Acordei com o cheiro de café fresco.
No sonho, minha mãe terminava de fazer panquecas e preparar o café antes que eu fosse pra escola, mas o cheiro do café era tão forte que me fez acordar e perceber que era real.Jisung não estava na cama, mas o cheiro dele ainda estava no travesseiro. Ouvi barulho na cozinha, e quando percebi que ele estava lá, meu coração ficou mais tranquilo, mas ainda estava faltando alguma coisa, algo que eu já não experimentava a um bom tempo.
Abri a gaveta com rapidez, retirei de lá meu único saquinho de cocaína e cheirei metade do pó antes de esconder tudo e ir pro banheiro. Imediatamente me senti melhor depois disso, como se a dor no meu corpo e a tontura na minha cabeça fosse mais suportável depois da droga.
Nem me lembro qual foi a última vez que tomei banho. Entre tantos desmaios e horas de sono, não tenho noção de quanto tempo se passou, e nem que dia é hoje.
Lavei meu cabelo e escovei meus dentes, depois vesti um suéter preto e calça preta igual a todas as minhas outras roupas e finalmente fui até a cozinha, onde Jisung estava.
Ele cantava alguma música inaudível enquanto virava panquecas na frigideira, completamente imerso nos próprios pensamentos.
Eu me lembro de ter dormido abraçado com ele, e suas mãos acariciavam meu cabelo de vez em quando. Eu nunca tive uma experiência assim com ninguém, e pensar nisso me deixa com medo.
- Ah...- ele murmurou sentido, fazendo um biquinho triste - Acho que errei a letra.
Quando percebi, estava sorrindo enquanto o olhava. Fui em sua direção e o abracei por trás, distribuindo beijos no seu pescoço que fizeram ele rir e sentir cócegas.
- Bom dia, hyung - sorriu.
- Bom dia, Hannie.
- Dormiu bem? - Ele terminou a última panqueca e colocou o prato sobre o balcão, se sentando a minha frente e me dando um sorriso enorme com seus dentinhos tortos.
- Muito bem - sorri.
- Eu não sabia se você gostava de panqueca, mas foi o que deu pra fazer - riu.
- Eu gosto, a minha mã... - parei de falar imediatamente quando percebi que estava indo longe demais ao falar sobre ela - A minha vontade é comer todos os dias.
Coloquei mel por cima, e comi o primeiro pedaço, elogiando assim que senti o sabor familiar. Jisung sorriu, e só depois de ver que eu tinha gostado começou a comer.
Durante a refeição, ele tagarelou sobre a falta de comida saudável na minha geladeira e eu fingi me importar com isso até que terminássemos de comer. Enquanto colocava a louça na pia, ele tirou um prato da minha mão e me fez virar pra ele com as mãos cruzadas na minha cintura.
- Eu vou entregar alguns currículos hoje, eu estava pensando se...- desviou o olhar, com as bochechas começando a ficarem rosadas - Se você não queria vir comigo.
Me senti nervoso. Já fazia muito tempo que eu não saía, e tudo que entrava na minha casa vinha por delivery.
A ideia de ir lá fora não parece tão absurda. Na verdade, é claro que sinto receio em fazer isso de novo, mas não sinto tanto medo, e além do mais, não consigo negar nada que Jisung me pede.
Entretanto, não é o convite dele que faz com que eu fique em silêncio preso em meus pensamentos, e sim o que ele acabou de falar misturado com flash's de memória dos meus últimos dois dias.
- Você contou aos seus pais que perdeu o emprego? - pergunto, mesmo já sabendo a resposta. O único motivo que fez Jisung contar a eles sobre isso foi o fato de eu tê-lo enxotado pra fora da minha casa, e ele sem ter aonde ir, acabou tendo que enfrentar o que mais temia.
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- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...