Capitulo 29

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Tirar o gesso foi a melhor coisa que me aconteceu nos últimos dias, semanas ou meses! Nem me lembrava de como minha perna era leve e de como era pratico andar sem aquilo.  A primeira coisa que fiz claro foi tomar um banho, um longo e maravilhoso banho. Claro que logo após de sair saltitando pelo meu quarto e ter dançado algumas musicas do Just Dance.

Finalmente minha maré de azar tinha me dado uma trégua. Apesar de que eu sempre soube que a calmaria antecede a tempestade. Mas que os ventos soprem contra, por favor, obrigado! Eu e o Brian nos encontramos mais vezes e naquelas em que a Penélope não estava sempre ficávamos conversando.

Acabei me aproximando mais dele e conhecendo lados que não conhecia. Chega ser um pouco estranho quando você cria toda uma personalidade de uma pessoa apenas por alguns lados que conhece dela. O mesmo aconteceu quando conheci a Vanessa.

Extrovertida e mais animada do que o normal e, talvez, saudável. Imaginei que ela seria uma chata. E tudo bem que às vezes ela faz esse papel, quando me acorda em pleno domingo com alguma música animada e me chama para faxinar a casa como se tivesse me convidando para ir à praia paradisíaca: com total animação. Mas a verdade é que ela se mostrou alguém séria e até um pouco inspiradora. Sempre sabia o que falar e a hora de calar, de ouvir, de pensar.

Sem nem perceber, me tornei sua amiga.

O mesmo aconteceu com o Brian nas últimas semanas.

As maiorias das “reuniões” aconteciam em sua casa, as outras, na minha e apenas uma foi na casa da Penélope, sobre o olhar vigilante da sua mãe. Entre uma conversa e outra ele se mostrou bem mais do que imaginei. Seu amor pela fotografia e a forma como ele sofre (mesmo não confessando isso explicitamente) com seu pai controlador.

Antes que pudesse me controlar, estava lá eu, deitada em minha cama, esperando o sono vim enquanto passava nossas conversas, como se tivesse revendo as cenas preferidas de um filme. Sua risada alta, sua forma calma de falar, o jeito que ele mexia no cabelo, sua expressão quando tentava entender algo. Cada mínimo detalhe que passava em minha mente e varria meu sono para longe.

Agora, que os trabalhos foram apresentados, provas feitas e gesso cortado, eu não tinha mais motivos para vê-lo, nem para falar com ele no corredor. Cada vez que ele veio falar comigo na última semana, os olhos desafiadores da Cecilia me fitavam.  A impressão que eu tinha dela era como se ela fosse uma desses pássaros que defendem seus pequenos passarinhos com suas garras enormes e seus olhares assustadores.

A Vanessa entra no elevador e eu continuo empacada na frente das portas abertas.

- Você tem razão que isso é uma boa ideia? – Pergunto enquanto coloco minha perna no meio das portas, que estão começando a se fechar.

Sem nenhuma resposta ela apenas me puxa pelo braço, me fazendo entrar de supetão no elevador e soltar um pequeno grito.

- Se eu não tivesse, não estaria te levando. – Ela diz e me olha como “fique tranquila”.

Suspiro pesado e me deixo corroer pelo nervosismo e ansiedade durante todo o caminho. Mesmo com os covers acústicos maravilhosos do Boyce Avenue tocando. Nem mesmo essas músicas conseguem me fazer relaxar e nem me sentir em um daqueles clipes melodramáticos em que a mocinha olha pela janela do carro e começa a passar várias cenas lindas pelo vidro, como lembranças.

Tudo que consigo fazer é morder o canto da minha boca, já que estou totalmente proibida de agora em diante a roer as unhas. Não consigo entender porque estou tão nervosa. Não é como se isso fosse dar certo mesmo.

Ainda não sei o que estava se passando pela minha cabeça quando eu cogitei essa hipótese. Na verdade, eu não estava pensando. Tenho sérios problemas quando uma pessoa começa a contar coisas da sua vida, pois eu também começo a contar coisas que não deveria. Mas antes que eu possa perceber, lá estou eu: contando tudo e me deixando levar pelos conselhos.

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora