JADE
Passei a tarde com a minha família e Chris, organizando as coisas para o churrasco que aconteceria no comecinho da noite para comemorar o aniversário do meu pai.
Embora fosse uma reunião informal, parecia ter sempre um milhão de coisas para fazer e não tive um segundo sequer para ficar a sós com Christian a fim de tirar a cena da manhã a limpo.
— Você não para de olhar para o seu amigo — mamãe observou em voz baixa ao meu lado.
Desviei o olhar imediatamente para os tomates que estava cortando, o que a fez gargalhar.
— Só estou checando se o papai não vai fazer ou dizer nada que não deveria — respondi com um segundo de atraso.
A expressão da minha mãe suavizou.
— Você nunca foi muito boa em disfarçar as coisas, Jade — comentou com uma piscadela cúmplice. — Não pra mim, pelo menos, e eu sei que você está tentando.
Gemi e escondi o rosto nas mãos.
— O papai me pegou beijando o Chris no estábulo — admiti quase chorando de vergonha.
Minha mãe deu um gritinho.
— Shh, mãe! — fiz voltando a olhar na direção de onde Chris e papai estavam.
Christian acenou para mim e secou a testa com o dorso da mão. As tatuagens que tomavam seu braço pareciam reluzir sob o sol do fim de tarde.
— Eu sabia! — minha mãe exclamou. — Na hora que vocês chegaram eu vi como ele olhou para você!
Dei uma risada sem humor
— Do mesmo jeito que ele olha para todas as garotas do mundo?
Minha mãe fez um barulho com a língua e limpou as mãos no seu avental.
— Se ele é assim com todas, então é um ator muito bom.
— Ou um galinha — respondi simplesmente.
Não respondi nada, fingindo estar ocupada demais com a salada que estava fazendo.
Voltei a olhar para onde papai e Chris estavam, alimentando a pequena churrasqueira.
— Você acha que ele pode descontar no Christian?
Chris estava com os imensos braços cruzados, meio de lado, apenas observando enquanto meu pai explicava alguma coisa. O chapéu de palha que mamãe tinha pego emprestado para Chris ficava muito engraçado em contraste com as roupas pretas.
Mamãe apertou meu ombro e deu um beijo suave na minha bochecha.
— O seu pai não é assim, querida.
Como não respondi nada ela completou:
— Eu sei que ele nem sempre é o mais pacífico na hora de resolver as coisas, mas só se excede na hora da raiva. Nunca depois. E ele parece estar se divertindo, não parece?
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Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]
ChickLitAs festas de fim de ano não estavam muito festivas para Jade. Ela perdeu o emprego, levou um pé na bunda na véspera de Natal e ainda por cima teria que passar o Ano-Novo ao lado de um casal de amigos que irradiava amor. Determinada a melhorar o ast...