Circus Game

Numb

"Quando nos conhecemos, eu não era eu
Eu estava entorpecido, sim, eu estava tão sozinho
Em fuga, eu não era livre
E você chegou, mas você não poderia me salvar."

- LAUV, Julia.

[Capítulo 53: Entorpecido.]

2:35 A.M.

O carro com os detetives com os olhos diferentes tons de dourado corria pelas ruas um tanto vazia de Edimburgo. Ironicamente a noite quente de primavera se encaixava naquele belo clima tenso e angustiante pois a neblina cobria onde os olhos do irmão mais velho percorriam enquanto dirigia.

A adrenalina ligada ao desespero e unidas a sensação de medo comrrompia o bom senso, afinal estavam sendo perseguidos pelo carro vermelho e de vidros fumê de um negrume tão intenso que se era possível ver o reflexo das casas e da rua ao redor. Já se foi perdida a conta de quantas ligações perdidas haviam em seus telefones de seus respectivos maridos e companheira de trabalho, mas mal se tocaram que os aparelhos estavam a tocar. Não era a prioridade no momento.

A realidade é que após a estado catatônico de ambos os jovens sobre custódia foram levados as pressas para um hospital em ambulância separadas enquanto um deles recebia massagem cardíaca após um infarto fulminante. Ian Logan estava inconsciente enquanto Douglas permanecia em choque e em seu estado catatônico. Nenhum dos dois garotos explicou o que seus filhos ou sobrinhos tinham a ver com tudo aquilo e num momento de desespero enquanto WangJi ouvia a conversa dos Nie com o casal Lan-Jiang, Xichen ligou as pressas para MingJue querendo explicações para tudo aquilo quando ambos os irmãos asseguraram que os juniores ainda não haviam reencarnado.

Zifen-Jun passou o telefone ao imortal sendo totalmente contaminado pelo medo das crianças estarem sofrendo e de forma calma e sem nenhuma preocupação o último Líder do Reino Impuro sugeriu que todos se acalmassem e que o próprio Huaisang iria encontrá-los e provar que as três crianças ainda não estavam entre eles.

Seguindo a tentativa de esperança os irmãos seguiram a ideia do Nie imortal e se encontraram em um parque local, sem nem se tocar que já estava consideravelmente tarde e que ainda não haviam dado notícias a seus parceiros. Enquanto a conversa fluía e Huaisang explicava que haviam hierarquia e que certas almas ainda precisaram ser expurgadas, como XuanYu e LingJiao, para as crianças terem passagem livre Lan Zhan pode visualizar e sentir uma energia ressentida poderosa em seu encalço.

Encostado em uma árvore de carvalho praticamente moribunda estava alguém, ou algo que o ex-cultivador não soube dizer o que realmente era. Não via rosto, corpo ou sequer movimentos, não havia algo sólido mas havia alguém ali e o Lan sabia disso. Aquilo atraiu a atenção dos demais, a partir dali tudo foi rápido demais para ter lembranças claras.

Huaisang os mandou saírem dali o mais rápido possível e ainda não voltarem até seus maridos e cunhada, pois aquilo queria reaver as mortes passadas. Ao entrar no carro e seguirem um rumo aleatório receberam uma forte batida em sua traseira graças a um carro vermelho e suspeito.

Isso nos trás a situação atual: Onde Xichen dirigia pelos arredores da cidade quase chegando onde um dia fora a área industrial, dirigindo por entre os destroços de casas e fábricas vendo pelo retrovisor o carro ficar cada vez mais próximo e dar outra guinada em seu veículo. Antes que pudesse receber outra batida, o detetive mais velho trocou a via escutando os pneus gritarem e vende seu irmão se segurar durante a manobra brusca. Em uma volta perfeita o Lan retornou pelo caminho voltando a cidade. Ficar em um lugar tão afastado não seria inteligente, se alguma coisa lhes acontecesse levaria horas ou dias até descobrirem que estavam ali.

- Huan, cuidado! - Zhan disse quando novamente o carro chegava perto. O Lan mais novo retirou a 356 Magnum de seu transportador e a engatilhou enquanto tentava ver se daquela distância conseguia acertar os pneus do carro perseguidor. - Quando eu disser que pode deixe ele chegar mais perto. - O mais novo disse ao soltar o cinto e ir ao banco de trás do veículo. Se posicionando no banco atrás ao do passageiro, WangJi respirou fundo e abriu o vidro blindado. - AGORA! - Xichen reduziu minimamente, mas levando em conta a velocidade de ambos os carros ocasionou em uma diferença gritante.

