- Shiiiiiu! - Exclamo assim que tranco a porta do meu quarto. O Brian está com os sapatos nas mãos e um sorriso no rosto. Eu tento não olhá-lo para não cair na gargalhada de novo. - Fica quieto Brian, desse jeito meu pai vai acordar e te jogar pela janela! - Digo sussurrando e ele faz como se trancasse a boca e jogasse a chave fora.
Seu olhar está estranho. É como se me analisasse minuciosamente no escuro. As luzes ainda estão apagadas e a única iluminação é a lua, que deixa frestas sobre o meu rosto e o dele.
- Estou com medo disso dar problema para você... - Ele diz assim que acendo as luzes.
- Não vai. Não se você conseguir calar sua boca. - Dou uma piscada de olho. - Vou no banheiro, trocar de roupa e tirar a maquiagem. Vê se não faz barulho!
Saio sorrateiramente do meu quarto, fechando a porta de forma totalmente silenciosa. Eu realmente não faço a menor ideia do que me deu na cabeça para chamar o Brian para dormir aqui. Estou sem acreditar que são duas da manhã e ele está trancado no meu quarto.
Jogo uma água gelada no meu rosto como uma forma de me despertar desse transe. Depois de uma sessão de tortura e sacrifício consigo deixar meu rosto totalmente limpo e sem resíduos de maquiagem. Ser mulher realmente não é algo fácil.
Por fim, coloco meu pijama. Que é um moletom rosa e uma blusa de alças finas, para não ficar totalmente mendiga.
Escuto um barulho na cozinha e meu coração começa a acelerar rápido.
VOU MATAR O BRIAN!!!
- O que você está fazendo fora do quarto? - Me controlo para não gritar. A pessoa se vira e então vejo a expressão confusa/com raiva do meu pai.
- Como é que é Rebeca? - Ele coloca o copo de água na mesa e cruza os braços. Tento rir, mas sai algo extremamente forçado.
- Ai pai! Credo, é só uma brincadeira. - Dou um sorriso e pego um copo d'água. Ele continua me analisando até que eu dou um beijo em sua bochecha.
- Você acabou de chegar? - Ele diz assim que saio
- Que isso pai! Já tirei a maquiagem e até troquei de roupa! Tava quase dormindo, aliás. Só me deu uma sede. - Dou um sorrisinho e ele me analisa.
- Olha lá em Rebeca! Quem foi que te trouxe até aqui, essa hora? Não tinha dito que ia te buscar? Espero que você não tenha vindo andando sozinha nessa rua, de madrugada... Rebeca, Rebeca! - Sempre achei pai muito diferente de mãe, mas acho que quando um tem que assumir a responsabilidade do outro, fica uma mistura completamente aloprada. Nunca ouvi meu pai falando tanto na vida. Parece outra pessoa. Já minha mãe... vive quieta. E cheia de segredos.
- O pai da Penny se ofereceu para me trazer até aqui, já que ele sabe que moro perto e não queria que eu te incomodasse com tão pouca coisa. Relaxaaa, pai, já disse que tenho juízo! - Dou um beijo em sua bochecha e sigo pro meu quarto tentando andar devagar enquanto quero cair correndo.
Respiro fundo antes de abrir a porta. Fiquei com tanto medo que minha vontade agora é de soltar gargalhadas. Assim que abro a porta, me deparo com o Brian lendo atentamente algum livro. Antes que ele diga algo, faço sinal de silencio e uma mimica (ridícula, confesso) para demonstrar que meu pai está andando pela casa.
Dou o copo de água para ele que fica me olhando de forma engraçada, me fazendo ficar com vontade de rir.
- Para de fazer essa cara! - Digo e jogo meu travesseiro em cima dele.
- Você podia parar de ser implicante também, né? - Ele joga o travesseiro de volta para mim. - Você só gosta de romance? - Ele me pergunta voltando a pegar o livro que estava lendo assim que entrei. Vejo o livro que ele está segurando. É Métrica, da Colleen Hoover.
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Just a Year - (COMPLETA)
Teen FictionRebeca mora em São Paulo e está no último ano do ensino médio. Tudo que ela quer é apenas aproveitar esse último ano com sua melhor amiga e se formar logo. Mas o que ela não espera é que seu pai, com quem mantem uma relação conturbada há anos, lhe o...