Capitulo 8

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Depois do episodio de ontem, hoje resolvo ir fazer minha caminhada com uma regata grande e uma legging. Vanessa estranhou minha mudança súbita de roupa, já que desde que comecei a correr eu só uso tops e shorts leves, pois odeio roupas coladas em meu corpo como se fosse uma segunda pele. Preferi não comentar nada sobre ontem e aqueles par de olhos azuis que estavam grudados em mim.

Enquanto me alongava na frente do prédio e preparava a playlist para a corrida de hoje escutei o pling do elevador e alguém correndo em passos curtos atrás de mim.

- Olha que você se alongando desse jeito é quase um atentado ao pudor... – Viro no mesmo instante e dou de cara com o Brian, vulgo bad boy.

Respiro fundo e começo contar até dez. Um. Dois. Três. Quatro. Cin...

- Você é idiota assim por opção ou é uma falha genética mesmo? – Explodo. Quando a questão é paciência, eu não tenho muita.

Percebo um sorriso presunçoso se formar nos cantos dos seus lábios e começo a correr enquanto deixo que a música me invada e me faça viajar pela batida. Dois minutos depois e percebo que ele está bem ao meu lado. Correndo comigo.

- Você só pode estar de brincadeira comigo, né garoto? – Pergunto enquanto corro cada vez mais rápido. Sei que desse jeito vou perder rapidamente o folego, muito provavelmente antes dele, o que será um pouco humilhante.

- Ontem a noite no elevador percebi o quanto correr pode ser divertido. – Ele fala enquanto vira o rosto e me analisa demoradamente. Reviro os olhos e aperto cada vez mais o passo, já sentindo meus pulmões implorando por mais ar. Só não posso parar para respirar agora. – Aliás, estou sentindo falta do seu top roxo.

Sinto meu rosto corar. O ruim de ser branca como uma folha de papel é isso: sua cara te denuncia. Sorte que eu já devo estar vermelha mesmo de tanto correr. Quando sinto minhas pernas queimar, começo a diminuir a velocidade e respirar mais fundo. Minha mãe sempre me disse que o melhor a se fazer quando alguém pega no seu pé é ignorar. Isso nunca funcionou até hoje, mas nunca é tarde para tentar.

Depois de mais de dez minutos correndo eu preciso parar. Sinto minha garganta seca e minhas pernas ardem mais do que nunca. Corri em quinze minutos o que costumo correr em meia hora. De repente me dou conta que não trouxe a garrafa de água. Essa era para ser uma pequena corrida ao redor do quarteirão, já que hoje é sábado e nos fins de semana eu me dou uma pequena folga.

Me encosto na parede de um prédio pensando em como vou fazer pra voltar sem beber uma gota d’água. Graças ao horário de verão, cinco horas da tarde o sol ainda está de fritar qualquer pele. Percebo que o Brian para logo em frente percebendo que eu dei uma pausa na caminhada.

- Já perdeu o folego, linda? – Ele dá um sorriso zombeteiro, mas percebo que sua respiração também está falha, por mais que ele tente se mostrar forte.

Lanço um olhar pra ele que só faz seu sorriso aumentar. Meu sangue ferve e minha vontade é de dizer umas poucas e boas para esse mauricinho idiota, mas a melhor coisa a se fazer é ficar de boca fechada, afinal eu não quero ficar com ainda mais sede!

No mesmo instante em que começo a recuperar o folego percebo que ele segura uma garrafinha de água. A água cai como uma cachoeira direto em sua boca, que ele limpa logo em seguida com as costas da mão.

Desvio o olhar, mas é tarde demais. Ele percebe minha expressão de que faria qualquer coisa para beber aquela água.

- Quer um pouco de água?

Começo a correr de volta pra casa por mais que não esteja na melhor condição para fazer tal atividade. Ele começa a correr atrás de mim e logo me ultrapassa, corre como se nem tivesse ficado cansado, e talvez não tenha ficado mesmo.

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora