Tecido

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Cada um do trio de Yummeng pertence a uma modalidade no mundo das acrobacias
Yanli: Vai ser uma ginástica rítmica
Cheng: Vai dançar na Lira (explicação no glossário)
Wuxian: Vai dançar no Tecido acrobático

[Capítulo 1: Tecido.]

Residência Wei

15 anos atrás

   CangSan Saren não sabia bem o que fazer. Seu filhinho estava abatido e sem muita animação, coisa que não combinava com sua personalidade animada e forte.

   Wei Ying tinha quatro anos e meio e desde que nascerá, é a própria definição de energia e animação, talvez hiperatividade. A grande questão é que seu menino estava dizendo que se sentia sozinho e que seu pequeno coração estava incompleto. Chorava constantemente porque a angústia sempre crescia.

   - Mama, dói! - O garotinho apareceu na porta do escritório que a Saren tinha em casa. A mulher era uma médica conceituada e bem sucedida, mas quando se tratava de tratar seu filho, não sabia o que fazer.

   - Venha aqui, meu bem. - A mulher de longos cabelos castanhos abriu os braços, chamando o garotinho para um abraço. - Onde dói, meu príncipe?

   - Aqui. - A criança apontou para o próprio peito, onde naquela cabecinha era seu coração.
A verdade era que não era uma dor, era nada.
Exatamente isso, nada. Vazio. Para uma criança de quase 5 anos, era um sentimento pesado demais.

   A mulher apertou o pequeno corpinho em seu colo com força, acariciando os cabelinhos negros que o menino herdará do pai e limpando o rostinho vermelho, rosto este que era idêntico ao seu. Cantarolava qualquer música, visando acalmar sua criam. Seu coração doía, era muito cruel para seu filho e para si.

   Seu marido apareceu na porta do escritório, olhando o filho de forma preocupada, odiava ver seu menino assim. Ele e sua esposa estudaram muito, além de trabalhar muito pra chegar aonde chegaram. Depois de longos 6 anos entre faculdades e mercados de trabalho, se tornaram bem sucedidos. O empresário e a médica queriam dar o mundo a seu filho.

   Wei ChangZe chegou perto dos dois e os envolveu em um abraço protetor, passaram alguns minutos ali até o pequeno Ying parar de chorar. O patriarca da família Wei sentiu uma luz se acendendo em cima da sua cabeça, sorriu para a esposa esperançoso e deixou um beijo estalado nos cabelos do garotinho. Saiu às pressas do escritório da esposa, indo até o seu caçando seu celular. Se a idéia maluca que acabará de ter poderia distrair seu pequeno e ajudar na sensação tão ruim.

   - FeangMin, vou ter de levar meu filho para a área dos treinos. Pode levar A-Cheng e A-Li? - Jiang FeangMin era amigo do Wei mais velho desde o colégio, era de família rica, mais tinha um coração enorme. Quando ambos se reencontraram após a faculdade, FeangMin queria abrir uma companhia circense, o Wei já era dono de uma companhia de dança, então por que não? Se tornaram sócios e suas famílias pareciam ter virado uma só, logo que a primeira filha dos Jiang nasceu, a companhia e seus donos mudaram sua cede para o Reino Unido, mais precisamente, na região da Escócia. No início foi complicado pelo temperamento difícil da senhora Jiang, mas foi só questão de dias para Madame Yu e CangSan se tornarem amigas inseparáveis e mais tarde, seus filhos se tornarem irmãos.

   A idéia era que o pequeno Wei visse como o mundo do circo era mágico e talvez, se interessasse por ele. A filha mais velha dos Jiang, YanLi era uma bailarina de fita talentosa com seus poucos 8 anos. O filho mais novo, Jiang Cheng era um aspirante a acrobata de Lira¹, com seus 6 anos era apaixonado pelo "mundo mágico". Era quase um pedido aos céus que desse certo, já não sabiam mais o que fazer.

  Uma hora depois, o Volvo preto do senhor Wei estacionou em um tipo de estádio de pequeno porte. O homem na guarita saldou a família com um sonoro e simpático bom dia, enquanto entregava os crachás. Dois visitantes para a esposa e ao filho e um de chefe ao homem. O lugar era grande e amplo, repleto de aparelhos de ginástica e pessoas dançando com fitas, era um show de graciosidade, mas nada que realmente chamasse atenção ao pequeno menino.

   - Tio Jiang! - O garotinho correu aos braços do homem sorridente, seu padrinho. O homem o recebeu com muita alegria, adorava crianças, principalmente os da sua família.

   - Olha só você, A-Ying. Seu papa me contou que estava se sentindo mal, ainda dói?

   - Vem e volta, Tio Jiang. - Ele apontou os dedos gordinhos para si, como fizera para sua mãe. - Mama falou que o Tio e a Tia vão ajudar.

   Neste momento, a senhora Jiang apareceu com um pequeno Cheng, com grandes bochechas rosadas e dedos gordinhos. A mulher estava empolgada pelo marido ter dito que o pequeno Wei testaria o mundo do espetáculo. A verdade, era que ela e CangSan conversaram muito sobre os filhos, já que as vezes A-Cheng se sentia perdido, mas quando brincava com seus cachorros ou quando ia a Lira, ele se sentia feliz.

   - Nos vamos fazer o que puder, A-Ying. A-Cheng, por que não mostra a surpresa pra ele? - A mulher empurrou levemente o garotinho de 6 anos, enquanto FeangMin punha Ying no chão. Ambos se abraçaram na mesma hora, não era surpresa pra ninguém que ambos se amavam como irmãos.

   Cheng e Ying foram correndo até uma parte mais distante da entrada, uma sala que lembrava um picadeiro e uma grande faixa de liganete² presa no teto. Haviam uma moça se enrolando e dançando sobre o tecido de cor rosa.

   Naquele momento, os pais do jovem Wei viram os olhinhos cinza brilharem pela primeira vez. Seu menino achou uma paixão.





🌟 Glossário:

Lyra / Lira: No mundo do trapézio, Lira é uma modalidade onde o acrobata se pendura em alguma forma geométrica, as vezes um cubo, um quadrado, mas quase sempre é um círculo. A autora diz que pensou no círculo para o Cheng
Liganete: É o nome daquele tecido onde os acrobatas se penduram e se enrolam.

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