36. HOME IS WHERE YOU ARE

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Oi pessoal, o capítulo de hoje vai ser um arco do passado pra falar um pouquinho sobre o Wooseok, não terá tanta mudança nos atuais acontecimentos da história.

(Ps: o capítulo tá muuuito grande, espero que não tenha ficado cansativo :c )

Aproveitando pra agradecer vocês por cada voto, comentário e o apoio imenso que me dão. Sou muito grata ♡

TW: pedofilia, suicídio.

***

Outubro de 2010
Subúrbio de Daegu.

As pernas de Jung Wooseok tremiam, assim como seus lábios roxos e frios. Estava sentado no chão, sentia os saquinhos no bolso da calça que não deveriam estar lá mais.

Suas pálpebras abriam e fechavam, o coração batia forte movido ao medo. Já tinha se acostumado a viver assim, sempre em pânico, sem nunca conseguir uma gota de calmaria ou um momento tranquilo pra brincar.

Bang Chan estava ao seu lado, e ao contrário de Wooseok seu bolso estava vazio. Ele sempre foi melhor nisso, tinha a facilidade e o autocontrole que o garoto nunca conseguiu ter. Mas Bang Chan não se sentia melhor, pelo contrário, muitas vezes vendeu a parte de Wooseok pra não ver o garoto apanhar, e quando foi descoberto levou muito mais murros e chutes do que o irmão levou a vida toda.

Não conseguiam mais achar uma saída, eram constantemente vigiados e forçados a fazerem o trabalho sem trapaças. Wooseok se sentia como um peixe de água doce no meio do mar morto, não conseguia se encaixar e constantemente tinha a sensação de que estava morrendo. Queria viver como as crianças na televisão, mas seu pai costumava dizer que nada daquilo existia em Daegu. Sua esperança morreu com o tempo, e ainda assim não conseguia ser o filho que ele esperava que fosse. Estava condenado, tinha nascido na família errada e não conseguia ser diferente.

— Você não vendeu nada, não é? – Chan perguntou mas já sabia da resposta.

Wooseok balançou a cabeça em negação e limpou as lágrimas que escorriam pelo seu rosto. Precisava se manter forte, quando seu pai chegasse ia sangrar até de madrugada. A noite seria longa, não podia desabar tão cedo.

— Me dá – estendeu a mão – Eu assumo.

Wooseok olhou indignado para o irmão. Jamais veria ele apanhar daquela forma de novo, ainda mais sabendo que era sua culpa. Se não conseguiu vender o suficiente e não tinha dinheiro o suficiente, então ele merecia se sacrificar sem machucar ninguém.

— Não! – respondeu – Nunca.

— Woo, por favor – tocou o ombro do garoto – Sou seu hyung, esqueceu? Tenho que cuidar de você.

Sentiu o coração doer, mas não podia fazer isso. Bang Chan era a única pessoa que importava, o único pedaço de família que ele amava com todo o coração. Jamais deixaria que ele o protegesse de tal forma.

No dia seguinte, andaria pra mais longe, se infiltraria em mais boates e zonas proibidas pra tentar vender. Não deixaria que ninguém lhe expulsasse, duvidasse ou ameaçasse chamar a polícia para uma criança. Prometia isso todos os dias, mas sempre acabava fracassando.

— Até quando vamos viver isso, Chan-Ah? Parece que nunca acaba.

Chan respirou fundo, acariciando o ombro do garoto e tentando transmitir qualquer sentimento bom que restasse.

— Eu não sei, o papai disse que não tem mais nada pra gente – respondeu.

— Mas eu já vi, com meus próprios olhos! Crianças vão na escola e ganham brinquedos, por que não podemos também? Por que elas não precisam vender? Tem algo de errado com a gente? Ou com elas?

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora