Fragments

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"Não quero me suportar, quero me
apaixonar pelos meus pedaços".

- Ryane Leão.

[Capítulo 7: Fragmentos.]

Destinados se completam, uma mesma áurea pertence a duas pessoas, as vezes tão diferentes, mas que juntas encontram a perfeição, juntas. Quando uma tragédia avança no caminho dos destinados, ceifando uma das vidas, ou as duas, o laço que as une se parte, deixando sequelas internas ou externas em alguém. Desde pesadelos, até possíveis memórias corporais do que tirou sua vida.

Wei Ying não provocava as pessoas para se insinuar, não tinha vontade disso, pra falar a verdade, foram poucas as pessoas que despertaram seu interesse, mas nunca durava muito. Não sentia nada. Mas com o detetive foi diferente! Cada célula de seu corpo pedia para que tirasse aquele homem tão belo do sério, tanto, que ao ver as orelhinhas vermelhas se sentiu realizado.

Depois que Jiang Cheng chegou em casa, foi recebido a sapatadas pelo Wei. Jogou tênis, chinelos, até a pantufa de coelhinho que o mais novo tinha nos pés foi arremessada contra o Jiang. E claro, muitos xingamentos. Até YanLi, que não era adepta de violência, ameaçou o Jiang mais novo caso ele desse um susto desses mais uma vez.

Quando tudo se acalmou, comeram ao som de risadas e piadas, até Ying comentar sobre os detetives e como o mais novo era lindo. Esse tópico chamou a atenção de ambos os Jiang. Se prestassem mais atenção, os dois garotos teriam notado que YanLi tinha um rosto com muita felicidade, como se soubesse de alguma coisa que os outros não soubessem, mas obviamente, não prestaram. Jiang Cheng, por sua vez, se perguntava porque o Wei não lembrava do Lan mais novo. Ele lembrou de Xichen no momento em que o viu, com muita dor mas lembrou!

Quando o jantar foi findado, o mais novo se dirigiu ao próprio apartamento, depois de se despedir dos irmãos. Wuxian rezava para que Subian não tivesse destruido nada em sua ausência, aquele gato era tão hiperativo quanto o dono. Tudo transcorreu normalmente, ele se deitou na cama de seu quarto, ligou a TV e passou a acariciar o gatinho deitado em seu peito.

Subian já estava dormindo no espaço vazio da cama de casal, quando o Seu começava a ser levado pelo sono. Sentia as pálpebras pesadas, sendo atraídas para baixo gradativamente. Perto de se entregar ao sono, um grito foi ouvido. Parecia alguém em pânico, completamente entregue ao medo, era alto e fazia seus ouvidos doerem.

O susto foi tão grande, que o garoto levantou assustado e olhando para todos os lados, mas nada estava fora do lugar e não havia barulho nenhum, além dos resmungos baixinhos de Subian por ter sido acordado pelo dono. Wuxian levantou da cama, ainda apreensivo, e passou a andar pelo apartamento. Aquele grito foi tão próximo, quase como se a pessoa estivesse em sua casa.

Andou lentamente pelo corredor e parou na sala, vendo se havia algum sinal de qualquer um que não fosse ele. Nada. Silêncio. Vazio.

- Está ficando louco, Wei. - Ele dia de si mesmo, claramente achando ridículo toda aquela preocupação.

Seu sorriso murchou quando escutou algo. Não era um grito, eram vários. Pessoas desesperadas, implorando por ajuda, crianças chorando alto e junto aquele cheiro horroroso, sentiu o apartamento quente e abafado. O cheiro de queimado se fez presente, mas aquilo não era o bastante. Em sua frente, via muito fogo e pessoas correndo para todos os lados, via a si próprio correndo ali, gritando algo que não escutava.

Wuxian sentia medo, gritava e tentava fechar os olhos querendo que aquilo parasse. Escutou um choro próximo e quando abriu os olhos, viu a si próprio chorando sobre alguém.
Um estalo alto e quando viu, estava soterrado pelo teto. Escuro, foi a última coisa que viu antes de apagar.

