Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]

Capítulo 21- Retorno

CHRISTIAN

O som de conversas sussurradas me acordou e abri os olhos, encarando o teto branco.

As lembranças da noite anterior voltaram lentamente e senti meus lábios se curvando em um sorriso. O cheiro de Jade parecia estar impregnado no meu nariz, a sensação da sua pele macia na ponta dos meus dedos...

— Bom dia — a mãe de Jade desejou se aproximando do sofá onde eu tinha dormido. — Espero que não tenhamos te acordado, querido.

Sorri para a mulher tão parecida com a filha e ajeitei a manta em cima da minha virilha antes de me sentar.

As bochechas dela adquiriram um suave cor-de-rosa e precisei usar todo o meu autocontrole para não rir. Jade era mesmo uma versão mais nova da mulher.

— De jeito nenhum — garanti sinceramente me espreguiçando. — Sempre acordo cedo. Gosto de malhar de manhãzinha para aproveitar o dia. Claro que não vou me exercitar cedo hoje, mas... — Me interrompi erguendo os ombros.

Dona Vera sorriu com gentileza na minha direção.

— Que bom! Assim você pode aproveitar bastante a fazenda — comentou com muita alegria —. A Jade te mostrou tudo ontem?

Cocei a nuca.

Como é que eu ia saber?

— Acho que sim — respondi.

— Hunf — o pai dela resmungou de braços cruzados.

Eu não podia culpar o cara, se um dia tivesse uma filha também não ia ficar muito animado com ela trepando por aí com um cara que eu nunca vi na vida, porém, minha opinião dele estava formada desde o momento em que nos vimos pela primeira vez.

Talvez tivesse a ver com a minha própria criação, mas eu odiei ver a forma como Jade se encolheu quando seu pai nos flagrou no estábulo. Eu nunca fui uma pessoa agressiva, no entanto naquele momento eu estava disposto a partir para a agressão se ela me pedisse.

— Você chegou a ver o bambuzal? É muito bonito e..

— Mãe, deixa o Chris respirar um pouco — Jade murmurou, saindo do quarto com a sua toalha sobre o ombro.

Ela sorriu para mim de um jeito conspiratório e deu um beijo na bochecha da mãe, envolvendo-a em um abraço por trás antes de deferir o mesmo tratamento ao homem.

Aparentemente o meu ódio por ele não era compartilhado pela principal interessada.

Ela pediu a bênção dos pais antes dse aproximar de mim.

— Bom dia — murmurou. — Dormiu bem?

Me levantei e espreguicei outra vez.

A resposta "Dormiria melhor com você" chegou até a ponta da língua, mas consegui refreá-la a tempo.