Em segundos o carro vermelho se aproximou o suficiente para o homem de olhos dourados conseguisse descarregar quatro balas contra ele. Duas acertando o pneu aparentemente novo, uma no capô do automóvel e uma única que atravessou o vidro em que servia para o motorista dirigir o veículo. Inesperadamente a porta do motorista foi aberta e de lá Wang LingJiao desceu do veículo portando uma calibre 22 e mirando em direção ao carro de ambos os Lan. LingJiao não tinha uma boa mira e ter seu ombro esquerdo atingido pelo tiro do Lan mais novo não ajudava em nada, maldito corpo humano inútil. Mas, a descarga de seu pente foi suficiente para atingir ambos os pneus. Quem liga para ordem de morte? Contanto que morressem de uma vez, não estava nem aí.

- WangJi, se abaixe! - O próprio mais velho seguiu seu conselho, só podendo ver seu caçula se encolher no banco traseiro. Os vidros eram blindados mas a adrenalina era maior. Xichen alcançou seu rádio e logo apertou em um dos botões de chamada, avisando de forma desordenada que estavam sobre ameaça e precisavam de reforço na área industrial.

As balas haviam parado e só se podia ouvir o som do tambor da arma descarregada avisando que não havia mais munição. Um repetitivo 'tick, tick, tick'. Aquele era o momento de agir! Por estar mais solto, Zhan abriu a porta do carro e saiu cuidadosamente enquanto mirava a arma para a mulher, Xichen veio logo atrás segurando uma ponto 40 e dando suporte a seu irmão.

LingJiao parecia tremer de raiva, segurando a arma vazia mas mãos com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos e sua palma vermelha. Seu ombro sangrava, manchando o tecido branco de seu vestido justo e decotado, os saltos meia pata nude mas com pedra brilhosas estava com poucas gotas do sangue da mulher. Os cabelos desgrenhados pela ação recente e a maquiagem totalmente borrada, em especial o batom que manchava a boca e parte do queixo.

Vendo o estado do braço da mulher Huan pôs sua as no suporte novamente, até que fez o mais novo engatilhar a sua automaticamente, sem nem piscar ao olhar a Wang. Zewu-Jun se aproximou e a inviabilizou, arrancando a manga longa do vestido que um dia fora branco ali, enrolou a ferida com o pedaço de tecido o mais apertado que pode tentando fazer pressão na ferida.

- Quanta força, Líder Lan. - A mulher comentou enquanto sentia seu ombro e parte do braço sendo enfaixados. - Lans fazem jus à fama. - Jiao sorriu descarada e gargalhou quando WangJi ficou notavelmente irritado, assim como Huan. - Mas estou curiosa, durante o sexo é com força ou com mais carinho? - Vendo Xichen não abriria a boca a pergunta foi feita aos olhos dourados que queimavam em sua direção em um brilhante ódio. Viu Zhan dar um sorriso ladino e engatilhar a arma novamente.

- Depende de como meu marido quer. - A resposta do caçula deixou Xichen com um sorriso pequeno e LingJiao com uma carranca aparente.

Poucos segundos depois as sirenes e as luzes da polícia apareciam no horizonte. Obrigando os irmãos e revirarem os olhos ao verem o Major Stevam na qual liderava os outros.

- Se nossa vida dependesse dele já teríamos morrido. - Lan Zhan disse ainda apontando a arma para a refém e enfim capturada Wang.

- Antes ele que Rudolph e sua mine cópia. - Huan comentou com asco do mais velho, porém, mesmo que o filho não fosse como o pai notavelmente mais limpo, aquele mine asco não lhe dava boas sensações. Não podia e não queria confiar nele. Ele virou o rosto para a mulher sentada no chão com o braço enfaixado e as mãos algemadas na frente do corpo. - Temos muito o que conversar, LingJiao. - Xichen olhou seu relógio de relance percebendo ser mais de quatro da manhã e que ele e o irmão não deram sinal de vida desde a tarde anterior.

- Wei Ying vai me matar. - Zhan comentou logo depois de acompanhar o olhar do irmão e entender que já estava tarde.

- Jiang Cheng vai acabar comigo. - Huan disse melancólico. Estava mal, muito, muito mal.