JADE
Conforme os dias iam passando, eu ia me tornando menos superconsciente da presença de Christian do outro lado do vidro que separava as nossas salas, mas ainda sentia aquele comichão na pele quando ficávamos muito próximos, como a estática levantando os pelinhos do braço.
Lívia dizia que isso era tesão, mas eu duvidava. Eu já tinha sentido tesão antes e não era aquilo, embora eu também não soubesse dizer o que era aquela sensação que Christian me causava.
Uma mão agarrou meu ombro e virei, assustada, para encontrar Júlio, um dos estagiários.
Estávamos no corredor, esperando o elevador chegar.
— Ei — começou, completamente alheio ao meu coração ameaçando sair pela boca. — Já sabe o que vai fazer para comemorar o seu primeiro salário? A gente pode sair para comemorar.
— Vou sair com alguns amigos amanhã à noite — contei com um sorriso e dei um passo para trás, impondo alguma distância entre nós.
Dei uma olhadinha furtiva para a tela sobre o elevador que indicava que ele estava no quinto andar.
— Legal — Chris se intrometeu se aproximando de mim com os braços cruzados de modo que seus músculos se destacassem contra a sua camisa social. — Onde vocês vão?
— Ainda não decidimos — admiti. — Talvez comer uma pizza. Ou em um bar, sei lá. A gente sempre se decide na hora.
Chris riu e seus olhos se fecharam daquele jeito muito fofo.
— Sei como é — comentou com os cantinhos dos olhos mais pronunciados. — Meus amigos e eu também somos assim. O que a gente planeja quase nunca dá certo e o que é espontâneo sempre funciona.
— Exatamente! — eu ri sacudindo a cabeça.
Felizmente o elevador chegou logo e praticamente fomos espremidos contra as outras pessoas que estavam por ali.
Eu entendia porque os advogados da firma preferiam sair alguns minutos antes, mas nos faziam ficar até o final do horário: assim eles não precisavam ser espremidos como sardinhas em uma lata com um monte de gente irritada e cansada.
— Ufa — suspirei quando as portas se abriram no térreo e todos saímos como gado.
O vento fresco do fim de tarde foi muito bem vindo e suspirei, feliz. Mais uma semana finalizada.
Um par de braços me envolveu e minha cara foi enfiada contra um peito com cheiro de perfume masculino.
— Até semana que vem — Júlio murmurou.
Me afastei constrangida do seu abraço.
— Até — respondi.
Acenei para os outros meninos também. Tanto Rodolfo quanto Diego e Chris o olhavam como se o rapaz fosse maluco. Eu concordava. Não tínhamos intimidade suficiente para sair nos abraçando assim, no meio da rua.
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Depois da meia-noite [CONCLUÍDA]
ChickLitAs festas de fim de ano não estavam muito festivas para Jade. Ela perdeu o emprego, levou um pé na bunda na véspera de Natal e ainda por cima teria que passar o Ano-Novo ao lado de um casal de amigos que irradiava amor. Determinada a melhorar o ast...