Capitulo 45 (Final)

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O olho esquerdo do Brian está com uma mancha roxa enorme que me faz estremecer só de olhar. Sua boca está meio cortada e sua expressão é de extrema dor, pela claridade, suponho. Ele está com uma blusa grande cinza que combina com a calça de moletom. Seu rosto é indecifrável e sem dizer nenhuma palavra ele abre um pouco mais a porta, em um sinal de que eu deveria entrar.

Relutante, eu entro.

- Seus pais estão? – Pergunto assim que consigo encontrar um pouco de voz.

A ideia de estar sozinha na casa dele novamente é perturbadora. Principalmente depois de tudo que me aconteceu nos últimos dias. Eu realmente não estou muito forte. E muito menos sei o que estou sentindo.

Uma parte de mim quer pular em cima dele, prender minhas pernas ao redor da sua cintura e beijá-lo. Outra parte quer socar em cima do seu machucado. Outra parte quer apenas sumir.

Vim para aqui sem saber nem o que falar novamente. Apenas com o desejo de por fim de uma vez por todas a essa tormenta, essa procura louca por um amor que sequer existe. O desejo de viver um pouco sem me magoar. Sem ter que conviver com um espinho que entra cada vez mais a cada passo que tento dar para frente.

- Não. Quando acordei, eles já não estavam mais aqui. – Ele se joga no sofá e solta um suspiro profundo. Fico em pé ao seu lado, mexendo nos dedos sem fazer a menor ideia do que fazer, perguntar ou dizer.

- O que aconteceu? – Digo com a voz entrecortada. Ficar tão perto dele, com a sala escura e todo esse peso no meu coração está me machucando mais do que eu imaginaria que seria possível.

- Briguei em um bar ontem à noite. Nada demais. – Ele dá novamente de ombros e fecha os olhos. Sento-me ao seu lado colocando as mãos sobre os joelhos, ele abre os olhos e me encara. Tenho vontade de encolher até virar uma formiga.

- Acho que tem algo demais aí. Você foi ontem à casa da Penélope. Você estava me procurando.

- Sim, foi uma estupidez. – Ele olha para frente e então joga sua cabeça para trás, olhando para o teto. Em um ato reflexo busco sua mão em cima do sofá. No mesmo momento em que a toco sinto um curto circuito por todo meu corpo. E então tudo começa a ficar ainda mais confuso. Por que eu me importo tanto com ele?

- E quando que você não faz alguma estupidez? – Digo com as lagrimas já tomando conta dos meus olhos e um sorriso torto no rosto. Ele também deixa um sorriso escapar dos lábios. Não é alegria. Não é graça. É dor. Porque a verdade sempre dói, porém a mentira nos corrói.

- Eu não sou bom para você Rebeca! – O Brian diz com a voz embargada e eu engulo toda a saliva que acumulou em minha boca. Tento manter o ritmo da respiração normal, mas é uma tentativa falha. Ele levanta sua cabeça e se vira para mim, segurando minhas mãos. – Desde que nos conhecemos eu tenho agido como um moleque, mas eu sei que não sou assim de verdade...

- Eu acredito.

- Mas eu sou covarde. E por conta da minha covardia eu estou deixando a pessoa que me torna melhor escapar. – Ele respira fundo. – Eu terminei com a Cecilia. Eu descobri que ela não estava gravida.

Ele para e me analisa. Eu sei que deveria fingir uma expressão de surpresa e perguntar como isso era possível. Mas eu não consigo. Ele descobriu. Pelas mensagens da Penélope eu já havia imaginado que isso aconteceria, mas não assim.

Ele percebe minha falta de surpresa pela bomba que acabou de dizer. Sua expressão se transforma de curiosidade para fúria.

- Você sabia! – Ele diz incrédulo, soltando drasticamente minhas mãos. – VOCÊ SABIA DISSO! – Ele se levanta brutalmente e grita. Mesmo com a pouca iluminação na sala posso ver seu rosto ficando vermelho. Essa era uma boa hora para sair correndo, mas o máximo que eu consigo fazer é ficar em pé.

Just a Year - (COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora