18. LOVE'S ADDICT

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As malas estavam empilhadas no canto do quarto de hospital. Eram quatro delas, lotadas de camisetas pretas e roupas que eu nem sabia que tinha, cuidadosamente dobradas por Jisung que mandou Chan trazer pra mim na semana passada.

Era mesmo a hora de partir.

O dia amanheceu mais bonito que todos os outros, com o céu azul cheio de nuvens branquinhas, as folhas das árvores do jardim brilhando de tão verdes, e os raios de sol tão fortes que iluminavam todo o quarto vazio.

Eu finalmente tirei o pijama do hospital, vesti uma calça jeans, e me sentei na cama observando pela última vez a vista da janela, tentando captar todos os detalhes do céu de Daegu, pois não sabia quando o veria de novo.

— Está animado? – ela perguntou.

Eu nem sabia o nome da enfermeira, mas ela esteve por perto durante tanto tempo, que sua presença era tão confortável quanto a de alguém próximo.

— Eu deveria estar? – respirei fundo, sem ter a mínima ideia de como me sentir.

É claro que eu não voltaria atrás, afinal, essa era a decisão certa que eu já devia ter tomado a muito tempo, mas, eu não imaginava que seria tão difícil me afastar do lugar que vivi durante toda a minha vida, e das pessoas que eu queria desesperadamente por perto.

Quando eu disse a Bang Chan que tinha certeza sobre a minha decisão, ele não me contestou, porque sabia que era o melhor pra todos nós, e ficou orgulhoso quando viu que eu percebi isso sozinho.

Durante meus últimos dias no hospital, com meus machucados já cicatrizando e minha anemia desaparecendo, ele se certificou de cuidar de tudo pra mim.

Toda a herança de dinheiro sujo da empresa falida da minha família, que por anos foi gastada em álcool e drogas, agora tinha finalmente acabado. Todo o dinheiro saiu da minha conta, e pagou minha estadia na clínica de reabilitação mais cara de Seoul.

Era irônico pensar que, no final, esse foi o único gasto útil que fiz com aquele dinheiro, tirando as coisas que comprei pra Dongyul e as pizzas infinitas de Jisung.

Meu coração ainda apertava de saudade dos dois, e pensar que daqui pra frente seria cada dia pior e mais insuportável de aguentar, me causava um frio na barriga.

Eu estava disposto a tentar me recuperar o mais rápido possível, mas ainda tinha receio de quanto tempo isso ia demorar, se realmente ia acontecer, e se ia valer a pena me afastar da minha família por uma cura que nem sei se vou conseguir.

Esse medo cortante continua destruindo toda a esperança que tenho, mas, mesmo assim, eu continuo me mantendo de pé, e acreditando fielmente que todos vão esperar pelo meu retorno.

— Lá é um lugar bom, você vai gostar, senhor Lee.

Eu não sabia como imaginar uma clínica de reabilitação, e quando tentava imaginar, só conseguia enxergar solitárias e camisas de força.

— Nenhum lugar é melhor do que a minha casa – disse ao pensar em Jisung brincando com Dongyul na sala de estar.

Meus olhos sempre ardiam em lágrimas quando eu me lembrava do choro escandaloso de Dongyul, da forma como ele tentava alcançar o bico da mamadeira antes que eu colocasse em sua boca, e de quando ressonava baixinho no meu colo, me deixando desfrutar da sensação maravilhosa de poder protege-lo de todo o mal do mundo, quando, na verdade, não conseguia proteger nem a mim mesmo.

De todas as visitas de Jisung, nenhuma delas foi o suficiente pra acabar com o aperto enorme no meu coração.

Sentia falta de abraça-lo enquanto dormia, de escuta-lo reclamando sobre a minha bagunça como se fosse a coisa mais absurda do mundo, de ver seu rostinho vermelho quando ele estava com raiva, e assistir ele tropeçar em seus próprios pés quando vinha correndo pra me abraçar.

- 𝙇𝙊𝙑𝙀'𝙎 𝘼𝘿𝘿𝙄𝘾𝙏; (𝑚𝑖𝑛𝑠𝑢𝑛𝑔)Onde histórias criam vida. Descubra agora