Jiang Cheng e Jiang YanLi esmurravam a porta do apartamento do irmão, gritavam por ele, mas não eram respondidos. Escutavam ele gritar lá dentro, mas ele não abria a porta. Estavam indo se recolher quando os gritos começaram, no início pensavam ser na rua, mas ouviram a voz de Ying pedir socorro. Não esperando mais nenhum segundo, ambos correram até o apartamento da frente, tendo certeza dos gritos.

Entre chamados e desesperos, silêncio foi ouvido, nem um murmúrio vinha da casa. Jiang Cheng então, chutou a porta perto da maçaneta, a arrombando e assim dando passagem para a casa do Wei.

Ambos irmãos se assustaram com o que viram. Wei estava jogado no chão, desacordado, com uma pequena poça de sangue proveniente de seus ouvidos e nariz. O desespero foi imediato. Cheng se aproximou do outro sem toca-lo, tentado chamá-lo, sem sucesso. YanLi foi rapidamente até o telefone residencial e chamou uma ambulância, pedindo desesperada para que viessem logo.

10 minutos depois, puderam ouvir as sirenes, a mulher que tinha ido para a portaria esperar o carro, apareceu na porta junto com dois homens usando branco e segurando uma maca. Wuxian foi retirado do chão, e imobilizado na maca, sendo levado até a ambulância. YanLi foi junto aos paramédicos, já Jiang Cheng correu até o próprio celular ligando para os pais do Wei, já com lágrimas nos olhos.

Contou a ChangZe o estado em que acharam o Ying, escutando pela primeira vez, o Wei mais velho em desespero. Quando a chamada se encerrou, Jiang sabia que aquilo foi a mesma coisa que aconteceu consigo. As lágrimas ainda sujavam seu rosto. Não sabia o que fazer.

Cheng correu até seu apartamento, colocando o tênis de corrida que estavam na porta de entrada e correu até a casa rústica que ficava em paralelo a sua faculdade.

Ao chegar a porta da casa de dois andares, bateu desesperadamente na porta, consegui escutar passos apressados ecoando pela sala e logo um Lan Huan com o rosto amassado de sono abriu a porta. Ao fundo da sala, Lan Zhan via o que acontecia de longe.

- A-Cheng? - Huan viu as lágrimas no rosto do marido e sentiu o sangue gelar. Logo sentiu o outro lhe abraçando.

- A-Ying foi pra emergência. - As lágrimas desciam pelo rosto molhando a blusa moletom do outro - Eu-Eu acho que ele lembrou de alguma coisa-a.

- O quê!? - Lan Zhan interropeu a cena. Sentindo o coração apertar. Meu Deus, de novo não! - O que houve?

Lan Huan puxou o outro para dentro da casa, ainda o embalando entre os braços. Sabia que o irmão ficou exaltado, mas seu A-Cheng estava inconsolável. Sentarem no sofá até Jiang Cheng se acalmar.

- Nos jantamos juntos, mas depois ele foi pra casa. 30 minutos depois eu e YanLi escutamos gritos do apartamento dele.- As lágrimas voltaram a descer pelo rosto marcado do Jiang - E-Ele gritava pedindo socorro, pra t-tirarem do fogo, gritava "Lan Zhan" e "A-Yuan". Eu e YanLi batemos na porta e gritamos pra ele abrir, mas não tivemos resposta. Eu arrombei a porta e... - Jiang pôs as mãos no cabelo, angustiado e tentado parar de chorar copiosamente - Ele estava de-esmaiando no chão, tinha sa-ngue - Xichen o trouxe de volta para o seu peito, sussurrando palavras de apoio para o mais novo.

WangJi sentiu as pernas falharem, o coração parecia querer falhar. Sem notar, também tinha lágrimas descendo por seu rosto. - Qual hospital, Wanyin?

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