Capítulo 2- Reencontro

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JADE

— Droga — falei baixinho para mim mesma olhando a tela do celular com um trincado diagonal

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— Droga — falei baixinho para mim mesma olhando a tela do celular com um trincado diagonal.

"Agradecemos o interesse, porém você não preenche os requisitos para a vaga" e alguns blá-blá-blá de RH sobre entrar em contato caso apareça uma vaga para o meu perfil. Até parece.

Soltei um suspiro desanimado.

Aparentemente era a única coisa que eu ia receber daquele site de empregos: respostas genéricas me recusando.

E, embora a cidade fosse razoavelmente grande para a região com os seus duzentos mil habitantes, ainda parecia uma cidadezinha de interior onde ter um "padrinho" abria muitas portas. E não ter ninguém fechava várias.

Não pela primeira vez me perguntei se aquilo aconteceria comigo se eu fosse uma loira estudando odontologia que dirigia um HB20 branco dado por papai. Eu duvidava.

Meu celular vibrou novamente na mão e virei a tela rápido como o Flash rezando para ser uma proposta de emprego. Idealmente uma em que eu trabalharia cinco dias por semana em horário comercial, com vale refeição e vale-transporte.

Mas não era uma proposta de emprego.

Respirei fundo antes de atender.

—A bênção, mãe — pedi dando uma olhadela furtiva para os lados. A rua estava razoavelmente movimentada com universitários se dirigindo à faculdade gigantesca no fim da avenida, de modo que eu me sentia confortável para falar ao telefone.

— Deus te abençoe, filha — a voz animada veio do outro lado. — Já está na escolinha?

Dei uma risada curta pelo nariz.

Eu já estava na metade do curso de Direito, mas ela ainda chamava de escola.

— Ainda não — respondi desviando olhar para a rua movimentada. — Atrasei um pouco porque tive uma entrevista de emprego aqui perto. Uma empresa de inovações agrícolas precisando de secretária, mas acho que não vai rolar.

Um suspiro pesado veio do outro lado da linha e pude imaginar a mulher mais velha e tão parecida comigo erguendo os óculos de armação quadrada para apertar a ponte do nariz.

— Você sabe que se precisar de dinheiro...

Apoiei o celular entre o ombro e a orelha para usar as duas mãos para amarrar o cabelo em um coque no topo da cabeça. Embora as noites costumassem ser amenas na cidade, aquele fim de tarde estava muito abafado e o cabelo grosso estava começando a grudar na minha nuca.

— Não preciso, mãe — respondi antes que ela terminasse a oferta e voltei a segurar o telefone com a mão. — Mas obrigada. Como estão sendo as férias escolares?

— Péssimas — reclamou. — Quem foi que disse que professor do Estado em um minuto de paz?

E minha mãe começou a protestar contra o governador e a Secretaria de Educação apaixonadamente como eu sabia que iria fazer.

Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora