Voltar para casa depois daquele fim de semana foi um grande sofrimento. Todo o meu fim de semana tinha sido maravilhoso. Principalmente depois que deixei na mala minhas inseguranças e medos e aproveitei um pouco o que meu coração tanto pedia.
Agora era hora de abrir novamente as malas e deixar os monstros escaparem.
Tem se tornado cada vez mais difícil ter que esbarrar todos os dias com o Brian e a Cecilia. Vê-la passando a mão em sua barriga que mal aparece ainda. A notícia já havia se espalhado pela escola e foram divido dois grupos: aqueles que ficavam babando o ovo do casal e os que olhavam torto. Eu estava à margem dos grupos. Estava completamente indiferente. Pelo menos aparentemente indiferente.
Estava optando por toda e qualquer forma de não parecer abalada. Mas ficava cada vez mais difícil quando o Brian me lançava seus olhares de desculpas e a Cecilia seus olhares provocadores.
Eu juro que tudo que eu mais queria era não sentir nenhuma palpitação dolorosa ao vê-los juntos. Mas nesses momentos meu coração se desligava da cabeça. Como em qualquer momento que envolve o Brian.
Eu e o Guilherme havíamos nos falado diversas vezes desde as ultimas duas semanas. Em uma de nossas conversas eu deixei claro, da forma mais gentil que consegui que, agora, meu coração estava completamente fechado. Trancado. E com a chave perdida.
Ele entendeu. E não se afastou. Isso de certa forma me alegrou mais, pois mostra que das duas uma: ou ele realmente me quer e está disposto a esperar um pouco (o que eu acho que é lindo, porém inútil) ou ele está realmente querendo minha amizade, mesmo que não consiga mais nada.
- Eu te avisei! – A Babi diz enquanto conversamos no skype . – Ele é um bom menino. Combina contigo, Becky. Um bom menino. Uma boa menina. Um bom casal.
Dou uma gargalhada e ela me olha impassível. Como se não fosse completamente engraçado e tosco o que acabou de dizer.
- Não me considero tão boa menina assim. – Digo após dar de ombros e me encolher embaixo do coberto enquanto coloco uma generosa colher de brigadeiro na boca. – Boas meninas não olham para o namorado dos outros. Boas meninas não nutrem sentimentos por maus meninos.
- Boas meninas caem na conversa dos meninos maus. Maus meninos não merecem as boas meninas. Eles merecem as más. E as más os merecem. – Ela diz como se fosse uma logica simples. – Por isso que eu estou sempre com os maus meninos. Má com mau não se parte. Bom com boa também não. São apenas as divergências que machucam.
Desde que eu conheci a Babi nunca a vi chorando por causa de um garoto. Nunca a vi triste ou pensativa . E às vezes eu chega a admirá-la por isso. Às vezes acredito que é melhor não sentir nada do que sofrer. Outras não.
- Você não é uma má menina. – Falo sorrindo e ela dá uma risada sem humor nenhum.
- Não pra você. – Ela pisca o olho e é minha vez de rir.
Isso é verdade. A Babi era conhecida por destruir corações. Linda e durona. Às vezes eu me pergunto se tudo isso não é uma mascara. Mas não, eu sei que não é. Ela é desse jeito desde que a conheci. E isso foi há muitos anos. Se tem uma coisa que eu sei é que ninguém consegue segurar uma mascara por muito tempo. Em algum momento ela cai. Nem que seja por um segundo. Mas cai. E é o suficiente para saber que aquela aparência não é verdadeira.
E desde que somos amigas ela nunca demonstrou se importar nem chegar muito perto de se apaixonar. Palavras como posse e ciúmes não fazem parte do vocabulário dos relacionamentos amorosos da Barbara. O que me faz acreditar ainda mais que quando ela se apaixonar, vai ser totalmente. Daquele tipo avassalador, como diz Lenine.
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Just a Year - (COMPLETA)
Teen FictionRebeca mora em São Paulo e está no último ano do ensino médio. Tudo que ela quer é apenas aproveitar esse último ano com sua melhor amiga e se formar logo. Mas o que ela não espera é que seu pai, com quem mantem uma relação conturbada há anos, lhe o...