11. BREATH OF LIFE

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As mãos dele seguravam ela pela cintura, os braços dela estavam caídos ao lado do corpo, sendo sustentada em pé pelas mãos nojentas que a seguravam. Era como uma boneca de cera.

O olhar dele era ruim, o sorriso de lado mostrava que ele se satisfazia com isso, com a dor dos outros, e o prazer de acabar com a vida de alguém sem sequer mata-la.

Era sujo. A forma como ele cheirava os fios de cabelo dela, e apertava seus dedos na sua pele me fazia dar ânsia. Mesmo assim, ela não se movia, como se estivesse cansada de lutar, ou como se já tivesse morrido.

— Vai pro seu quarto, filho – tinha os olhos grandes e negros em cima de mim – Você não vai querer ver o que vamos fazer agora.

— Deixa ela em paz – pedi sem muita força na voz – Por favor.

Ele riu, é claro que ele não atenderia meu pedido, mas também não parecia disposto a me expulsar, na verdade, sua intenção era que eu visse o que ele ia fazer.

— Vai, Minho – minha mãe falou com os olhos vidrados, sem olhar pra lugar algum, totalmente congelada – Saia daqui.

— Mãe, eu não vou te deixar sozinha com ele – insisti sentindo uma pontada de desespero – Ele vai fazer mal pra você.

— Você já me fez mal mais do que qualquer outra pessoa.

Senti meu coração doer, como uma facada profunda. Minha visão embaçou
com as lágrimas que se formavam, e eu tentei chegar mais perto dela mas minhas pernas falharam.

— Lino? – uma voz familiar veio de não muito longe – Com quem você está falando, amor?

Jisung.

Ele está aqui, em algum lugar. Por que não consigo vê‐lo? Será que ele é só fruto da minha imaginação?

— Sungie? – chamei, mas só conseguia ver as duas pessoas na minha frente – Onde você está? Você é real?

— Aqui – senti seu toque em meus ombros, olhei pro lado e só consegui ver seus olhos e o cabelo loiro bagunçado.

A imagem tremia e parecia se mover devagar. Mesmo quando a visão dos meus pais era nítida, parecia escurecer e se mover junto com a parte preta, como um limbo infernal.

— É ele? – ela perguntou – É ele que você ama?

— Sim, mãe.

— Ele não merece, Minho – seu rosto finalmente se expressou em tristeza e um pouco de pena – Ele é puro demais,  não merece o que você vai fazer com ele.

— Eu não vou fazer nada! - insisti, meu peito subia e descia rapidamente e eu tentei não acabar chorando mas falhei.

— Minho – o aperto dele em mim ficou mais forte – Com quem você está falando?

— Você sabe que vai – dessa vez foi meu pai quem respondeu, com sua mão subindo pelo corpo dela até parar em seu pescoço.

— Como você pode ser bom se veio de algo ruim? – ela tinha ódio em sua voz.

— Não... – gemi. A ansiedade começou a se instalar e impedir que eu respirasse – Eu consigo! Para com isso, eu sei que eu consigo! Eu vou fazer ele feliz!

— Como? – ela riu – Vai mata-lo também?

— Cala a boca! – minhas mãos tamparam meus ouvidos, minha boca ficou seca e meus pulmões tentavam desesperadamente respirar.

— Minho, olha pra mim! – senti ele pegar meu rosto entre as mãos mas a visão dos olhos dele ainda era turva – Não é ela, não é a sua mãe se verdade.

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora