Capitulo 11

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Seco minhas lagrimas com as costas das mãos e me atrevo a olhar pro Brian. Ao contrario do que eu esperava, ele está com uma expressão séria, suas sobrancelhas estão unidas em uma expressão confusa e sua boca forma uma linha fina. Sua respiração é falha e ofegante e escorre gotas de suor pelas laterais do seu rosto.

Eu não digo nada. Não tem nada para dizer. Bom, se tivesse tudo bem comigo eu não estaria chorando, com essa roupa ridícula de dormir na escadaria do prédio.  Oh Céus! Minha roupa! Eu estou com um short de algodão cheio de morangos vermelhos e uma camiseta branca escrito “ but first, let me take a selfie”. Mas ele não pareceu ter notado nada.

- Você está me assustando com essa cara de paisagem. Dá para você me falar o que tá acontecendo? Escorregou na escada de novo? – Sua boa tenta segurar um sorriso e eu reviro meus olhos. Estou tão cansada que não consigo nem mesmo ficar chateada com seu comentário.

- Não estou pra papo. Só quero ficar sozinha, por favor.

- Sabe, tem horas que a melhor coisa que podemos fazer é desabafar com alguém. – Ele volta com sua expressão séria e cheia de compreensão e se senta ao meu lado na escada. – O que tá pegando?

Sua atitude me assusta um pouco. Ele mesmo que disse que não queria ser um príncipe em um cavalo branco e agora se senta ao meu lado todo preocupado? Será que ele não tem nada melhor para fazer? Sinto um bolo se formando em minha garanta e meus olhos começam a arder novamente. Não consigo segurar choro por muito tempo, mas dessa vez eu realmente não posso chorar. Não mais. Não com esse garoto do meu lado.

- Qual é a sua? Você tá aqui pra quê? Para amanhã correr na escola e contar para todo mundo o quanto eu sou uma boba que fica chorando escondida na escada do prédio? – Eu explodo e me levanto. Sinto a raiva tomar conta de mim novamente e começo a subir as escadas.

- Rebeca, claro que não! Você não está bem, olha só para você! Para de correr, por favor! – Quando estou no quinto degrau sinto sua mão presa em meu cotovelo. Me desvencilho do seu aperto, mas continuo parada na escada. A verdade é que eu não tenho para onde ir, se eu sair daqui eu terei que voltar para casa, afinal não dá para sair com pijama e descalça.

- Foi besteira. – Digo enquanto volto a sentar na escada. Ele se senta ao meu lado, tão perto que posso sentir seu braço roçar de leve pelo meu. Sua expressão está cuidadosa, como se tivesse esperando que eu falasse mais e como se tivesse prestando atenção a cada palavra que sai da minha boca. Desvio o olhar. – Foi uma briga com meu pai.

- Você quer falar sobre? Acho que pode ajudar...

- Por que você está aqui? – Volto a olhar para ele e vejo que minha pergunta o pegou de surpresa. – Você tem coisas mais interessantes para fazer, não?

- Sinceramente? – Sua expressão fica pensativa. Vejo que ele quer que eu responda a sua pergunta e balanço a cabeça em afirmativa. – Não faço a menor ideia. Estava voltando para casa e ouvi alguns barulhos, vim aqui e te vi assim e fiquei preocupado. Não é todo dia que eu encontro uma valentona chorando na escadaria.

- Valentona? Eu? – Solto uma gargalhada. – Você está louco.

- Claro que sim. Você é meio diferente, cheia de sete pedras nas mãos. É ousada e não tem papas na língua, fala o que quer e não tem medo. Parece frágil e delicada, mas é forte e fala de forma determinada.

Seus olhos estão presos aos meus. Eles me lembram um pouco os olhos do Guilherme, mas são mais esverdeados, não tem aquela profundidade, são rasos, claros. Tem toques de divertimento em toda sua expressão e é como se tudo para ele fosse simples, fácil e leve. Como se nada importasse muito e tudo pudesse ser resolvido.

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora