Corri os olhos pelo salão de festa do casarão antigo. As paredes estavam enfeitadas com um tecido branco que aparentava ser de boa qualidade.
O mesmo tecido dividia o salão para uma área mais reservada onde ficavam o buffet e o bar que duas moças trabalhavam habilidosamente preparando drinques sem parar, agitando copos e dando um show à parte.
Aqui e ali serpentinas prateadas e douradas se enroscavam na decoração chique da festa mais desejada da região, bem como balões de gás hélio em tons de branco, prata e dourado que combinavam com as mulheres vestindo a mesma paleta de cores.
Embora estivesse muito bem vestida e maquiada, eu sentia como se tivesse uma placa de neon na minha testa dizendo a todos que eu era uma impostora, uma fraude, e não deveria estar ali.
Lívia me cutucou.
— Jade, para de fazer careta — Ela estava fazendo cara feia. Ou o quão feio ela podia ficar. — É uma festa, não um velório.
— Não é só uma festa — João, o namorado dela respondeu fervorosamente. — É a festa. Você sabe como é difícil conseguir ingressos para ela? Eu tive que implorar para o Gael me colocar na lista de espera e só consegui fazer isso depois de ter passado cola para ele de um trabalho super difícil de antropologia cultural.
Eu sabia que eles estavam certos, mas fazia exatamente sete dias desde que Matheus tinha chutado a minha bunda. Não tinha um momento pior para ir a uma festa com um casal que estava claramente apaixonado.
— Eu disse que você deveria ter vendido o meu convite, não só o do Matheus — observei para o rapaz, cruzando os braços desconfortável com o vestido revelador demais.
Minha amiga soltou um suspiro pesado e jogou um cacho perfeito de babyliss para trás.
— Até parece que eu ia deixar você curtindo uma fossa no Réveillon — respondeu aos berros para que eu ouvisse, pegando duas taças acrílicas de champanhe na bandeja de um garçom e me entregando uma. — O que você ia ficar fazendo? Assistindo o show do Roberto Carlos com os seus pais na fazenda? — perguntou de forma retórica. — Não senhora, você vai se divertir.
Dei um sorriso para a minha amiga. Lívia podia ser chata pra caramba e muito insistente, mas eu não podia negar que ela era a melhor amiga do mundo todo.
— Eu não sei se...
— Você já tá aqui — ela observou, indicando o salão bonito, as pessoas dançando ao som de um dj muito bom. — O que tem a perder? Se a festa ficar muito chata você pode pegar a chave do carro com o João e voltar para a pousada, ok?
Fiz o balanço mental. Lívia estava certa sobre eu já estar ali. A música não era ruim, a festa era open bar e estava cheia de rapazes bonitos. Eu podia estar em situação pior.
— Tudo bem — cedi com um suspiro pesado, me aproximando do seu ouvido para não ter que me esgoelar. — Mas preciso beber alguma coisa mais forte que champanhe.
— Arrasou! — minha amiga vibrou me envolvendo em um abraço apertado. — Vem, vamos pegar alguma coisa mais forte no bar!
E como eu não tinha nada melhor para fazer, eu a segui.
A fila do bar não estava tão grande, provavelmente porque a festa ainda estava no começo.
Imaginei que as coisas ficaram bem diferentes perto da meia-noite.
Deixamos nossas taças de champanhe no balcão, em uma bandeja onde estavam outras taças vazias.
— Dois cosmopolitans! — minha amiga gritou por cima da música para a menina do outro lado do bar de drinks.
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Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]
ChickLitAs festas de fim de ano não estavam muito festivas para Jade. Ela perdeu o emprego, levou um pé na bunda na véspera de Natal e ainda por cima teria que passar o Ano-Novo ao lado de um casal de amigos que irradiava amor. Determinada a melhorar o ast...