Capitulo 36

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Batuco os dedos na mesa do computador do Brian enquanto espero a internet dele conectar. Fico feliz em perceber que não é somente lá em casa que as coisas andam a passo de tartaruga. Escuto ele respirar fundo impaciente e irritado e reviro os olhos, tentando não rir. 

 - Acho melhor você parar ou então eu vou desistir! – Digo e ele me olha. Sinto seus olhos cravados em meu rosto e tenho vontade de olhar de volta e ao mesmo tempo me esconder. 

 Malditos paradoxos. 

- Quando eu disse agitar, eu queria fazer algo legal, divertido. Não ver um filme! – Ele fala irritado, ou pelo menos é o que parece. Mas pela sua expressão engraçada posso jurar que ele só está fingindo, como eu. Mas nunca dá para saber, afinal, o que está em jogo aqui é o Brian, e não há ninguém que finge melhor do que ele... 

 - O que você estava pensando, grande gênio? – Deixo o computador de lado e arrasto a cadeira até ele, me contendo muito para não sair deslizando com a cadeira de rodinhas por todo o quarto, como uma criança que descobriu uma nova forma de brincar. – Ir a uma festa às oito horas da manhã? Ou então que tal uma praia no meio desse temporal? 

Reviro os olhos e volto para o computador e vejo-o fingindo irritação. Fingindo porque eu sei que o quão ridículo ele é e em como ele jamais ficaria chateado com isso. Ele se levanta da cama e vem para trás de mim, passando seus braços por cima dos meus ombros. 

 E é nesse exato momento em que constatam meu óbito: infarto causado por uma mistura de braços fortes e cheiro maravilhoso. 

 Em vez de me abraçar, como eu jurava que ele fosse fazer, ele "apenas" coloca a cabeça em cima da minha e tira minhas mãos de cima do teclado, não consigo me concentrar no que ele faz porque fecho meus olhos e respiro fundo, torcendo mentalmente para que ele não sinta todo esse efeito que causa sobre mim. 

 Realmente não faço a menor ideia de como posso me entregar de tal forma, principalmente para alguém como ele. É algo absurdamente sem explicação. Sem sentido. Apenas sinto. 

 - Pronto. – Ele diz no meu pé de ouvido segura a minha mão e me puxa. Não penso em nada e apenas o sigo, para fora do quarto, pelo corredor e enfim na sala. Qualquer aproximação dele, respiração, voz, toque, faz despertar em mim um mostro que adormece. É a maior loucura que sinto em minha vida. 

 - O que você pensa que está fazendo? – Digo quando, enfim, volto a mim. Ele está ligando a televisão e nem sequer me olha, mas vejo um sorriso sair por seu rosto. Um sorriso que, aliás, me assustada. É algo como: espere para ver. 

 - Agora sim, vamos nos divertir. – Ele fica frente a frente comigo e joga o controle em cima do sofá, sem tirar seu olhar do meu. 

 Olho para a televisão e vejo a tela inicial de algum jogo de dança parecido com o Just Dance abrir e então eu apareço minúscula na tela juntamente com ele. 

 - Nananinananão. – Digo igual uma criança. – Você não pode fazer isso! Eu não vou dançar Brian. 

 Ele olha para mim e um terror toma conta do meu corpo. Socorro! Como se lesse meus pensamentos ele me abraça forte no exato momento em que me viro para correr e me trancar em algum lugar. Sua boca está próxima da minha nuca, e eu junto todas minhas forças para tentar fugir mesmo assim. Obviamente, é uma tentativa destinada ao fracasso.

 - Você faz qualquer coisa ficar perfeita. – Ele diz perto do meu ouvido e sinto sua boca passar levemente pela minha orelha. – E você dança perfeitamente que eu sei. 

 Ele me solta e eu tento recobrar o ar enquanto ele aperta o play. 

 - Apesar de eu saber que mesmo dançando incrivelmente bem, eu vou te vencer. – Me viro finalmente para ele e ergo as sobrancelhas. 

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora