JADE
Aquilo não podia estar acontecendo. Não podia, não podia... Mas estava.
Em completo estado de horror, me afastei de Christian para encarar meu pai.
A figura do homem que me criou estava recortada contra a luz que entrava pela porta aberta do estábulo.
Como se estivesse em câmera lenta, papai deu passos comedidos, analisando a cena diante de si, os olhos sem abandonar meu rosto por um segundo sequer.
Christian deu um passo à frente como se estivesse se apresentando ao pelotão de fuzilamento.
— Bom dia, senhor — cumprimentou com a voz amabilíssima, cortês e eu senti uma vontade imensa de rir. Aquela cena toda era irreal demais.
Os olhos escuros de José Carlos Tavares pareciam queimar enquanto ele fitava Christian e juro que vi uma veia saltando no pescoço do homem mais velho.
Tremi diante da forma como ele parecia ameaçador com a mão na fivela de metal do seu cinto.
— Quem é você? — papai questionou com suavidade se aproximando de nós.
Mesmo que sua voz fosse baixa, ela parecia reverberar diante do silêncio sepulcral do estábulo. Mesmo os cavalos pareciam silenciosos, prendendo a respiração em face da tensão pairando como eletricidade no ar.
Aquela calma fria era muito pior que ouvir gritos e meu coração acelerou de forma dolorosa dentro do peito, como se ele quisesse fugir para não ter que presenciar a cena.
Agarrei a parte de trás da camiseta de Christian, embora não tivesse muita certeza de para quê. Puxá-lo caso papai tentasse bater nele?
— Papai, esse é o Chri... — comecei, mas me calei diante do seu olhar frio que parecia me perfurar.
Ele indicou Chris com o queixo.
— Quem é você?
Me encolhi e Chris recuou para passar um braço ao redor da minha cintura, me puxando para trás de si em um gesto pra lá de protetor.
Sua postura se tornou mais ereta e ele ficou ainda mais alto e imponente.
— Sou o Christian — se apresentou com a voz grave e firme. — Estudo com a sua filha.
Dei um passo a frente para ficar ao lado do rapaz.
— Somos amigos — acrescentei soando bem mais corajosa do que de fato era.
A minha resposta não foi bem recebida.
— Hm — foi tudo que meu pai disse e ele acariciou a fivela imensa do seu cinto que parecia reluzir sob a pouca luz solar que entrava pelos vãos entre tábuas.
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Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]
ChickLitAs festas de fim de ano não estavam muito festivas para Jade. Ela perdeu o emprego, levou um pé na bunda na véspera de Natal e ainda por cima teria que passar o Ano-Novo ao lado de um casal de amigos que irradiava amor. Determinada a melhorar o ast...