Eu nunca pensei que fosse amar alguma coisa mais do que eu amo o vício.
A sensação de estar a deriva, afogando em mar aberto, e de repente, estar comandando um navio e domando as águas e ondas, como se nunca tivesse naufragado.
Dessa forma eu me sentia, cada vez que estava a beira de um precipício, sem qualquer motivo pra manter meus pulmões respirando, e então, um líquido injetado na minha veia transformar todo o sofrimento em paz, prazer, e calmaria, acalmando as ondas de tristeza que aos poucos levavam meu corpo pro fundo do mar.
Com o tempo, a sensação anestésica foi se tornando mais do que um vício, na verdade, ela se tornou minha fonte de vida.
A cocaína acelerava meu coração, dilatava minhas pupilas e provocava a sensação gostosa de euforia, alucinações e desespero. Quando meu corpo chegava no limite, a euforia se transformava em depressão, ansiedade e violência, mas quando a heroína era injetada, tudo ficava bem e eu podia finalmente me sentir em paz.
Quando Bang Chan e Jeongin decidiram me ajudar, eu sabia que esse prazer seria tirado de mim.
Com os meus desmaios e crises constantes, obviamente ele não aceitou repor meu estoque de droga, e usar o suficiente de acordo com o que Chan julgava como suficiente, foi o acordo selado para que ele me ajudasse a trazer Jisung de volta.
E foi aí que eu entendi, que o que quer que fosse o meu sentimento por Jisung, era mais forte do que eu pensei.
Durante os dois dias que Bang Chan e Jeongin frequentaram minha casa a cada dez minutos, ele controlou minha quantidade de droga e se recusou a me vender mais, o que contribuiu pra que eu tivesse um pico de mau humor que me fez atirar palavras cortantes nos dois o tempo inteiro.
Como eu pensei, Bang Chan não se sentiu incomodado todas às vezes que praguejei e falei coisas insensíveis pra ele quando ele não me deixava usar cocaína até perder a consciência. Na verdade, a única coisa que o atingiu com força foi quando minhas palavras foram direcionadas a Jeongin. Só isso fez ele gritar comigo na mesma altura, e me dizer pra calar a boca ou ele nunca ia me ajudar a encontrar Jisung. E guiado pelo medo, eu me calei.
Bang Chan parecia uma pessoa diferente agora, quer dizer, eu nunca dei muita importância pra quem ele era, mas as atitudes dele não condiziam mais com as de um traficante de ponta de esquina, e não precisei analisar muito pra entender que isso era influência de Jeongin.
Eu não entendia ou não me importava em saber o que a relação dos dois era, mas pareciam namorados, e não uma das fodas fixas que Chan mantinha com garotos que ele nem se preocupava em perguntar o nome.
Na verdade, Jeongin parecia alguém que ele queria cuidar, proteger, e ser melhor a cada dia. Bang Chan não se parecia com o mesmo homem que transava com cinco garotos diferentes por semana, e eu notei isso quando vi que Jeongin era a única pessoa que conseguia faze-lo sorrir, quando ele estava nitidamente esgotado.
Pensar nisso me fez lembrar que Jisung me causava o mesmo efeito, a vontade de cuidar dele, protegê-lo, e de tê-lo por perto o tempo todo.
Por outro lado, Jisung não deveria sentir a mesma coisa, afinal, eu sou apenas um viciado que o abrigou por alguns dias, deu seu primeiro beijo e em seguida espancou seu primeiro amor.
Ao contrário de Jeongin e Bang Chan, eu não conseguiria ser melhor pra Jisung, e muito menos fazê-lo ficar ao meu lado sabendo que eu sou seu maior perigo e a pessoa que lhe causaria mais mal do que bem, e que nunca poderia mudar, pois, o vício é tão forte que se tornou metade de mim.
É por isso que bem, no fundo, eu sabia que a melhor coisa pra Jisung era apenas ir embora, esquecer e fingir que nada nunca aconteceu. Mas deixa-lo ir era mais difícil do que eu pensei, e a ideia de nunca mais vê-lo parecia matar cada célula do meu corpo, e isso me obrigou a ser egoísta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)
FanfictionLee Minho tinha certeza sobre três coisas: 1: era um fracassado; 2: teria uma overdose antes dos vinte e seis; 3: nunca seria feliz. Minho pensava que o maior problema da sua vida era ser um viciado, mas em uma noite de sexta-fera, sua opinião mudou...