Capitulo 6 (bônus)

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Quando eu realmente acordo já passaram das duas da tarde. Ótimo! Quem sabe assim a Vanessa não acaba adiando essa ida ao shopping? Levanto com a maior preguiça do mundo. Fazia tempo que eu não dormia tanto e me sinto completamente renovada. Antes de sair do quarto tento domar meu cabelo, mas rebelde sem causa que ele é, continua armado. Faço um coque e vou até o banheiro.

Tomo meu banho e tento dar um jeito no meu cabelo.  Decido usar um vestido tomara que caia florido. Bem que me falaram que o calor do Rio de Janeiro é de matar. São Paulo também é bem quente, principalmente por causa da poluição, tantos prédios e o asfalto. Mas acho que não se comprara ao Rio.

Tudo está incrivelmente quieto e por um momento até tinha pensado que a Vanessa havia saído. Até que esbarro com ela na sala.

- Ah que bom que acordou! – Ela diz cheia de entusiasmo me dando um susto. – Seu pai te contou que vamos ao shopping hoje, né?

- Ah sim. Shopping! – Falo sem fazer cerimonias para esconder o tédio da minha voz. – Ele me disse sim.

- Que bom! Vamos agora? – Ela olha pra mim e eu fico completamente imóvel, sem nem piscar. – Vou pegar minha bolsa.

Que maravilha! Vou até meu novo quarto e pego uma bola preta, onde coloco meu batom, celular e balas. Sento no sofá da sala e espero a Vanessa voltar. Nunca pensei que demorasse tanto pra pegar uma bolsa!

Depois de quase quinze minutos ela aparece com uma roupa completamente diferente. Pegar a bolsa, sei. Ela está com uma calça preta alfaiataria e uma blusa branca por dentro, em um look praticamente social. Seu cabelo está preto em um rabo de cavalo o que deixa em destaque um colar enorme e seus brincos. Ela realmente tem bom gosto. E está na cara que é o tipo de mulher que anda o dia inteiro pelo shopping, em uma loja e outra, experimentando milhares de peças, sapatos, acessórios.

Reviro os olhos. Não quero nem imaginar a seção de tortura que está vindo pela frente.

- Estou pronta, vamos? – Ela diz com um sorriso enorme. Tento sorrir também, mas sinto meu rosto formando uma careta. Sou péssima em fingir.

Ela entende minha tentativa de sorriso como um “Claro, vai ser tão divertido, estou tão animada”, porque ela sai sorrindo de orelha a orelha.

Assim que entramos no carro ela me avisa que iremos ao Leblon, é lá que tem seu shopping preferido. Eu apenas sorrio. Quem tem um shopping preferido? Acho que eu conheço no máximo três shoppings e não sei a diferença nenhuma de um pro outro.

- Então, qual é o seu estilo? Assim podemos economizar tempo não indo a lojas que não vão ter nada a ver com você – ela fala me lançando pequenos olhares enquanto dirige.

- Hmm, eu não sei na verdade. – Falo depois de pensar um pouco. - Tudo que visto é aquilo que eu bato o olho e gosto.

- Quais são as peças que mais predominam seu guarda-roupa? – Juro que estou me sentindo uma it girl sendo entrevistada por uma revista adolescente. Sinto vontade de vomitar.

- De tudo um pouco. Na verdade minhas roupas são o básico do básico. Blusinhas, uns vestidinhos pra ocasiões especiais, jeans, shorts. Essas coisas.

Ela assente e para minha alegria não diz mais nada. Essa foi uma das piores conversas que já tive na vida. Sempre me sinto desconfortável quando o assunto é moda. Agora imagine falando de moda com uma modelo, a situação piora mil vezes.

- Então, você prefere ir logo as compras ou passar na praça de alimentação primeiro? Vi que você não comeu nada desde que acordou.

- Praça de alimentação, sem duvidas.

Assim que chegamos ao shopping fomos direto pra praça de alimentação, como foi o combinado. A Vanessa devorou um incrível hambúrguer, batata frita e um milk shake enorme. Nem eu conseguia comer tanto! Como ela podia comer tanto assim e ainda ter corpo de modelo? Quase perguntei pra ela, mas resolvi evitar ao máximo qualquer conversa.

