias continuavam me assombrando. Queria voltar a realidade, queria dizer alguma coisa, mas assim que saía de uma memória acabava me encontrando em outro lugar.

Sentado em um dos bancos do jardim, com todos os outros pacientes conversando com suas famílias que vieram para o dia de visita. Não sabia quanto tempo havia se passado, minha mente não conseguia focar na realidade enquanto estava divagando por memórias do passado e traumas do presente.

— A Soojin está do mesmo jeito que você – ouvi a voz de Yuto e percebi que ele estava sentado do meu lado.

Não tive notícias de Soojin desde que tudo aconteceu, na verdade, não tive notícias de ninguém e de nada. Talvez tivessem me dito alguma coisa enquanto minha mente estava perdida, ou talvez perdi todas as minhas memórias e nada disso é real.