21. NO SUN

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A tinta amarela escorreu sobre a superfície azul, manchando uma das pétalas da flor que demorei mais de vinte minutos pra fazer. Eu afastei o pincel, observando a gota rolar pela tela e destruir toda a pintura.

— Que merda – falei em voz alta, arregalando os olhos quando me dei conta que estava numa sala lotada de pacientes, onde o silêncio pairava segundos antes da minha voz ser ouvida.

Soojin, que pintava uma tela do meu lado, riu e olhou para Yuto, que tentava se manter inexpressivo mas não conseguia.

— Isso vai ser divertido – ela sussurrou – Obrigada pelo entreterimento, Minho.

Antes de perguntar sobre o que ela estava falando, percebi no que tinha me metido quando a professora de artes se aproximava de mim, e eu tentei colocar um sorriso no rosto como se não estivesse com vontade de destruir a tela e jogar tinta nas paredes.

— Que palavras sujas são essas, Lee Minho? – ela franziu o cenho indignada, e eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas quando todos olharam pra mim.

— Me desculpa, senhora Yang – me curvei brevemente e escutei Soojin rir de novo, e tentei segurar minha risada também.

— As tintas tem ouvidos, elas escutam tudo o que você diz e ficam magoadas. É por isso que seu desenho está manchado agora, provavelmente ela escutou o que você disse. Refaça e as trate com carinho, você pega o jeito com o tempo.

— Na verdade, professora – Yuto ria de verdade agora – Ele xingou depois de ter manchado a pintura. Acho que as tintas são só tintas mesmo.

Soojin riu mais alto, e todos que estavam na sala se juntaram a ela com uma risada silenciosa, exceto pelos pacientes mais velhos que reviraram os olhos.

A Senhora Yang tinha a expressão carregada de frustração, mas bufou antes de levantar as sobrancelhas e guardar as palavras sujas que ela tanto abomina em sua própria mente.

— Yuto, continue a sua pintura. Quero a atenção de todos, por favor – ela se moveu até o centro do círculo que fizemos na sala.

A professora com provavelmente mais de sessenta anos, voltou a pegar o papel impresso na mão e ler a segunda parte do texto sobre arte que ela mesma escreveu.

— Como eu disse anteriormente, a arte cria uma conexão surreal com seu autor. Sintam suas telas, sintam suas tintas e seus pincéis. Eles são seus melhores amigos, são quem vão ajudar vocês a representarem suas almas usando a arte.

— Nossa – revirei os olhos quando ela se virou pro outro lado, falando mais coisas que eu não dei importância – Por que ela é tão emocionada assim?

Soojin riu enquanto misturava tinta roxa com tinta verde, e se certificou que os pacientes começaram a conversar baixinho pra poder falar mais alto também.

— Yuto diz que ela deve ter algum problema psicológico – respondeu – Já eu acho que é só velhice mesmo.

— Todos os professores são assim? – ri ao perceber o quanto a mulher exagerava no discurso.

— Na verdade, todos eles são legais. A senhora Yang só é chata e exagerada, mas todo mundo gosta da aula dela por isso. É como um show de comédia. É engraçado ver que ela não sabe nada sobre arte quando chora vendo quadros de pacientes que pintam um botão de rosa, mas se você olhar de perto, o caule é um cigarro e ela nem percebeu.

Gargalhei baixinho e comecei a prestar atenção no drama da mulher.

— Pincéis são o guia da alma, a tinta é o espírito, e arte na tela é a representação da alma de vocês.

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora