24. WHERE I BELONG

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Minha cabeça dói e meu estômago ronca. Depois de acordar em um dos quartos da ala médica, deitado em uma cama com uma agulha em minha veia, a última coisa que eu esperava era que meu estômago estivesse roncando.

Me lembro de sentir um mal estar terrível que me fez suar frio e provavelmente desmaiar. Agora, só sinto dor de cabeça e uma fome gigante como se eu tivesse passado três meses desacordado.

A porta se abriu, o Doutor Kim entrou vestido com um jaleco hospitalar e Hui veio logo depois.

— Bom dia senhor Lee, como está se sentindo?

— Bem – respondi – Quanto tempo se passou?

— Apenas uma noite. Ontem a tarde você teve uma queda de pressão e achamos que seria melhor passar a noite na ala médica, mas se está se sentindo melhor pode voltar para o quarto. Sem muitas atividades por hoje, é claro.

Ainda me lembrava do corpo de Wooseok desacordado em meio ao sangue, e sentia um calafrio percorrer meu corpo quando a imagem passava pela minha cabeça. Não sei como meu coração não parou depois de ver aquilo.

— Está tudo bem com meu coração?

— Sim, mas você tem outra consulta marcada comigo, precisamos ver se o remédio está mesmo fazendo efeito. Assim que o café da manhã for servido os cuidadores vão te levar de volta pro quarto. Me avise se precisar de alguma coisa, desejo melhoras, senhor Lee.

— Obrigado.

O médico virou as costas e fechou a porta atrás de si, me dando passe livre pra rapidamente me sentar na cama e olhar pra Hui que esperava encostado na parede.

— O que houve com ele?

O cuidador respirou fundo e se desencostou até apoiar as mãos na cama de hospital.

— Conseguimos escondê-lo. Ele está bem, não se preocupe.

Respirei aliviado, como se minha sanidade mental dependesse daquela frase. Não entendia muito bem porque precisava tanto que Wooseok continuasse vivo, talvez pra não sentir culpa por possuir uma caneta guardada, ou talvez por compreende-lo de uma forma quase assustadora.

Wooseok era parecido comigo em algumas partes, e talvez por isso meu coração dói quando o vejo em um estado muito pior que o meu. Ao mesmo tempo, é difícil protege-lo, ajuda-lo, ou até mesmo ter compaixão com ele. Tudo isso parece me deixar doente.

— Eu jurei que tinha tirado tudo que seria um risco pra ele, mas como eu ia saber que ele ia abrir o corte com uma caneta?

— Não se sinta culpado, ele está fora de perigo agora. Acabou desmaiando pela perda de sangue, mas o Doutor Kim cuidou dele, muitos funcionários da clínica concordaram em escondê-lo.

Respirei aliviado, mas ainda me sentia estranho sobre tudo aquilo, e com a rapidez que tudo aconteceu e consequentemente me afetou.

— Tem algo acontecendo entre ele e Hongseok, não tem? Eu nunca vi ele dopar um paciente feito Wooseok com tanta facilidade, parecia até que eles se conheciam. Não acho que seja só um motivo profissional.

Hui discretamente bufou, parecia um pouco estressado e cansado desse assunto, mas ainda era educado e paciente comigo.

— Todos da clínica tem um certo carinho por Wooseok, ele praticamente cresceu aqui. Não sei se há algo entre eles, talvez você devesse perguntar se tiver a oportunidade.

— Não – respondi – Por enquanto não é da minha conta, mas ainda vou ajudar a esconder Wooseok, não se preocupe.

— Certo, vou buscar seu café da manhã.

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora