JADE
— Como assim você não agarrou aquele homem, Jade Emanuelle Tavares?! — Lívia repetiu pelo que deveria ser a centésima vez desde que lhe contei sobre os acontecimentos da noite anterior, andando de um lado para o outro na cozinha minúscula do nosso apartamento.
Era a manhã seguinte à primeira aula do semestre e eu estava ouvindo seu sermão enquanto minha amiga fazia café, se preparando para a aula dela.
— Eu te disse — enfatizei mais uma vez com um suspiro pesado. — Não me sinto confortável com sexo casual.
— Isso é por causa do que o Matheus disse, não é? — deduziu sagazmente e me encolhi. — Nossa, eu vou cortar as bolas daquele desgraçado fora com alicate de unhas!
— Não tem nada a ver com ele — declarei com o olhar fixo no rosto dela. — Eu só não me sinto confortável mesmo, amiga.
Lívia me encarou, os olhos castanhos parecendo perfurar a minha alma, mas logo ela aceitou que a minha resposta não era mentira. E não era... pelo menos a segunda parte.
Apoiei o cotovelo na bancada de granito e a cabeça sobre a mão, observando a minha amiga.
— Pelo amor de Deus — Lívia resmungou sacudindo a cabeça e seu cabelo louro se soltou do nó que ela fez. Os fios dourados caíram em uma cascata perfeita sobre seus ombros, como se ela estivesse em um comercial de shampoo. — Quais são as chances de esbarrar com ele assim do nada, depois de se pegarem naquela festa? É o Destino te unindo a esse homem, Jade! Você não pode ignorar o destino.
Dei risada e me ajeitei no assento almofadado.
Aquilo era bem a cara de Lívia. Destino! Rá.
— Então é melhor o Destino se ocupar em me arrumar um emprego — observei docilmente. — Não posso viver de seguro-desemprego pra sempre e já fazem quase quatro meses desde que fui demitida.
A expressão inflamada dela suavizou.
— Você sabe que se precisar de dinheiro eu posso emprestar — comentou com a voz mais gentil.
Fiz uma careta e passei os dedos pela asa da minha caneca.
— Não precisa — respondi com um gosto amargo na língua. — Vou dar um jeito.
— Você vai conseguir — disse com mais suavidade, servindo café em duas canecas de cerâmica. — Estou com um bom pressentimento.
Sorri sem mostrar os dentes.
— Amém — concordei mais por hábito do que por acreditar. Infelizmente Lívia dizia aquilo pelo menos uma vez por mês, então eu podia descartar seus pressentimentos.
— Vai — ela começou com o tom mandão de sempre sentando na cadeira ao meu lado — me deixa ver o Instagram dele.
Revirei os olhos e mostrei meu relógio de pulso para a minha amiga.
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Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]
ChickLitAs festas de fim de ano não estavam muito festivas para Jade. Ela perdeu o emprego, levou um pé na bunda na véspera de Natal e ainda por cima teria que passar o Ano-Novo ao lado de um casal de amigos que irradiava amor. Determinada a melhorar o ast...