Capitulo 15

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Sinto minhas mãos, estranhamente, suadas. Já as sequei umas cinco vezes no vestido florido desde que cheguei, a dez minutos atrás. As duas últimas semanas passaram muito rapidamente, e por mais que eu tivesse me mantido ocupada com a leitura para o trabalho de filosofia, não conseguia tirar o encontro com o Guilherme da cabeça.

Duas semanas também não foram o suficiente para conseguir elaborar uma boa desculpa para sumir nessa semana de carnaval e ter que cancelar esse encontro. Não queria ser rude e depois de tantas conversas com a Babi sobre como ele pode estar querendo ser apenas meu amigo, decidi acreditar nessa pequena ilusão. 

Claro que ele pode realmente estar interessado em mim somente como um amigo, e não é como se eu estivesse me achando nem nada disso, mas esse interesse nele em mim, acredito eu, que ultrapassa um pouco a definição de amizade. 

Na última semana consegui terminar a minha parte da leitura do livro de Platão e tive que passar o livro pro Brian, mudando um pouco os planos já que a Penélope havia pegado catapora. Acho que foi a única vez em que falei com o Brian desde o dia que corremos juntos, há duas semanas. 

Conforme me afastei do Brian, me aproximei um pouco mais do Guilherme. Decidi aceita-lo no facebook e passamos duas madrugadas conversando sobre várias coisas, inclusive sobre os filmes que estavam lançando nesse ano. Dai que surgiu a ideia de nos encontrarmos na porta do cinema, para (obviamente) vermos um filme. 

Na verdade, quem deu a ideia foi eu. Estava e estou completamente apavorada com a ideia de ter que encontrar com ele e conversar, não sei o que falar e tenho medo de o momento ficar constrangedor e tenso e tenho certeza que acabaria fazendo um comentário sobre como o tempo está quente e insuportável. E todos sabem que esse é o sinal de dizer adeus à conversa. 

Meu coração começa a saltitar assim que vejo o Guilherme. Ele está lindo, como sempre. Tem um óculos na mão, o que mostra que ele tem com senso para não usar um óculos dentro de um local fechado. Está todo vestido de preto, com a calça um pouco folgada, mas não muito, e uma blusa que parece ter sido feita exatamente para ele, já que o caimento é perfeito, mostrando levemente sua forma física. 

Um sorriso se acende em seu rosto e seus olhos ficam um pouco menores. Não tento evitar a forma como meus lábios também reagem, suspendendo um pouco para cima em um quase sorriso. Uma mistura completa de agonia e felicidade me invade. 

- Demorei? – Ele se aproxima e me dá um abraço. Ok. Muitas pessoas se cumprimentam com abraços, não sei por que isso me deixou tão surpresa e me fez ficar tão agitada. 

- Não, eu que me adiantei muito. – Tento controlar um pouco da minha respiração, que ficou bem mais acelerada e falhada com ele tão perto. 

Sorrimos e entramos na sala do filme, apesar de ainda estar nos trailers. Sorte a nossa que o Guilherme teve a brilhante ideia de comprar os ingressos na internet. Nos sentamos em uma das últimas poltronas, bem no fundo. E juro que não escolhi o lugar apenas por segundas intenções, era que quanto mais no fundo, melhor era para enxergar e eu não tinha que ficar com a luz da tele tão perto do olho, o que sempre me dá dor de cabeça. 

- Como está sua adaptação? Tá sendo muito difícil? – Ele se vira totalmente para meu lado, e eu me sinto tentada a fazer o mesmo, era como se meu corpo e minha mente estivessem em um conflito. Até em pequenas decisões, eles brigavam. Decidi virar apenas um pouco do corpo. 

- Um pouco. – Suspiro. Com o Guilherme é um pouco mais fácil me mostrar e contar a verdade. Senti isso desde o momento em que começamos a conversar sobre nossas vidas. Algo nele fazia como se eu pudesse contar qualquer coisa. – Meu pai e eu não estamos em um bom momento. Esse lance da faculdade e de eu estar um pouco perdida ainda. 

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora