Capitulo 39

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- GRÁVIDA? - Eu falo mais alto que o necessário e as pessoas que estão nas mesas ao redor parecem se assustar. Me olham como se eu fosse uma louca. E eu realmente estou parecendo uma louca.

Meu pai imediatamente me lança um olhar de reprovação, que eu apenas ignoro. O sorriso que estava um minuto antes no rosto da Vanessa desaparece. Me sinto mal por ter a deixado triste, mas vamos combinar, hoje não é meu dia.

- Sim... - Ela diz relutante e parece se encolher. Nunca vi a Vanessa assim. Parece frágil demais. - Não fazia parte do plano ter filhos agora, mas minha carreira não é a mesma faz um bom tempo. E você já está grande, e daqui a pouco sua carreira decola. Eu sei como essas coisas são, parecem andar devagar, mas então voam! E quando se menos espera, está desfilando por aí.

Eu bebo toda a água que está no meu copo e respiro fundo, passando a mão pelos cabelos. Eu acho que ficaria muito feliz, extremamente feliz se tivesse recebido essa noticia antes, um ou dois dias antes. Ou até mesmo hoje de manhã. Mas agora eu nem sequer consigo parar pra pensar. Tudo parece confuso demais! O filho da Cecilia e do Brian (e como dói pensar nisso) vai nascer na mesma época que meu irmão ou irmã. Eles podem até virar amigos quando crescerem! Socorro!

- Preciso de um ar. Me desculpa. - Digo enquanto me levanto e puxo minha bolsa. Digo mais antes de sair e receber uma enxurrada de broncas do meu pai depois. - Vanessa, não se chateie comigo, por favor. Eu fico muito feliz, de verdade. O problema sou eu, o momento atual.

Antes que meu pai diga alguma coisa eu saio quase que correndo do restaurante, tomando cuidado para não esbarrar em nenhuma mesa enquanto meus olhos estão embaçados por conta das lágrimas. Sinto como se tudo estivesse despencando sobre minha cabeça.

Saio do restaurante e começo a correr. Não faço a menor ideia de em que bairro estou, não sei para onde estou correndo, mas eu apenas sigo. Sigo sei lá o que está me guiando por essa rua. E corro, corro até meus pés doerem tanto que sou obrigada a parar.

Paro em um banco que fica em uma pequena praça e tiro meu celular da bolsa. Desbloqueio a tela e percebo que ninguém nesse momento pode me ajudar a tirar esse peso que estou carregando dentro de mim durante todo o dia. Volto a bloquear e, com um pouco de dificuldade por conta das lagrimas, vejo pela tela preta o meu reflexo. Eu saí igual uma mendiga hoje. Não me visto assim desde... desde... que eu não lembro mais.

Mas o dia de hoje merece esse traje. Não só merece como exige.

Meus olhos estão pesados. Não chorei uma lagrima sequer até esse momento. É como se eu estivesse evitando derramar lágrimas por tudo isso que aconteceu. Como posso ser egoísta ao ponto de chorar por conta de uma vida que está prestes a nascer?

As lágrimas voltam a escorrer por meu rosto e escondo minha cabeça entre as pernas, tentando abafar os soluços para não chamar a atenção de quem está passando pela rua. Apesar de mesmo assim as pessoas olharem para mim e desacelerarem o passo. Aposto que estão confusas se falam comigo e perguntam o que aconteceu ou seguem adiante. Todos seguem.

Meu celular toca e vejo o rosto do meu pai na tela. Sem pensar duas vezes pressiono o botão de desligar até que o barulho pare e a tela se apague. Respiro fundo, ofegante. Sei que não estou respirando assim por conta da corrida que fiz. Nem sei quantas esquinas virei. Faço menor ideia de onde estou e eu deveria estar assustada. Mas ainda é meio dia. Está claro. E, infelizmente, o dia está longe de acabar.

Relembro do momento em que entrei naquele banheiro. De como meu sorriso, causado pelas palhaçadas da Penélope, se desfez no segundo em que vi Cecilia. Em como eu quis correr quando ela me disse que estava gravida. E o mais estranho é o que eu estou sentindo por ela.

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora