"Perdida na mente, a vibe que sente
Não sei se é ilusão ou real, então
sente
A luz que realça, transcende
E tira a culpa que nasce na gente
Já me falavam que a vida é
Um ninho cheio de bocas abertas
Te esperando como profeta
Mas achei o caminho que livra da
algema, que prende e então
Te joguei no abismo que só me feria
e larguei tua mão
Matar, morrer, viver, sofrer
Mentir, chorar, enganar, pra quê?"- Frequente (mente) - Pabllo Vittar.
[Capítulo 50: Frequente.]
As bandagens banhadas em um preto tom de nanquim estavam espalhadas pela a cama espaçosa do hotel. Algumas gotas do líquido negro eram vistas pelo chão, outras no carpete mas principalmente pelas costas do homem que as tinha.
Nie Huaisang sabia que tudo que passou e ainda passa pelos últimos séculos era obra de seu orgulho e ego. Ali, se olhando no espelho e vendo todas aquelas marcas em seu corpo lembrando o ferro em brasa de tanta dor, dos traços estourados que agora derramavam algum tipo de líquido negro e, como se já não se culpasse o bastante, os desenhos que adornavam seu corpo. Cobras, adagas, flores e ocupando seu ombro estava o lobo cinza segurando entre as pressas uma flor de acónito.
Uma verdadeira ironia, se me permitem dizer.
O Nie sabia que o lobo era a forma que ele tinha como líder de seita. Um líder significa ser inteligente em caçadas e se manter forte e unido para manter sua alcatéia bem, mas toda a imagem era destruída pela maldita flor roxa. Acónito simboliza o veneno, a mentira, palavras banhadas na mais baixa forma de conseguir o que quer: Mentindo. No seu caso, mentindo para si mesmo sobre quem era, e quem amou.
Huaisang rumou ao banheiro de sua suíte, não se importando realmente se sujava o chão ou se suas costas doíam. Na realidade, depois de anos sofrendo já estava acostumado com a sensação das brasas, mas tinha de admitir que quando era a sensação das correntes ele ainda se incomodava.
Era incrível. Incrível como até aquilo os deuses deixaram para se lembrar de Wen Ning. As correntes de quando morreu quando foi escravizado pela Seita Jin e mesmo que Huaisang soubesse de seu estado e chorasse para que ele ficasse bem, o Nie não moveu um músculo para ajudar. E as brasas, serviam para que ele sentisse o fogo que tinham posto sobre seu amante quando este já era General e que acabou por ceifar a vida de Wen Qing.
O último líder lembrava muito bem daquele dia, e como lembrava. Lembrava-se de ver a médica sendo levada até a fogueira acorrentada e suja depois de dias presa. Ela foi amarrada junto a Wen Ning em uma tora de madeira, sendo xingada de todos os nomes possíveis mas em momento algum ela se deixou abalar. Qing manteve o rosto erguido e seu único movimento foi unir seu mindinho ao do General que já nem estava consciente, afinal, Wuxian havia morrido e não podia mais usar sua energia para manter a consciência do cadáver. O fogo começou e a mulher gritou sendo consumida por ele. Um a um os remanescentes Wen tiveram o mesmo destino e de novo, Nie Huaisang não fez nada. Lembrava-se que os Lan e os Jiang tentaram ir contra, mas em vão, a Seita Jin fez tudo as escondidas junto de QingHe.
O imortal se olhou no espelho do cubículo ladrilhado, prestando atenção no seu dorso banhado em um mar negro e podre, vendo seu rosto com a expressão vazia e quase cadavérica. Ele riu ácido e sem vontade.
Malditos deuses sádicos filhos da puta.
O Nie não era burro, conhecia muito bem sua própria maldição e justamente por isso ele sabia que essa sua suposta "segunda chance", foi posta para si para que ele falhasse.
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Circus Game
FanfictionEm uma reencarnação, os irmão Lan continuam com todas as memórias de seus parceiros. Empenhados em acha-los, não imaginavam que um assassinato era o que ocasionaria esse encontro. No entanto, para o sonhando final feliz, teriam de garantir que a tra...