Assim que terminamos de comer fomos para a seção de tortura. Ela parecia saber exatamente onde ficava cada loja e isso nos economizou muito tempo. Nas raras vezes em que eu e minha mãe fomos ao shopping ficávamos andando em círculos e nunca achávamos uma loja legal.

- Vamos nessa loja primeiro – Ela falou enquanto entravamos em uma loja com estilo romântico, era cheia de vestidos naquele estilo girly. – É toda de roupas mais românticas e nesse estilo fofo, sabe?

Assenti. Me sentia com uma consultora de moda em um daqueles programas em que você é obrigada a jogar todas suas roupas fora e ia comprar novas roupas enquanto recebia dicas de como se vestir. Eu sempre dormia quando esse tipo de programa estava passando.

No final das contas, não foi tão ruim assim. Acabei comprando três vestidos naquele estilo bonequinha, com cintura bem marcada e saia rodada. Nunca gostei de nada muito cheio de frufru, mas devo admitir que os vestidos eram perfeitos.

Depois fomos a uma loja de sapatos e compramos mais coisas no estilo boneca. A Vanessa insistiu que eu compasse dois saltos, mesmo eu não sabendo andar de salto. Segundo ela toda mulher deve ter pelo menos dois saltos no closet. Juro que senti minhas sobrancelhas se juntarem e vi meu rosto assumir a expressão confusa. Closet. Como assim? O que eu tinha era um armário velho caindo os pedaços, com uma porta que pedia pro lado e uma gaveta que não abria. Quer dizer, isso era o que eu tinha em São Paulo. Já que aqui agora eu tenho um armário branco enorme que dá para caber umas dez pessoas dentro.

Depois continuamos a saga de roupas e dessa vez ela me levou em uma loja onde só vendiam roupas diferentes, naquele estilo boho chic, que segundo ela ia bombar muito no verão. Humpf! Como se eu me importasse com tendências.

Ela me pediu para experimentar uns croppeds e saias longas e enquanto eu andava pela loja, avistei um garoto lá fora. O que mais me chamou a atenção foi o conjunto de sorriso largo, olhos azuis e cabelos pretos despenteados. Ele tinha a altura do Guilherme. O Cabelo, os olhos, o sorriso. O mesmo estilo. O jeito de virar a cabeça pra trás enquanto ria.

Senti meu coração parar por um instante e depois voltar a tona, batendo mais rápido do que nunca. Minha vontade era de até ele, mas o que eu iria falar? Com certeza iria travar e ficar igual uma idiota. Além disso, como eu explicaria para a Vanessa que conhecia o Guilherme? Jamais podia contar a história de verdade, que ela acabaria contando pro meu pai que era capaz de me mandar pra Faixa de Gaza.

Senti um misto de felicidade e tristeza ao ver ele. Não sei como me deixei levar dessa forma. Uma das minhas regras para a vida era não deixar ninguém se aproximar muito, e isso incluía também não beijar ninguém que eu conheci apenas há 6 horas. Mas em minha defesa contra minha própria acusação: foi ele quem me beijou. Eu apenas não o empurrei pra não deixa-lo sem graça. E talvez, bem talvez, pelo fato de estar um pouco curiosa.

Só que curiosidade não é motivo pra se beijar desconhecidos. Argh! Minha cabeça está criando um nó de marinheiro, como diria meu avô. Dou meia volto e vou até a Vanessa, que está olhando algumas roupas.

Depois de ter entrado em mais duas lojas e ido a um salão de beleza, onde eu me recusei a fazer qualquer coisa que não fosse uma hidratação, voltamos pra casa. Era ainda cinco da tarde e até que o dia não foi de todo ruim. Mas a imagem do Guilherme não saia da minha cabeça. Queria poder ir falar com ele, mas não teria como eu explicar pra Vanessa como eu conhecia alguém aqui do Rio. E até parece que a história de que ele era um amigo de São Paulo não ia colar, apesar de ser quase verdade. Bem quase.

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Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora