— Como você sabia? – perguntei – Eu nunca te disse... Eu nunca consegui te dizer! Como descobriu?
Ele suspirou, tinha um sorriso satisfeito no rosto enquanto brincava com a caneta na mão.
— Eu simplesmente soube – deu de ombros – Sem grandes explicações, sou bom no que faço.
Ainda continuei um pouco perplexo. Nunca cheguei a dizer em alto e bom som o que acontecia com a minha mãe, mas não achei que Seungmin fosse esperto o suficiente pra entender sem que eu falasse.
— Eu vi como você ficou depois do que aconteceu com Soojin. Teve um surto de raiva, depois entrou em estado de choque. Somente pessoas que revivem um trauma reagem assim.
Respirei fundo. Ainda não conseguia me lembrar direito daquela noite, haviam lapsos de memória e um vazio escuro onde não conseguia me lembrar de nada. Na verdade, essa não foi a única vez que isso aconteceu.
Quando parava pra pensar na minha vida, haviam incontáveis vazios escuros iguais aquele. Momentos que me entorpecia tanto que não conseguia me lembrar quem era, coisas que fiz sem ter consciência, momentos que perdi e não posso voltar atrás.
Agora, por mais que tenha a absoluta certeza que não quero voltar a ter a mesma vida de antes, meu corpo inteiro pede ela de volta.
— Você se sente melhor? Como foi conversar com Siyeon?
— Foi bom, foi... muito bom – minha respiração não conseguia ficar calma. Meu corpo agonizava com a abstinência – Eu não sei, eu não consigo pensar direito. Eu... eu não me sinto feliz.
— Minho, seu corpo está sobrevivendo com o mínimo da substância. A última coisa que você vai sentir agora é felicidade.
Estava difícil, mas eu não sabia que tinha como piorar tanto.
Depois daquela grande dose que me deram, o tempo pra diminuir de novo passou muito rápido. Era como se eu estivesse amarrado no trilho de um trem e ele passasse diversas vezes sobre mim. A sensação era pior do que tudo que já senti na vida, a agonia e o desespero eram tão grandes que pareciam uma faca cravando fundo no meu peito.
Tudo isso refletia no meu corpo. Meus músculos estavam fracos e tinham tremores, meus olhos carregavam olheiras enormes e roxas, e cada parte do meu corpo doía como se eu tivesse sido atropelado.
— Por que... – perdi o ar rápido demais – Por que parece que estou morrendo?
Seungmin sorriu disfarçadamente, e me fez pensar como ele poderia achar graça vendo alguém em uma situação daquelas.
— Você não está morrendo, Minho. Está renascendo – sorriu – Renascer é doloroso, mas são poucos que conseguem fazer isso. Já pensou quantas pessoas estão fadadas a viverem como são pra sempre?
— É... – ri sem nenhuma gota de humor – Faz sentido.
— Mudanças machucam mas valem a pena. Tenho certeza que Jisung está orgulhoso de você.
— Jisung? – engoli em seco.
Já fazia um tempo que não nos falávamos. Ele ligou infinitas vezes enquanto eu estava fora de órbita, e um dia, parou de ligar.
Depois daquela conversa com Jeongin, eu não tive coragem de dizer mais nada. Tive medo de ouvir algo ruim, medo de que ele realmente não estivesse mais apaixonado por mim e isso destruísse meu mundo inteiro.
Desde então, a preocupação vem me matando. São dias sem ouvir sua voz, sem dar alguma explicação ou dizer o quanto meu coração o ama incondicionalmente. Não conseguia fazer nada, estava em pânico. Todas as vezes que Bang Chan e Jeongin ligaram eu fugi desse assunto.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...